homo sapiens x outros animais

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Geralmente os escritores do meio científico ao falar sobre a relação entre humanos e outros animais tidos como inferiores (talvez, amada leitora, você não se lembre, mas a nossa espécie também é animal) iniciam seus textos dando grande protagonismo a sua própria espécie e apresentam as outras espécies como meros coadjuvantes escravizados destituídos de qualquer subjetividade. Isso não será feito aqui porque acredito que o ideal seja começarmos trazendo mais para perto essas espécies, contando para você histórias fenomenais de empatia, inteligência e malandragem. Para que só depois possamos entrar nas tristes estrofes que nos aguardam.

Okay! você já ouviu ou recebeu no WhatsApp diversas histórias sobre o companheirismo dos cachorros para conosco, sobre gatinhos que mantinham em segredo duas casas, dois nomes e dois "donos", e sobre papagaios que assobiam o hino do Flamengo. E provavelmente, caro leitor, tu até tenhas uma dessas espécies em casa pois uma construção social ocidental te levou a naturalizar a vida e o bem-estar desses animais enquanto negligência todos os outros e os trata como meros alimentos/objetos incapazes de ter consciência de si e consciência de mundo. E em função disso, acredito que você ainda não ouviu falar sobre um cavalo alemão que responde quanto é 21 - 12, estou certo? E sobre um chimpanzé sueco que se diverte jogando pedras em turistas?

A primeira história se passou no início dos anos 1900 na Alemanha. Um cavalo chamado Hans Esperto impressionou todo um país por ser capaz de responder perguntas matemáticas batendo a pata no chão. Quando perguntado sobre 2+2 ele batia a pata 4 vezes, por exemplo, e o público ia ao delírio! Diversos profissionais de áreas distintas foram chamados para tentar desmascarar uma possível farsa por parte do "dono" de Hans, mas mesmo na ausência desse "dono" o cavalo seguia respondendo corretamente. Em 1908 um psicólogo descobriu que Hans não era um fenômeno da matemática, mas sim da capacidade de distinguir e analisar expressões faciais e comportamento humano. Aquela criatura vista meramente para fins de locomoção humana era uma verdadeira pioneira no que o Vitor metaforando faz. Enquanto metaforando analisa expressão facial e comportamento para encontrar mentiras, o Hans analisava para saber quando estava perto de acertar o número de batidas com a pata (quando via rostos entusiasmados e comportamentos ansiosos) e quando tinha acertado (ao ver sorrisos de felicidade, gritaria e pulinhos cerelepes).

Podemos dizer que esse animal não é inteligente e merece passar a vida puxando carroça? 100 depois do Hans ter nos mostrado a inteligência dos cavalos a espécie dele continua escravizada a mercê de fazendeiros incapazes de através da análise da expressão facial e comportamento responder quanto é 4÷2 a uma pessoa que não fale sua mesma língua.

Podemos dizer que esse animal não é inteligente e merece passar a vida puxando carroça? 100 depois do Hans ter nos mostrado a inteligência dos cavalos a espécie dele continua escravizada a mercê de fazendeiros incapazes de através da análise da ex...

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A segunda história dos ditos "animais inferiores" que tenho para contar se refere ao período mais recente dos anos 2000 e se passou em um zoológico na Suécia.
Um chimpanzé chamado Santino decidiu acabar com as horas de tédio sendo olhado por humanos bisbilhoteiros de uma maneira divertida: jogando pedras neles. O processo se deu da seguinte forma, pela manhã, antes da chegada dos visitantes, o Santino começava a agrupar as pedras que seriam arremessadas neles para que quando chegassem ele não tivesse dificuldade em achar as pedras. Após inúmeros turistas zangados reclamarem a administração do zoológico passou a desfazer o amontoado de pedras do chimpanzé antes da chegada dos visitantes. A resposta do contrariado Santino não demorou a vir e ele passou a esconder as pedras debaixo de palhas ou no tronco das árvores para que pudesse continuar espantando os bisbilhoteiros. Estamos falando aqui de um chimpanzé que ELABOROU planos para o futuro e conseguiu executar com maestria.

Você consegue olhar para esse animal e dizer que ele não é auto-consciente?  Que ele é apenas um ser inferior que não entende nada? Então porquê esses caçadores invadem as florestas e matam esses animais sem piedade? Porquê se permite que façam queimadas nas florestas em que esses chimpanzés vivem?

Você consegue olhar para esse animal e dizer que ele não é auto-consciente?  Que ele é apenas um ser inferior que não entende nada? Então porquê esses caçadores invadem as florestas e matam esses animais sem piedade? Porquê se permite que façam qu...

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Se permite essas atrocidades sob o pressuposto falso da superioridade humana e da total servidão dos animais perante nós. Ambos argumentos foram introduzidos por livros religiosos como o antigo testamento que, entre outras barbaridades, nos apresenta diversos sacrifícios animais que supostamente fariam Javé mais feliz. E são sustentados até hoje pela ignorância. O cidadão médio demonstra não se preocupar em provocar mudanças no mundo em prol das espécies mais indefesas pois o mundo vem sendo assim há tanto tempo, pra quê mudar? Além disso, a maldade a qual submetemos os outros animais nos revela a nossa maldade e o nosso egoísmo, duas questões incongruentes com a nossa auto-avaliação de que somos criaturas boazinhas às quais um deus misericordioso estende sua graça e suas bênçãos. Pode o humano que assassina outras espécies sem motivo de sobrevivência pela manhã, deitar-se á noite e cobrar de uma entidade mística que o conceda saúde? Pode. Mas, se esse ser mistico existe, o humano acredita REALMENTE que ele está satisfeito conosco?

Se somos bons, pq produzimos sofrimento a outra espécie?

Se deus criou outras espécies pq ele nos amaria sendo nós os maiores assassinos do planeta?

Se um dos mandamentos é claro ao dizer "não matarás." Pq matamos animais?

Se essa figura superior a quem chamamos de "deus" tem noção do sofrimento e da auto-consciência das outras espécies animais e acredita ser justo que a espécie humana cometa essas atrocidades, então esse deus não é tão generoso quanto se diz, não?

se deus existe, ele odeia o homo sapiensOù les histoires vivent. Découvrez maintenant