☸initium

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A brisa marítima, os sons estonteantes que o mar se dispunha a fazer, ondas se quebrando em pedras e finalizando-se na imensa praia. O sol no horizonte, a sensação dos pequenos grãos de areia sob seus pés e  um sorriso feliz.

Era assim que Jungkook se sentia, feliz. Era tão bom acordar todos os dias de manhã, poder saber que bastava atravessar a porta e daria de cara com a vasta imensidão do mar azul. Assim que o garoto sentou-se na areia, respirou fundo, puxando toda aquela calmaria do mar para si mesmo e mesmo estando no seu lugar preferido do mundo todo, uma pequena parte de si chorava em silêncio.

Seu único e verdadeiro amor se foi novamente, era sempre assim, uma gangorra de sentimentos, idas e vindas, ele não só amava o mar por passar calma mas amava o mar pois não sabia nem da metade do se escondia nele, seu amante de noites vagas era a prova viva disso.

Vamos do começo, quando toda essa confusão começou, quando marinheiros em seus imensos navios se aventuravam nos perigosos e inexplorados mares, quando seres míticos tinham mais força sobre o nosso mundo. Quando o mar era um lugar cheio de mistérios.

Em algumas centenas de anos atrás, um navio com velas tingidas do azul mais formoso, a madeira escura ébano, os canhões de ferro postos no convés, passos para lá e cá, o cheiro de maresia e alguns tripulantes do navio mercante do rei que vomitavam no mar. Estava escurecendo, a tripulação se preparava para soltar a âncora e atracar no meio do mar aberto, uma decisão tomada pelo capitão.

A noite caía devagar e os marinheiros se acalmavam e se preparavam para descansar depois de longos dias de viagem, para pelo o menos chegarem à costa da África e carregarem o navio com toneladas de verbena em pó e líquida. A verbena era originada de Portugal, os portugueses a traziam para África, onde havia a escravidão negreira que produzia em grande escala o pó e o líquido que eram usados para fins governamentais da época. A verbena continha propriedades desconhecidas para alguns, mas para as pessoas que se diziam bruxas, mães da natureza, a verbena era mortal. Bom, isso era o que diziam as místicas e misteriosas mulheres. O rei que comandava as províncias da Coréia, necessitava de quantidades absurdas de verbena, então eram enviados navios para a busca de tal mercadoria.

Alguns desses navios não voltavam.

Cada navio mercante fazia rotas diferentes, porém muitos optavam por cortar águas indo por um atalho, atalho esse que atravessava mares profundos do oceano Índico. Alguns supersticiosos dizem que eram criaturas quilométricas, com dentes que rasgavam metal como papel, que dormiam nas profundezas apenas a espera de canções de marinheiros para pegá-los e se alimentarem dos mesmos. Já outros seguiam canções de seus avós e pequenos relatos de criaturas com vozes belas e sorrisos tão doce que te arrastam para o fundo de seus pensamentos e do mar, os afogando e se alimentando do falso amor dos humanos por si, belas criaturas com uma beleza angelical que quando se atravessava a linha d'água se tornavam criaturas horrendas.

O navio agora se encontrava atracado e silencioso, cerca de três pessoas estavam acordadas, dois guardas noturnos e o capitão que ainda traçava rotas para chegar mais cedo no local.

O silêncio, o mais torturante silêncio, que não se estendeu por muito tempo, ao longe à esquerda do barco, vozes, vozes melodiosas, e uma música hipnotizante. Os dois guardas se dirigiram até a ponta do barco procurando enlouquecidos pelas vozes, uma névoa espessa se formava por cima do mar, e as canções continuavam a ficar mais altas e próximas, o capitão saiu de seu quarto e andou em passos rápidos a onde os dois tripulantes olhavam atentos.

E então, uma mão foi posta no chão de madeira do navio, uma mão com dedos longos, algumas escamas e membranas entre os dedos, unhas afiadas e longas. A criatura pegou impulso e subiu em cima do apoio que cobria em volta do barco, os olhos tão azuis quanto o mar, cabelos grandes e negros que caiam como cascatas, o pescoço cobria três riscos de cada lado que se mexiam em um ritmo respiratório, a pele um pouco pálida com escamas lisas e outras um pouco mais perceptíveis que continham uma coloração azulada, os seios eram delicadamente caídos como gotas, do tronco para cima uma aparência humanoide e bela, da cintura para baixo se encontrava uma calda enorme, diria que mediria uns quatro metros de extensão, sem contar o corpo humanoide, a cauda se parecia com as de um peixe, no final uma barbatana grande e larga, a boca que se movia conforme a melodia era cantada, e os lábios com um uma coloração mais escura.

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⏰ Last updated: Aug 07, 2020 ⏰

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Sin In Blue   •Kth Jjk•Where stories live. Discover now