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Entro de rompante em casa e o meu corpo congela com o que vejo. 

"Mãe? Pai?", exclamo em todas as direções da casa, mas não recebo quaisquer respostas. "Stefano?", chamo o meu irmão, mas também não obtenho nenhuma resposta. 

Sinto a minha ansiedade a disparar, o meu coração a apertar em desespero e o meu corpo a congelar. Eles não estão em casa. Eles teriam respondido se tivessem. Onde é que eles estão? Eles têm de estar bem, não é possível que aqueles homens lhes tenham feito mal. É impossível. Não posso ter sido a única a salvar-me daqueles homens. Raios mãe, porque é que me afugentaste naquele dia? Independentemente do medo e da indecisão que toldaram as minhas ações naquele fim de tarde, tenho a certeza que iriamos arranjar maneira de lidar com a situação.

Relembro-me novamente dos acontecimentos daquele dia e recordo-me que, durante os acontecimentos daquela tarde, apenas eu e a minha mãe é que estavámos em casa. Nem o meu pai, Alba, nem o Stefano se encontravam em casa. Naquele dia o meu pai estaria a trabalhar até tarde e o meu irmão em treinos do futebol até à hora do jantar, chegando a casa dali a uma hora. Se aconteceu algo à minha mãe depois de me ter aventurado pela floresta sozinha, tenho a certeza que ambos iriam à nossa procura. Se não me encontraram e não há sinais de que estejam à minha procura, devem de  estar à procura da minha mãe. 

Dou uma volta à casa e tento procurar algum tipo de recado, sinal ou pista de onde possam ter ido. Não encontro nada e, embora tenha o impulso de me deitar em posição fetal na minha cama no piso de cima, regresso à floresta decidida a encontrá-los. Se a minha mãe não deixou nenhuma pista para trás, eles tiveram um começo semelhante ao meu. Não podem ter ido tão longe e vou encontrá-los. 

Pela segunda vez hoje, percorro a floresta à minha própria mercé, a tentar encontrar alguma anormalidade que me leve de volta à minha família. Ao longo de vários quilómetros, pergunto-me se estou a ser racional. Depois da minha saída da casa, a tentar fugir daqueles homens com a insistência da minha mãe, não tenho a mínima ideia do que poderá ter acontecido. Não sei se Caprice conseguiu chamar a polícia e se chegaram a tempo. Se fugiu como eu e se encontra perdida na floresta. Se Alba ou Stefano chegaram minutos depois de eu ter fugido e conseguiram ajudar a minha mãe a sair daquela confusão. No meio de tantas possibilidades do que possa ter acontecido, será que estou a ser racional em estar a escolher caminhos aleatórios pela floresta na esperança que os encontre a todos?

Ao duvidar da minha escolha, a sensação de pressão regressa ao meu coração, mas desta vez tenho de levar as mãos ao peito para tentar que as cordas que o estavam a pressionar alargassem um pouco. A imagem do homem misterioso do castelo invade a minha mente quando um uivo atrás de mim é ouvido. A pressão do peito não diminui quando, ao olhar para trás, reparo no enorme lobo preto que tem os seus enormes olhos que contêm uma perfeita mistura entre o azul e o verde a olharem fixamente nos meus. Os seus olhos relembram-me novamente da imagem do moreno e do castelo que deixei para trás há pouco mais de quatro horas. 

Puxo para o inconsciente esse pensamento e concentro-me na criatura terrivelmente grande e corpolenta que tenho à minha frente. Embora os seus olhos me relembrem de alguém, a sua altura que ultrapassa a minha em pouco mais de um metro e a sua posição territorial e pronta a perseguir a sua presa, ativam o mecanismo de sobrevivência. Estou pronta para correr para qualquer parte da floresta se tiver de o fazer, mas não quero iniciar a perseguição: Com um lobo desta dimensão, não teria quaisquer hipóteses de vencer. 

Tento manter o pânico que sinto para mim mesma, transmitindo calma e segurança para o exterior. Tenho de demonstrar que não sou um perigo para o animal, sem lhe dar um motivo para me atacar. Mantenho a minha pose durante vários minutos. Nenhum de nós toma a iniciativa e cada segundo que passa deixo que a minha máscara de tranquilidade caia. 

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2020 ⏰

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