Capitulo 14

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— hoje não tem jeito, vou ter que ir na clínica pra assinar uma papelada— paro na frente do Rodrigo que me olha com uma expressão preocupada

— eu vou te levar e te buscar, vou fazer uma tapioca pra você levar e comprar água de côco. Não fica muito tempo em pé pra não ficar com a perna inchada e eu vou comprar e mando entregarem a meia de compressão lá— ele segura meu rosto entre as mãos, falava de uma forma preocupada mas extremamente fofa. Fico encarando o meu zagueiro e um sorriso escapa dos meus lábios. Levo minha mão ao seu rosto e esfrego meu polegar em sua bochecha. Ele fecha os olhos e solta um suspiro pesado antes de colar nossas testas.

— amo quando você cuida da gente... — o Rodrigo abre os olhos e me encara— vai ficar tudo bem, eu vou ficar sentada com os pés pra cima— minha voz sai suave e vejo ele ficar um pouco mais tranquilo—prometo que vou ficar na minha sala com os pés pra cima até você chegar..... qual é amor? Eu tenho que te tranquilizar se não o Gabriel vai sair do treino aleijado— ele solta uma gargalhada e beija minha testa em seguida

— desculpa se eu estiver exagerando, é só que eu me preocupo com vocês três

— tá tudo bem, ok? Agora vai fazer minha comida que eu vou trocar de roupa!

— cuidado na hora de subir as escadas— ele grita indo pra cozinha

— um por um, bem devagar— quando finalmente chego no quarto tomo um banho rápido e coloco um vestido confortável. Pego tudo que eu precisaria e desço as escadas na velocidade de uma tartaruga

— tá tudo aqui— ele levanta uma bolsa térmica ao me ajudar a descer o último degrau— eles já acordaram?

— ainda não, eles são preguiçosos igual a mamãe— passo a mão pela minha barriga e vejo o Rodrigo sorrir
Ele dirige até a clínica e me leva até a minha sala.
— qualquer coisa me liga, Mariana!

— eu sei...— falo contra os lábios dele que sorri—acordaram!— falo animada e coloco a mão do Rodrigo na lateral da minha barriga onde um deles chutava— acordaram pra da tchau pro papai!

— oi meus amores— era só o Rodrigo falar que os dois chutavam como se estivessem em um jogo de futebol— eles tão chutando né?— ele beija minha barriga e sorri bobo, meu peito aquece. Ele já era um paizão e eu me sentia muito sortuda por ter ele só pra mim.

— aaaaau, minha costela não criatura— sinto a fisgada e levo minha mão pro local que doía, o Rodrigo me ajuda a sentar e por mais que doesse eu sorria— sei que vocês são doidos pelo papai mas chutar a costela da mamãe é maldade!

— eles já me amam né?

— é claro que eles já te amam.... você é um pai incrível— ele balança a cabeça e suspira, esse era realmente o sonho dele— eu também te amo, tá?

— tá carente, girassol?— ele se inclina na minha direção e não perco tempo em beijar ele— eu já disse que você tá muito gostosa esses dias?— ele desce os beijos para meu pescoço e sinto meu corpo arrepiar

— aí se você não estivesse atrasado, zagueiro— mordo o lábio inferior dele que sorri

— mais tarde.... amo vocês!— ele me dá um selinho antes de sair correndo.

Depois de muitas horas entediada ali finalmente a papelada chega e eu assino os papéis, a Clara me liga e diz que uma das clientes quando soube que eu estava aqui pediu pra falar comigo. Não entendi muito bem o porque mas provavelmente era pra parabenizar e falar sobre os protocolos ou alguma sugestão.
Eu faço um esforço pra não parecer tão chata mas os enjoos e a dor nas costas realmente não colaboravam, qualquer posição parecia extremamente desconfortável. Me ajeito na cadeira e respiro fundo antes de gritar um pode entrar e segurar um sorriso no rosto.
— dá licença— assim que a Tayane passa pela porta sei que não vem coisa boa por aí

— Tayane?— encaro a mulher que senta na cadeira a minha frente com um sorriso que exalava falsidade

— tudo bom, Mariana?

— o que você tá fazendo aqui!?

— só te da parabéns pela gravidez e pela clínica que é incrível!— eu começo a me irritar com a simpatia exagerada da mulher a minha frente

— se era só isso....

— na verdade eu quero dizer que eu te entendo.... duas mulheres que sofreram no ambiente de trabalho machista e deram a volta por cima com o seu próprio trabalho— o sorriso de lado me faz ter certeza de que tem algo ai— a diferença é que eu sou uma pessoa com valores

— você veio até a minha clínica pra me ofender?— levanto da cadeira e ela parecia satisfeita com a minha irritação pois encosta na cadeira e sorri— pera aí, como você sabe disso?

— o Rodrigo não te contou?— eu estava confusa e ela dá uma risada— oh meu deus, você não sabe!

— vai falar ou vai ficar rindo?

— eu e o Rodrigo nos encontramos depois que você viajou e ele me contou tudo...

— foi você.... meu deus, foi você!

— quando o Rodrigo me contou o que você fez me senti na obrigação de alertar o Flamengo

Encaro a mulher a minha frente perplexa, esse tempo todo foi ela, e eu coloquei a culpa no Rodrigo. O pior é que ele sabia que poderia ter sido ela e não falou nada. Ver a satisfação no rosto dela me pega desprevenida, meus olhos começam a arder e sinto meu coração acelerar.
Meus pensamentos se voltam pros meus filhos e rapidamente trato de me acalmar, ela queria me tirar do sério e eu não podia cair nessa por eles. Fecho os olhos e levo as mãos pra minha barriga, me concentro na minha respiração enquanto tento pensar neles.

— sai daqui Tayane— abro os olhos e vejo que ela me encarava

— não terminei ainda, Mariana!

— vamo pra casa, girassol!— o Rodrigo invade minha sala com um sorriso que some assim que ele me olha— que cara é essa, girassol?— ele me abraça e apoio meu rosto no peito dele— você tá tremendo, Mariana!— ele olha pra Tayane e depois pra mim

— Bom dia, Rodrigo— ele se afasta de mim e parece entender que meu nervosismo tem haver com ela.

— eu vou te avisar só uma vez Tayane— a voz dele era furiosa e vejo o olhar confiante e debochado da Tayane vacilar— fica longe da minha família, qualquer coisa que acontecer com os meus filhos e a minha mulher vão estar na sua conta a partir de agora e acredite que eu iria até o inferno atrás de você!

— Rodrigo...

— vai embora daqui! Eu espero que você nunca mais coloque os pés aqui pro seu bem— eu podia ouvir o ranger dos seus dentes, a mulher que entrou aqui como uma cobra sai como uma lagartixa com o rabo entre as pernas. Ela levanta e após ajeitar seus cabelos sai dali, o olhar dele se volta pra mim— você tá bem?

— pega a água pra mim?— aponto pra garrafa e bebo três goles— eu só quero ir pra casa...

— desculpa por isso...

— porque você contou pra ela, Rodrigo?— ele desvia o olhar do meu antes de esfregar os cabelos.

HapinessWhere stories live. Discover now