XXVIII

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PARTE UM 

Will Call (Marfa Demo)—Grizzly Bear

O sol queimava laranja-vivo contra as sujas paredes cinza do apartamento de Stan. Louis observava, assistia enquanto tomava todos os objetos em seu caminho com luz e cores indefinidas.

O sofá abaixo de si parecia frio, irregular. Encaroçado. Ele não conseguia sentir seus membros. Ele tinha certeza de que estava usando calças, mas não estava cem por cento certo disso.

Tudo estava em silêncio. Tudo estava quieto. Com exceção do sol — ele avançava pela sala, rastejando em um ampliar indefinido. E Louis observava.

Em algum momento, a luz saturada foi substituída pela sombra. Louis não soube ao certo quando aquilo aconteceu, mas ele piscou, talvez pela primeira vez em horas, e percebeu que a sala inteira estava subitamente escura e vazia. Quando aquilo acontecera? Estava tão escuro.

Ele não se mexeu, no entanto. Ele não acendeu a luz, não se importou em verificar a hora.

Ele apenas permaneceu ali, ouvindo o ar em seus pulmões enquanto as sombras o engoliam por inteiro.

**

À noite era mais difícil.

Durante o dia eram necessárias todas as forças que lhe restavam para permanecer composto de pedras impenetráveis, para caminhar até seus turnos no bar, encontrar os olhares de estranhos na rua. Era preciso tudo que ele tinha e, durante a noite, ele permanecia vazio. Ele não sabia o que fazer à noite.

Como ele deveria passar o tempo? O que ele costumava fazer antes? Com o passar do ano, ele se acostumou a passar todas as horas acordadas na casa de Harry, com Harry...

Ele engoliu em seco, com facas atrás de seus olhos.

Ele ainda não sabia dizer o nome, mal conseguia pensar sem que sentisse algo doloroso abrindo uma parte de seu corpo.

Pura miséria — era o que ele sentia.

**

Ele não dormira na manhã seguinte ao acontecimento. Zayn mandou uma mensagem e ligou — mesmo que não usasse o celular. Havia até mesmo algumas mensagens de Niall. Duas chamadas perdidas de Liam. E nada de Harry.

Ele estava deitado no apartamento de Stan, se sentindo uma bagunça. Triste e oco, mas principalmente bravo consigo mesmo. Porque ele era tão estúpido. Como ele nunca pôde nunca ter contado para Harry? Todas aquelas vezes que ele tinha a vantagem no fato de Harry ter dito que o passado não importava — ele sabia que era o melhor a se fazer, esse era o problema. Ele sabia e, mesmo assim, não o fez e, mesmo assim, acabara ali. Em um sofá de merda com pensamentos ácidos, sem alma e com um sol sangrando.

Ele deveria ter dito alguma coisa. Ele deveria ter gritado por cima de todos os pedidos de Harry, ele deveria ter lutado mais. Pois só assim talvez Harry tivesse pensado duas vezes, tivesse lhe dado uma segunda chance.

Mas naquele momento?

Naquele momento Louis não o merecia.

Deitado ali, ele tentou pensar em todos aqueles cenários os quais, talvez, ele pudesse recuperar Harry. Mas a porra do problema era que ele simplesmente não o merecia mais. Era a mais simples verdade. Tudo estava acabado agora, assim como Mick Jagger cantara.

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