5- Suffering.

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Narrador

Após muito chorar, Namjoon resolveu ir para a sua cama tentar espairecer sua mente um pouco e se distrair de todos aqueles problemas, mas isso era impossível. Seokjin estava indo embora no dia seguinte e ele não poderia fazer nada contra aquilo. Teria de ver a pessoa que mais amou sair de sua vida num piscar de olhos. O amor que demorou anos para conquistar se perder em segundos. Apenas um toque e tudo se desmanchou como cinzas e agora todos estavam tristes com a situação. Ninguém sabia o que fazer agora, a perdição tomara conta de tudo e apenas uma penumbra cinzenta estava sobre seus sentimentos. Apenas uma cor restava ali: o roxo, que era a coisa que, apesar de tudo, ainda estava viva. Aquela cor representava o quanto os dois se amavam e preservavam a amizade e o mais puro romance que possuíam. Foi a partir daquela cor que a promessa nasceu, aquela mesma que prometeram nunca deixar morrer.

E assim as lágrimas afogavam Namjoon pouco a pouco e eram pesadas, mais do que qualquer coisa que existia. Não literalmente, porém num sentido emocional. Eram as mais dolorosas que já chorara em toda a sua vida e não queria mais poder senti-las. Uma parte de si estava se esvaindo, deixando de estar ao seu lado. Como conhece muito bem os pais do amigo, sabia que eles iriam o proibir de se comunicar com qualquer um que morasse naquela casa. Não queria admitir, mas teria de viver um tempo sem ele, mesmo que isso doesse. Até que a promessa pudesse ser cumprida, o tempo teria que agir, apenas fazendo o seu único e mais importante dever na vida das pessoas, que no caso, seria não parar. Olhando para o teto, o Kim agora estava com as mãos na barriga, sentindo borboletas no estômago, mas não estava apaixonado. Eram as mesmas borboletas que sentiu quando viu aquele pequeno garoto, mas agora elas pareciam estar mais fracas e ele percebeu isso. Era como se tivessem perdido a sua força por conta da ausência de Jin. Talvez adormecessem profundamente, talvez nunca voltassem. Ele não sabia o que esperar daquilo.

Na verdade, não sabia mais o que esperar de nada. Depois de tudo, só queria chorar mais e mais. Suas mãos tremiam e seu rosto se encontrava totalmente frio e molhado por conta de tudo o que estava colocando para fora. Não havia como se livrar da dor, ela estava sendo inevitável. Sempre que tentava mudar seu pensamento de rumo, tudo voltava para aquele garoto de lábios grossos a alta autoestima, com um sorriso e risada contagiantes. E aí desabava novamente. E de novo. Mais uma vez. Até que não aguentasse mais. De tanto se lamentar, sua mente começou a apagar e então dormiu em meio a suas lágrimas. Não estava preocupado se o horário não era o adequado, apenas queria um descanso para a sua própria mente por conta de toda a turbulência da sua cabeça. Não queria ver ninguém que não fosse seu amigo. Somente quando o encontrasse novamente estaria em paz.

Com Seokjin a situação não era muito diferente. Também estava deprimido por conta de sua saída repentina em todos os sentidos. Sentiria falta das brincadeiras que fazia com seu melhor amigo e de todas as vezes que fizeram qualquer coisa juntos. Nunca tiveram uma rotina, sempre seguiram a sua própria "vibe" nesses momentos. Faziam o que desse na telha e se sentiam bem assim. Mas, mesmo assim, sem fazerem nada de errado, ainda foram separados.

Amar não deveria ser considerado um pecado. — Era o dilema do Kim Namjoon.

Mudanças acontecem, mas nem sempre quer dizer que são boas e que irão te fazer feliz, porém tem de viver com elas. — Era o dilema de Kim Seokjin.

Ambos tinham as suas próprias preocupações, mas essas eram as que mais rodeavam suas mentes. Não conseguiriam dormir por um bom tempo. Estavam estranhos consigo mesmos e precisavam de momentos de reflexão para se sentirem melhores. Talvez assim a situação melhorasse, embora não seja isso o que aparentava estar acontecendo. A tendência era apenas piorar, porém teriam que lidar com isso, não poderiam desistir. Se caíssem fora de tudo isso e parassem de tentar, não conseguiriam chegar até onde queriam. Era apenas isso que os motivava agora: a vontade de ir até o outro e se abraçarem uma última vez antes de ir embora. Ou, senão, fugir para bem longe, onde ninguém pudesse os ver. Longe dos olhos alheios e da família ridiculamente preconceituosa e tradicionalista (pelo menos da parte de Namjoon).

As pessoas eram velhas demais para entender que tudo mudara e eles apenas estavam tentando aprender a amar, não importando quem fosse. Não eram culpados, nasceram assim, precisavam. apenas de empatia de seus próprios pais, o que era óbvio que não teriam, pois foram ensinados que isso era errado desde que eram pequenos. Por outro lado, os dois não pensavam assim. Viam aquilo apenas como dois seres humanos se amando. Se sentiam deslocados em sua própria família, isso era possível? Sentir-se como se tudo e todos ao seu redor fossem contra você. Como se estivessem pecando. Como se você não fosse bom o suficiente. Era assim que eles se viam naquele momento: totalmente sem chão e onde se apoiar. Nunca foram ensinados a batalhar individualmente, apenas em dupla. Isso pode até ter sido ruim, mas a parceria que existiu foi a base da amizade, que, por conta disso, durou muito.

Mas agora teriam de caminhar com seus próprios pés e aprender a enfrentarem seus medos frente a frente, sem medo. Cairiam nas tentativas, muitas vezes, pela falta de prática, mas logo após se levantariam e tentariam novamente. A vida é feita de fracassos e sucessos e ambos completam um ao outro. Os sucessos são feitos de uma série de fracassos, assim como os fracassos são aprendizados para que você tenha cada vez mais sucesso. Essas duas coisas são extremamente importantes para que você aprenda a ser emocionalmente estável. Aprender a lidar com as dores de uma forma "saudável", era isso o que precisavam. Mas a caminhada era longa e eles teriam tempo para si mesmos até lá. E é aí que entramos em sua próxima era: a idade adulta.

purple love; namjin.Where stories live. Discover now