Capítulo I

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Encarar a vida de cabeça erguida e seguir sempre enfrente, ao lado da família, se tornou então o seu modo de vida. Viver tudo que sempre quis, por que não se sabe quando será seu ultimo dia, era o principal lema dele.

Nico encarava o café da manhã com atenção.

--Filho? Não vai comer? –a pergunta de sua mãe saiu gentil, a mesma terminava de guardar as louças que havia acabado de lavar; Não que fosse necessário a mulher trabalhar naquilo, por ser a diretora e fundadora de uma das maiores universidade do país, Maria Di Angelo era uma das mulheres mais bem sucedidas da atualidade. Mas aprendeu desde cedo a dar valor a todo o tipo de trabalho e principalmente a família, buscando sempre transmitir isto aos três filhos.

--Hã? Ah, vou sim mãe. –Confirmou se pondo a comer.

--Aconteceu alguma coisa querido? Está tão distante hoje. —disse se aproximando do filho, acariciando os fios negros do garoto que como era um tanto manhoso, apertou os braços ao redor da cintura da mulher.

--Estou bem, apenas pensando em tudo que já passou. Tudo que enfrentamos. –comentou, afundando o rosto no vestido da matriarca, sua mãe sempre usava o mesmo perfume coisa que lhe deixava extremamente nostálgico.

A mulher apenas suspirou. Como mãe, sentia-se extremamente grata por ter podido segurar seu filho nos braços novamente e poder aperta-lo quando bem entender. Maria ainda não acreditava em tudo que se passou nestes três longos anos. Seu filho já era um homem, com vinte anos de idade, mais para si ainda seria o seu garotinho, o mesmo que fugia para sua cama e de seu marido quando estava com medo.

--O que me diz de ir comigo buscar a Hazel na escola? Podemos ir todos juntos no shopping depois, que tal?

--Hm, tudo bem por mim. –Confirmou, abrindo um largo sorriso para a mãe que logo retribuiu, fitando os olhinhos negros de seu eterno bebê, com carinho.

--Pois termine de comer e vá fazer sua atividade, então poderemos ir. –Declarou voltando a atividade que praticava anteriormente.

--Atividade? –questionou confuso, parando no ato de abocanhar mais um pedaço da torrada. –Eu tenho atividade?

A matriarca sorriu divertida, apontando para a geladeira, aonde Nico mantinha escrito as atividades da semana em uma espécie de calendário. Uma das infelizes consequências na demora da cirurgia, déficit de atenção, que as vezes complicava sua vida, mais convenhamos que era melhor permanecer daquele jeito.

--Eita, tem atividade mesmo...—resmungou desgostoso enquanto a mulher ria de sua face. –Deixa eu ir fazer logo então.

--Nada disso. –Retrucou a mais velha em uma bronca bem premeditada. –Termine de se alimentar, sabe que deve manter uma boa alimentação, querendo ou não.

--Ok, dona Maria. –Aceitou derrotado sentando-se novamente, sendo fitado pela mulher que lhe encarava as vezes, para ter certeza se o mesmo estava se alimentando realmente. –Terminei, posso subir?

--Está bem, pode ir. –Maria finalmente deixou e o Di Angelo sorriu, dando um beijo estalado na bochecha da matriarca se pôs a correr.

Ele podia correr, pular e dançar...não havia mais uma data de validade para si, estava finalmente livre.

Sua cirurgia havia ocorrido as pressas, chegara no hospital com batimentos fracos e tão próximo da morte que o médico cogitou não realizar a cirurgia. Mas ocorreu tudo bem no final, conseguiram uma pessoa compatível para doação, Nico nunca se sentiu tão grato por um coração, no entanto, nunca conseguiu encontrar nada sobre a pessoa. Queria saber o que acontecera com a mesma, quem era e se poderia prestar os agradecimentos para a família, porém não tinha notícias de quem seria, aquilo tudo era um mistério real que lhe intrigava muito, mesmo após três longos anos.

My HeartWhere stories live. Discover now