7- Capuccino.

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Kim Namjoon

Meu turno estava no fim. Era tarde e eu precisava arrumar minha bolsa para ir embora para casa. Não aguentava mais ficar aqui, apenas na frente desse computador. Era estranho, porém era a minha função. Tinha que verificar as estatísticas da empresa, coisas assim, relacionadas ao desempenho que estávamos tendo. Admito, era muito cansativo, ainda mais num dia em que você somente quer ficar sem fazer nada e somente pensar em sua vida, mas até que eu gostava. Não tinha um chefe ruim, ele pelo menos não ficava 24h atrás de mim, puxando o meu pé. Apenas pedia relatórios sobre tudo constantemente, era isso no que o meu serviço era resumido, praticamente. Eu fazia o que ele pedia, não era nada difícil. Porém, deixando tudo isso de lado, me levanto e vou até o elevador, apertando o botão metálico para ir até o térreo. Quando havia chegado, procuro meu carro por uns segundos, pois não lembrava direito aonde tinha posto. Logo após olhar mais, consigo o ver, sorrindo após isso, pensando em como poderia ser tão bobo por perder meu próprio veículo.

Quando entro, imediatamente conecto a chave e já ligo-o, suspirando antes de por as mãos no volante. Como o entardecer ainda estava ali, resolvi que iria numa cafeteria próxima daqui. Era uma das melhores da cidade, o café deles parecia uma coisa de outro mundo. Eu merecia um descanso desses, já que era sexta-feira e fim de expediente. Via várias pessoas enquanto procurava pelo local e elas faziam coisas de variados tipos. Algumas estavam com suas crianças, outras estavam com a família. Até tinha aqueles que estavam com seus parceiros... O que só me fez lembrar ainda mais ainda de Jin. Mas agora não me deixaria abalar por isso, portanto, balancei a cabeça de uma forma forte e me concentrei apenas em chegar onde queria. Poderia estar com saudades, mas ela não iria me consumir hoje. Tentaria me manter o mais longe possível dessas memórias, pelo menos por enquanto. Sei que foram marcantes, mas não posso deixar que elas me derrubem, apesar de terem forças o suficiente para isso.

Já vendo a placa do estabelecimento desejado, estaciono o meu carro e desço, fechando as portas. Com cuidado ao pisar em uns degraus que ali tinham, ergui os pés, sorrindo simpático para o atendente, que me perguntou o que eu queria, não me dando sequer um minuto para respirar.

— Quero um capuccino, por favor. — Peço e ele assente, pegando uma das xícaras na qual estava escrito o nome da cafeteria. Ele me pede para sentar enquanto aguardo e assim faço, sentando numa cadeira amadeirada.

Começo a roer levemente as unhas. Estava um pouco nervoso por conta dos pensamentos que tive no escritório e provavelmente isso estava atacando minha ansiedade, não sei o porquê, mas já estava acostumado e sabia controlar melhor, pelo menos não ao ponto de ter uma crise. Bato os pés no chão com uma frequência consideravelmente rápida, porém paro quando vejo aquele mesmo atendente trazer a xícara novamente e sorrir. Pego minha carteira e o pago sem espera. Ele agradece e se retira, me deixando apenas com aquele copo e a luz do sol, juntamente com meus pensamentos. Poucas pessoas estavam dentro do estabelecimento, porém muitas estavam do lado de fora. Era fim de tarde e todos estavam apressados para voltarem para seus lares. Eu apenas observava todo aquele movimento todo de forma mais lenta, pois para mim o tempo estava praticamente parado ali, pelo menos até o momento em que vi aquilo.

Em meio a todas aquelas pessoas, eu vi uma coisa que me chamou muito a atenção. No meio de todos os cabelos pretos, havia um de coloração diferente: um cabelo roxo. Quase nenhuma pessoa daquela altura/idade pintava o seu cabelo aqui pela cidade, então faltou pouco para que eu cuspisse meu café. Me levantei da cadeira rapidamente, quase dando um grito, porém não quis fazer isso. O homem que ali trabalhava se assustou com meu brusco movimento e, em passos largos, fui até a porta, saindo e indo até o meio das pessoas, não ligando se estava empurrando algumas. Existiam prioridades agora e eu apenas estava prestando atenção naquela que parecia ser a pessoa por quem eu era apaixonado. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, foram tantos anos... As perguntas estavam invadindo minha mente a todo o momento: como ele havia parado aqui novamente? Por que eu não o percebi aqui antes, já que ele sempre passava pela mesma cafeteria todos os dias, aparentemente? Não queria ter que me precipitar, mas já fiz isso no primeiro momento, então não estava mais ligando se estava ou não.

A pessoa se movia muito rápido e eu já estava ficando cansado de tanto a perseguir. Ela não parava de andar, já estava ficando insuportável. Queria poder chamá-la, porém ele poderia não ser Seokjin, poderia não ser a pessoa que eu queria que fosse. E isso era um pouco triste, mas não desistiria de andar atrás dele. Estava ficando interessante. Inclusive, tinha percebido que até meu café tinha se perdido no meio de toda essa confusão, provavelmente o deixei em cima da mesa quando saí desesperadamente. Quando finalmente alcancei a pessoa, a cutuquei e ela parou, mas ainda estava de costas.

— Jin, é voc- — Quando ele se vira, vejo apenas a sua silhueta, porém não possuía rosto. — O q-que? O que é você?!

— Eu sou aquele que assombra os seus pensamentos! — Ele dá ênfase na última frase. — EU SOU SEU PESADELO.

                                 
  xxx

Dou um leve grito e quase derrubo meu capuccino, fazendo o atendente se virar para mim com uma cara confusa. Espera, quer dizer que tudo isso não passava da minha imaginação? Devo estar ficando louco... Talvez todos esses pensamentos me sobrecarregaram ao ponto de eu sonhar acordado. Como é possível?

— Senhor, está tudo bem? — O homem pergunta, se preocupando.

— Sim, eu apenas tive um susto aqui comigo mesmo, não se preocupe. — Rio soprado, porém preocupado por dentro.

Meu coração ainda batia rápido. É impressionante como a nossa própria mente pode nos pregar peças as vezes.




purple love; namjin.Where stories live. Discover now