Capítulo 22

359 23 3
                                    

Tengo ese amor enemigo
Tengo el dolor y el olvido
Tengo tu nombre
Y aunque no quiera vive conmigo
Tengo los sueños guardados
Mi colección de tornados
Mientras tú vives en mi futuro
Yo soy pasado

15 anos depois…

O relógio despertou e Dulce abriu os olhos com dificuldade, já que havia demorado a dormir. Ela levantou e o olhou para o lado e viu o marido dormindo de bruços, então decidiu não fazer barulho. Seguiu para o banheiro e parou na frente do espelho. De longe aquela não era a vida que ela sonhou, porém era a que ela havia escolhido. Depois de ter sua filha Mariana, ela teve que esperar alguns meses para voltar a assistir as aulas na faculdade, mas estava sempre pendente das lições e trabalhos e foi apenas por ter sempre a ajuda de Any, Poncho, seu pai e Pablo é que conseguiu e foi pela gratidão e carinho que acabou aceitando um ano depois se casar com o mesmo. Mas se ela soubesse que essa seria sua vida talvez nunca tivesse feito essa escolha. A princípio parecia que tudo ia dar certo, que ela seria feliz afinal Pablo se mostrava o marido mais atencioso, apaixonado e havia se tornado o pai de sua filha, além da dar seu sobrenome a ela, mas com o passar do tempo ele se mostrou controlador,obsessivo e ciumento. Dulce teve se tornar a esposa perfeita, aquela que não trabalha para cuidar do lar, da filha e do marido, ela se perdeu, já nem se reconhecia. Porém por sua filha ela continuava ali, de pé, tentando ser mais forte a cada dia e apenas por isso continuava a fingir ter a vida perfeita.

Bom dia querida- ela sentiu ele passar os braços por sua cintura - achei que ia me acordar com beijos - ele beija o pescoço dela

Bom dia - ela força um sorriso - eu vim primeiro fazer minha higiene para te acordar

Vou tomar meu banho se não me atraso - ele dá um selinho nela - não quer tomar comigo?

Melhor não, vou descer para fazer seu café…

Não precisa, Adelaide faz...eu sei que sempre faço questão que seja você a fazer meus cafezinho e minhas torradas, mas hoje quero aproveitar você - ele a puxa pela mão

Querido, você sabe que só eu faço seu café

Você sempre com desculpas para não estar comigo - ele diz irritado e liga o chuveiro

Dulce escova os dentes rápido e sai do banheiro, ela tira seu pijama e coloca uma roupa confortável e desce para a cozinha.

Meia hora depois, Pablo já está sentado a mesa esperando que a esposa o sirva.

Aqui está - Dul coloca o café na xícara

Obrigado - ele diz sem olha-la - onde está Mariana? Não posso me atrasar

Vou subir para ver se ela já está pronta

Ela sobe rapidamente as escadas e vai pelo corredor até o quarto da filha. A mansão onde moravam era enorme, nunca foi onde quis morar, queria algo mais simples mas Pablo sempre quis as coisas mais luxuosas. Ela bateu na porta e não obteve resposta, então abriu e entrou e viu a filha ainda na cama dormindo.

Por Deus Mariana - disse abrindo as cortinas para a claridade entrar - você está atrasada 

Aí mãe tô com sono - a adolescente resmunga

Eu sei mas aposto que ficou no celular até tarde - cruza os braços parada ao lado da cama

Talvez - diz bocejando e sentando na cama

Dez minutos para você se arrumar e descer para tomar café ou seu pai ficará uma fera

Relaxa mãezinha, papai nunca fica bravo comigo - sorri e levanta da cama - já já eu desço - beija a bochecha da mãe e vai direto para o banheiro

Sabia que a filha tinha razão, raramente viu Pablo bravo com a garota. Ela não podia negar que como pai ele era muito bom, sempre lhe deu carinho e tudo o que a menina queria, talvez achava que ele a mimava demais, porém ele não gostava que ele se metesse, afinal ele achava ter tanto direito como ela na criação da garota e Mariana nunca soube que Pablo não era seu pai biológico. Mas ainda que não quisesse, quando via a filha sorrir, ela o enxergava, ela podia ver Christopher ali, porque independente de qualquer coisa, ele era o pai, ela só estava ali porque os dois tiveram algo e foi o "algo" mais lindo da vida dela. Ele a fez sofrer mas também deu o presente mais lindo da sua vida. E mesmo tantos anos depois, ela ainda se perguntava a onde ele estaria e se ela estaria ali, naquela vida, se ele nunca tivesse viajado. Ele sabia que talvez tudo não tivesse passado de um sonho, e que todos esses anos ela sonhou com a sua volta, mesmo depois dele ter partido seu coração, mas aquilo era o sonho mais lindo que ela não queria sonhar.

{...}

No Canadá, mas precisamente Toronto, vivia Christopher, ele também havia seguido a vida e assim como sua ex, havia se casado e formado uma família. Porém a quase três anos era viúvo, e cuidava sozinho do filho adolescente Juan Pedro, que na verdade não era seu filho biológico. Desde que casou com Belinda, seu carinho pelo menino era de um verdadeiro pai, por isso não deu apenas amor mas também seu sobrenome. E o adolescente sempre soube que o mesmo não era seu pai biológico e nunca quis saber quem era, já que para ele Christopher seria para sempre seu único pai.

Ei acorda - o homem bate na porta do quarto do filho que estava entreaberta - não podemos nos atrasar ou vamos perder o vôo

5 minutos - o garoto resmunga

Não...agora - puxa o cobertor dele - assim como você não queria mas precisamos ir visitar sua vó

Ela nem gosta de mim - ele diz sentando-se na cama

Mas é sua vó e minha mãe - revira os olhos

E porque preciso ir pai? Posso ficar aqui com meus avós e minha madrinha

Maite tem sua própria vida e seus avós também. Ande Pedro, não me tire a paciência

Já vou pai - levanta da cama bufando e vai direto para o banheiro tomar banho.

Juan Pedro não era um adolescente difícil, ao contrário, Christopher o achava afortunado por ter um filho educado, obediente e inteligente, porém ele nunca gostou da avó Alexandra já que a mesma nunca fez questão de demonstrar qualquer afeto. Na verdade nem ele própria tinha uma boa relação com a mãe, porém a mesma estava doente já havia algum tempo e ele sabia que devia ir visitá-la. Ainda mais que ela havia sido internada com uma piora em seu caso.

Horas mais tarde, Christopher estaria colocado os pés em solo mexicano, pela primeira vez em aproximadamente quinze anos. Eram tantas lembranças, alegrias e tristezas que ele jamais esqueceu. O tempo passou mas a marca do que sentiu por Dulce ainda estava nele, talvez por isso nunca conseguiu amar a esposa e nenhuma outra mulher. Apesar de querer negar para si mesmo, dentro dele ainda existia aquele amor. E ele nem imaginava que o mesmo acontecia com Dulce. Por isso seu casamento com Pablo nunca funcionou, porque ela nunca o esqueceu e talvez isso fosse a maior raiva de seu marido, que no fundo sabia que o coração dela nunca seria dele.

Corações Invencíveis - VondyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora