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As recordações das últimas horas fizeram com que o pânico que senti, começasse a surgir.

Como é que poderia ter esquecido tudo aquilo e ter ficado maravilhada com o sítio onde estou? Com algo tão banal e fútil como o vestido que estou a usar?

Onde é que estou e quem é que me trouxe até aqui?

Não posso ficar neste sítio. Tenho de voltar para casa e saber como é que está a minha família. Tenho de saber se estão bem e o porquê daqueles três homens estarem à minha procura.

Sentindo-me culpada por me ter permitido esquecer dos últimos acontecimentos, sento-me na cama onde arranco os saltos altos dos meus pés e os substituo pelos meus ténis que se encontram escondidos entre a cama e a parede.

Determinada a sair deste sitio, saiu do quarto maravilhoso onde me encontrava para um corredor enorme e cheio de portas. Devem de ser outros quartos semelhantes ao meu, por isso nem me dou ao trabalho de os tentar abrir. Em vez disso, penso em que direção devo ir para encontrar as escadas que me levarão para o andar de baixo.

Tento concentrar-me nos sons que ouço. Se a casa onde me encontro está a receber convidados, como os que vi quando estive na varanda, devem de fazer barulho suficiente para os conseguir ouvir. Se seguir o seu barulho, encontrarei as escadas sem esforço adicional.

Após uns segundos de concentração e silêncio até dos meus próprios pensamentos, consigo distinguir que surgem do meu lado direito. Sem pensar duas vezes caminho rapidamente nessa direção. Pelo caminho passo por diferentes portas, ouvindo, de vez em quando, sons do outro lado. Concluo que devem de ser empregados ou mais convidados.

Caminho e caminho e, mesmo no momento em que comecei a pensar na possibilidade de me ter enganado na direção, encontro umas escadas enormes e grandes que vão dar mesmo para a saída desde palácio. Enquanto desço, vejo imensos casais, homens e mulheres a entrarem e serem encaminhados individualmente por empregados até uma divisão no fundo do piso.

Ao observar tudo isto, a minha curiosidade aumenta para descobrir o porquê de todos vestirem fatos e vestidos de gala, usando um enorme sorriso na cara. Pergunto também a razão de ter o vestido à minha espera para ser usado ou por uma das empregadas ser deslocada até lá para o deixar.

Nada disto faz sentido e, embora tenha curiosidade para descobrir a razão, tenho de ir para casa, de encontrar os meus pais e o meu irmão, saber se estão bem. Além do mais, preciso que me vejam e saibam que estou bem.

Continuo a descer até que chego à entrada. Sinto um pequeno sorriso chegar aos meus lábios pela saída estar a ser tão fácil. Embora não me sinta em perigo, não sei onde me encontro e não me sinto à vontade por toda a gente que passa por mim para se dirigir à divisão mistério olhe para mim com curiosidade e uma certa felicidade.

Quando penso que estou livre deste sítio por estar a meio caminho dos jardins, um homem uns trinta centímetros mais alto que eu e com uma possível força para pegar num pedragulho, aparece à minha frente impedindo a minha passagem.

Imagens dos assaltantes de ontem surgem na minha mente e começo a dar pequenos passos para trás. Sinto as minhas mãos a começarem a tremer com o medo a surgir e opto por escondê-las atrás das minhas costas para não mostrar o medo que sinto ao homem à minha frente.

Reparo que, por cada passo que dou para trás, o homem com cabelos e olhos pretos dá juntamente um passo na minha direção. O medo surge numa nova onda e começo a medir as minhas opções de escape.

"Para... Para aí!", exclamo firmemente, tendo uma melhor tentativa do que no dia anterior.

"Peço imensa desculpa, Luna, mas tenho ordens específicas para não a deixar sair da zona do palácio.", a voz é firme, mas não me transmite a mesma emoção que os homens de ontem. Sinto-me a ficar mais calma, mas não o suficiente para que haja melhorias no tremor das minhas mãos.

Alpha King AtlasWhere stories live. Discover now