Capítulo 4

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"A traição supõe uma covardia e uma depravação detestável

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"A traição supõe uma covardia e uma depravação detestável." - Paul Henri Holbach


Dinesh parou de se importar com a própria família e começou a andar com a pequena "gangue" do colégio. Eles batiam em falsos valentões e também cobravam o dinheiro do lanche de alunos dedicados, como uma gorjeta pelo serviço que faziam. O diretor não desconfiava dos quatro alunos pois o Dinesh usava a sua inteligência acima da média para formular planos infalíveis, além de os isentarem de qualquer culpa. Em pouco tempo, todos os estudantes respeitavam o grupo e o índice de bullying diminuiu consideravelmente.

Conforme se tornavam mais próximos, decidiram se encontrar fora da escola e começaram a se reunir na praça da cidade ou em um galpão abandonado. Arjun se comportava como o líder do grupo, sempre sendo o primeiro a falar e comandando os outros três, mas os demais sabiam que o Dinesh era o "cabeça" de tudo.

Segundo as concepções do Yamir, Rehan não parecia ser alguém confiável pois andava pelos cantos desconfiado, como um rato pronto para roubar o queijo. Além do mais, ele possuía o péssimo hábito de puxar saco de quem obtivesse vantagem, independentemente do lado em que essa pessoa estivesse. E, por final, Niyati agia por contra própria e só obedecia as ordens do Dinesh, lançando um olhar de canto em sua direção a cada oportunidade dada. No fundo, o garoto sabia que ela tinha uma leve queda por ele, porém deixou de lado porque não tinha interesse em relacionamentos.

Os quatro se reuniam no galpão ao final da aula para debater assuntos aleatórios ou apenas assistir algo no celular do Arjun. Às vezes, Rehan aparecia com alguns doces, roubados da mercearia do tio dele. Pela primeira vez, Dinesh não sentiu a pressão de ser alguém "perfeito" pois todos ali presentes tinham mais defeitos do que se podia imaginar. Por isso, esse ambiente tornou-se aconchegante e ele chegou a considerar os seus amigos como uma segunda família.

Por sorte, os seus pais não notaram a demora do filho para voltar para casa. Na verdade, eles estavam preocupados demais em ensinar o Kiran as primeiras palavras, mesmo o bebê ainda sendo novo demais para conseguir dizê-las, mas a sua risada desajeitada era o principal motivo da insistência deles.

E, nesse ritmo, um ano havia se passado rapidamente.

Em um dia ensolarado, os quatro estavam sentados no interior do galpão abandonado jogando conversa fora, após o celular de Arjun ter descarregado.

— Que dia chato!

— Nem me fale.

— O que podemos fazer? — comenta Niyati encarando os buracos no teto do galpão.

— Podíamos ir à feira.

— Sai fora, Rehan. Nós já fazemos isso quase todos os dias, deve haver algo melhor para fazer.

— Então dê uma ideia, Arjun!

— Sem briga, meninos.

— Podíamos invadir a piscina do vizinho do Arjun. Se não me engano, ele está viajando.

O filho perfeitoWhere stories live. Discover now