Passo o resto daquela semana ansiosa. Apesar de estar atolada de trabalho, tanto no Jornal, quanto com os freelas, minha mente não deixa de analisar os detalhes daquele fatídico almoço com Will.
Não almoçamos mais depois daquele dia, ele parece estar sempre envolvido em reuniões fora da empresa e almoços com clientes, supostamente tão atolado de trabalho quanto eu. Mas ainda temos nossos e-mails. É assim que sei que Will não está com raiva de mim. Pelo menos eu acho que não está.
Sou tirada de meus devaneios quando uma bolinha de papel me acerta.
– Terra para Cami! – diz Edu, com uma expressão inocente – Tudo bem, xuxu?
Franzo o cenho pra ele, indignada. Fico chocada com o meu dedo podre na hora de escolher amigos: são todos passivo-agressivos.
– O que você quer? – digo, azeda, e finjo voltar a me concentrar no trabalho.
– Ui. – agora é Cintia quem faz, a mão no peito como se estivesse ofendida – Problemas no paraíso, anjo?
Reviro os olhos. Este é o problema em passar tanto tempo com as mesmas pessoas. Elas começam a identificar as suas pequenas flutuações de humor. E sendo os bons enxeridos que são, munidos de toda a liberdade que nunca lhes foi dada, começam a se intrometer descaradamente na sua vida.
– Estamos falando com você há um tempão, garota! – ralha Edu, quando percebe minha expressão rabugenta – Como vai aquele seu amigo alto e loiro e deslumbrante? Faz tempo que ele não passa por aqui.
Olho de Edu para Cintia, um com um sorriso mais sacana que o outro. Ambos piscam os olhos repetidamente, como num desenho animado.
– Vocês dois. – digo com o dedo em riste, apontando de um para o outro – Vocês não tem limites. Ou vergonha.
Os dois começam a rir da minha cara, enquanto bufo e jogo minhas mãos para o céu.
– Mas é sério, Cami. – diz Cintia, se recompondo – Aconteceu alguma coisa?
– Não aconteceu nada. – pelo menos é o que fico dizendo pra mim mesma.
– Uhm. – faz Edu – É que você anda tão borocoxô...
– E o bonitão não passou mais por aqui... – completa Cintia.
– Só tô cheia de trabalho nesse fim de mês e acho que Will também. – digo – Tem tanto freela acumulado lá em casa que nem sei se vou dar conta deles e da feira de adoção da Isa nesse fim de semana...
– Aí, você que não ouse faltar! – diz Edu, empolgado – Nem acredito que finalmente vou te apresentar pro Rafe!
Sinto um calafrio descer pela espinha quando Edu cita o namorado. E não é dos bons. Percebo a expressão de Cintia se fechar na mesma hora e aos poucos as peças desse quebra-cabeça começam a se juntar.
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Cara ou Coroa - Dois Lados da Mesma Moeda
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