Criança-Capítulo 3

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Emma adorava tudo relacionado a terror e já tinha imaginado e admirado umas centenas de monstros de feições horrorosas e aterrorizadoras mas aquilo era diferente, era simplesmente assustador, literalmente simples...não tinha nada... aquele menino não tinha nada na cara...nada mesmo...

Olhava ainda em choque para aquela criança vestida formalmente com um conjunto preto aparentemente caro e seria até bonito senão fossem os cortes e rasgões que mostravam a pele roxa e algum sangue que insistia em sair daqueles vários cortes espalhados por todo o corpo menos no rosto, a face não tinha nenhum arranhão, nada, não tinha olhos, não tinha nariz e nem boca.

Nenhum dos dois se mexia...Emma olhava o rapaz e ele talvez a "olhasse" de volta, não tinha como saber.

-...o que...quem és?

-...-não lhe respondeu mas levantou a mãozinha até o seu ombro ao mesmo tempo que inclinava levemente a cabeça para o lado esquerdo "encarando-a".Parecia que a reconfortava por alguma coisa, ou a preparava para algo... Onde a pequena mão descansava apenas sentia uma sensação fria e um leve formigueiro. A sua atenção mudou para o barulho de patas a baterem no chão do quarto dos pais, o seu cão Lipe, seguidas de passos toscos e levemente apressados para acompanhar o ritmo do pequeno animal, era a sua mãe, ia questionar se estava a ver a criança quando Marily apareceu no corredor ainda desnorteada e lhe perguntou o que fazia acordada, não reparando no pânico nem no suposto menino fantasma que por sinal já havia desaparecido sem que notasse.

-...um pesadelo talvez?-tentava se convencer enquanto tentava dormir novamente.

Não conseguiu dormir, o que era de esperar, em vez disso ficou a noite toda a tentar decifrar o que havia acontecido, era impossível aquilo ter sido um pesadelo, ela já teve muitos e raramente se lembrava de um um tão detalhadamente como aquele, além disso tudo pareceu real demais para não passar de uma ilusão, e como explicaria aquele aperto no coração que sentiu quando ele tocou o seu ombro...tamanha tristeza que quase ultrapassava o medo que na hora sentia.

Não teve mais nenhuma experiência sobrenatural como aquela, apenas sonhava por vezes com aquele menininho, tentou ao máximo esquecer aquilo tentando acreditar que aquilo foi apenas um de que devia deixar de assistir tantos filmes de terror.

-passado-

-Mãe?Mãe? Onde está?- perguntava enquanto caminhava desleixadamente por causa do medo no chão de madeira que apesar de bem tratado e cuidado insistia em gemer com os pequenos passos do pequeno.

-CALA ESSA SUA BOCA ! JÁ FALEI QUE NÃO QUERO OUVIR ESSAS MENTIRAS!-uma voz masculina grotesca e assustadora pela raiva ecoava na enorme casa fazendo o menino tremer ainda mais.

-MAS EU NÃO FIZ NADA, NUNCA FARIA ISSO, EU JURO...-uma voz agora feminina era interrompida por lágrimas e soluços que faziam o coração da criança estremecer. Por mais que fosse comum o pequeno coração do menino ainda apertava quando ouvia as pancadas que a mãe levava, não podia fazer nada além de se esconder e esperar que tudo acabasse.




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