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Acordei com a minha cabeça latejando e fui direto pro banheiro. Tomei dois comprimidos e tomei banho. Coloquei botas, calça preta e blusa preta de manga cumprida. Hoje está frio. Peguei meu celular e mandei mensagem pros meus pais. Coloquei o mesmo no bolso da calça e peguei as chaves da Ranger.
   Terminei de descer as escadas e Miguel me esperava sentado no chão, brincando com Alaia.

Eu- Vamos? - ele assentiu e levantou.
Miguel- Como foi ontem?- passei as chaves pra ele e peguei Alaia.
Eu- O de sempre.- entramos no carro e eu a prendi na cadeirinha.- Acho que fiquei com o Lucas, mas não tenho certeza.
Miguel- O que ? - revirei os olhos.
Eu- Eu bebi muito.- encostei a cabeça no banco e saímos da garagem.
Miguel- Qual foi a reação dele quando matou o cara?
Eu- Sinceramente?- ele assentiu- Não foi de choque. Não teve gritos, nem nada do tipo. Ele só ficou lá. Parado. Olhando.
Miguel- Sério? - assenti.- Que estranho.
Eu- Eu também achei.- recebi uma mensagem do meu pai.

" Briguei com sua mãe. Ela ficou em Londres e eu voltei. To na minha casa."
- papai

Eu- Meus pais brigaram.- falei olhando pro celular.
Miguel- O que ?
Eu- É.- bloqueei o celular e o olhei.- Meu pai voltou, e agora tá na casa dele. Do outro lado da cidade. Sem a minha mãe.
Miguel- Que merda.- assenti.- Qual aula você começa hoje?
Eu- História.- ele revirou os olhos.- Acho que pelo visto trocaram meus horários. - revirei os olhos- Vou ter que dar de cara com o Piper.- ele riu e parou o carro na vaga de sempre.
Miguel- Te desejo sorte. - falou quando descemos do carro.
Eu- Agradeço.- respondi segundos antes de nos separarmos.

   Miguel se juntou ao grupo dos garotos e eu, bom, eu fiz o de sempre. Fui direto pro meu armário, peguei minhas coisas e fui pra sala de história. Meg e Yan se juntaram a mim logo depois.

Yan- Viu nossa grade escolar de hoje?- neguei.- Adicionaram mais um tempo. Educação física.- fiz careta.

  Educação física nunca foi minha aula preferida.

Eu- Talvez eu mate aula e vá pra casa mais cedo.- eles riram e Lucas se sentou na minha frente.

  

   Ele não disse nada durante dois tempos inteiros. Nem o '' bom dia '' com o sorrisinho malicioso ele deu. Posso não me lembrar da noite passada mas tenho certeza que esse silêncio tem haver com alguma coisa que eu fiz. Eu só não faço ideia do que e muito menos de como concertar.

   Na metade do terceiro tempo comecei a parar de pensar nisso, ja que meu estomago esta pegando fogo. O enjoo veio minutos depois. E todos nós sabemos o que isso significa: IGP. Isso foi derivado de uma doença que eu tenho, eu não sei bem o nome, mas tenho problemas para  ganhar peso e isso afeta meu corpo de diversas formas diferentes. Isso ocorre com tanta frequência que sei que daqui a uma hora vou estar batendo o queixo de tanto frio, mas ensopada por causa do suor.

Eu- Professor? Não estou me sentindo bem.

- Pode ir.- agradeci e juntei minhas coisas. Sai de la o mais rapido possivel.


   Passei na enfermaria e eles me liberaram, meu histórico escolar com essa doença me da imunidade a qualquer duvida que tenham sobre eu estar falando a verdade. Uma vez, eu tinha 14 anos, e passei pela mesma coisa que estou passando nesse momento. A diferença foi que não acreditaram em mim , conseguentemente não fui liberada. Resumindo, desmaiei na sala de aula. Minha mãe quase matou a diretora.O que não é muito dificil de acreditar, mas meu pai conseguiu controla-la.

  Deixei a chave do carro com o Miguel e pedi um taxi. Recebi uma mensagem do meu pai a mais de 50 minutos, dizendo que ja havia chegado. Dei o endereço da casa no norte da cidade e me concentrei em avisar pra minha mãe. Mas sei que ela não vai poder vir ate mim, então eu e meu pai vamos passar por isso sozinhos dessa vez.

A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi gritar pelo meu pai e subir as escadas rápido o suficiente pra chegar ao banheiro e vomitar no lugar certo. Ele chegou segundos depois, sentou ao meu lado e segurou meu cabelo enquanto eu colocava tudo pra fora. Com o jeito calmo dele, só falava que tudo iria ficar bem. Quando terminei de vomitar, ele me abraçou e ficamos assim por longos 20 minutos.

Zayn- Vem, eu vou te dar banho.- e assim ele fez.

    Tirou minhas roupas, colocou a banheira pra encher e me levou no colo. Me deixou ficar lá até parar de me sentir fraca.

Eu- O que aconteceu com a mamãe?
Zayn- Brigamos. Ela disse que iria ficar e eu disse que voltaria. Bom,- passou a mão pelo meu cabelo molhado.- Aqui estou.
Eu- Obrigada.
Zayn- Eu te amo.- beijou minha testa.
Eu- Eu também te amo.
Zayn- Vou pegar uma toalha e um casaco.- assenti e cinco minutos depois estava ele parado me ajudando a me secar.

    Coloquei o moletom dele e uma calcinha que achei na minha gaveta antiga. Coloquei um short de dormir e peguei um cobertor. Desci as escadas e me aconcheguei no sofá da sala. Eu, meu pai, o cobertor e um chocolate quente que a cozinheira acabara de fazer.

Zayn- Quer tomar remédio ?- neguei e ele me abraçou.
Eu- Posso ficar aqui pra sempre ?
Zayn- Claro que pode.- encostei minha cabeça no ombro dele e assim ficamos pelo resto da tarde.

The RussianWhere stories live. Discover now