02/11/2014 - 00:18h

Start from the beginning
                                    

-        É por aqui, senhoritas.

Lucian teve as amarras de seus pulsos puxadas para o lado e foi forçado a andar no meio da meia dúzia dos mantos negros, para dentro da lareira. O Sacerdote ia na frente.

Pelo visto, a lareira escondia um túnel.

A única luz presente no local enquanto caminhavam, vinha dos círculos de fogo de seus próprios olhos.

Lucian batalhou com sua preocupação para tentar entender o que Lefrève planejava. Mas todos seus pensamentos focavam Hannah e seu irmão.

Será que ela estaria bem? Será que Dukian conseguiria ajudá-la?

Seu peito se comprimiu em um aperto de angústia. Se a outra metade do Coven também estivesse com o chicote de fogo do submundo, seu irmão definitivamente estaria fraco. E Hannah, ficaria ainda mais vulnerável.

Lucian precisava se livrar de todas elas e encontrá-los antes que Acássia chegasse. Se ela os alcançasse antes de Lucian, ninguém poderia salvá-los.

Andaram por mais algum tempo e chegaram a uma parte mais espaçosa dentro do túnel. O tom azulado da lua entrando pelo teto aberto acima, iluminava um caixão, que pelo tamanho, servia para um homem com mais de dois metros.

-        Enfim mestre. Seu corpo estará livre.

Os mantos negros se ajoelharam em volta do túmulo e murmuraram palavras ininteligíveis. Lucian aproveitou a distração e foi capaz de tirar a adaga abençoada do bolso traseiro de sua calça. Grato por Dukian não ter conseguido cravar a lâmina em seu peito, quando quase foi possuído. Ele rasgou o tecido que o prendia pelos pulsos, guardou a adaga de volta no bolso e manteve as mãos para trás.

Os seis mantos negros se levantaram.

-        Agora, abra o túmulo, padre – ordenou uma delas.

-        Lucian, venha para meu lado.

-        Ele fica! Primeiro, abra o caixão!

O sacerdote esticou as mãos a frente e balbuciou palavras em latim. Lucian se moveu discretamente para mais perto dele, sabia que ele fazia aquilo para ganhar tempo.

Os mantos negros deixaram o lado de Lucian, e circularam Lefrève e o túmulo:

-        Por que não está abrindo padre? E por que você não usa logo a chave?! – Uma delas gritou.

-        Não me desconcentrem! Preciso recitar as palavras, não basta apenas a chave.

-        Você está mentindo. Se a chave está mesmo em sua posse, então mostre-a.

O Sacerdote Lefrève puxou uma corrente do pescoço, e o objeto dourado reluziu. Lucian viu que era grande demais para o tamanho do cadeado que travava o túmulo. Lefrève guardou a chave de volta dentro da batina.

Lucian percebeu que poderia correr dali. As mulheres do Coven tinham seus capuzes inclinados para o caixão. Quando percebessem que ele havia fugido, seria tarde. 

No entanto, Lucian nunca foi um covarde. Não podia simplesmente largar o sacerdote ali. Ainda mais sabendo que o homem agia em seu resgate.

Pensou em Hannah outra vez. Cada segundo poderia ser precioso. Viu o rosto dela com tanta nitidez, que chegou a acreditar que viajou com sua própria mente. Até ouvir uma voz feminina, suave como um sopro fresco.

Soube que não era de Hannah, apesar de ter visto em seguida, os mesmos olhos azuis tremeluzirem a um palmo de seu rosto:

-        Use seu dom Lucian.

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now