Capítulo II: Dias de cão

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Ela não gritou, ou reagiu, então pego sua mão esquerda e ela desvia o olhar.

Então rasgo sua mão, e nada de gritos.

Resolvo pressionar a faca no corte fazendo sangrar ainda mais.
O corte estava ficando profundo e o sangue jorrando, e ela ainda não gritava.

Então retiro a faca da mão dela e a encaro - "Olhe para mim." - Digo sério fazendo a voltar seu olhar para minha face.

"Por que não está gritando?" - Digo com uma voz sinistra, e então vejo um sorriso debochado entre lágrimas abrir em seu rosto - "Você disse que se eu gritasse, você me mataria." - Ela disse com a voz rouca.

Foi aí que percebi, ela entendeu o jogo e entrou nele, mesmo sabendo que não iria ganhar.

"Tenho planos para você, minha doce, Helena..." - Disse sorrindo bizarro para ela.

"O que vai fazer comigo?" - Ela perguntou sem demonstrar sentimentos - "Vou te fazer meu brinquedo... " - Sorrio novamente.

Ela estava séria, sem demonstrar reação, agora seu casaco que era cinza estava tomado pelo vermelho de seu próprio sangue.
Sua calça jeans azul clara estava com pingos do sangue de sua mão e ela usava uma regata roxa escura em baixo do casaco.

"Veja, aquela porta" - Aponto para a porta que estava a alguns metros de distância atrás dela - "Ali será seu quarto. Me acompanhe." - Digo e vou em direção a porta em seguida ela se levanta me seguindo.

Abri a porta e a empurro dentro do quarto - "Boa noite!" - Fecho a porta com força e logo o som do estrondo se espalha pelo corredor e tranco a porta.

                                     *
Helena

O quarto era pequeno, tinha uma cama coberta por um lençol branco e embaixo do travesseiro sem fronha tinha uma coberta marrom de um tecido de algodão fino.

Toda aquela roupa de cama era meio abatida, velha.
No canto oposto a cama havia apenas uma privada com um rolo de papel higiênico no lado.

Eu me sinto sendo tratada como um cão neste lugar.

A janela tinha tábuas pregadas, como uma forma de me prender, o quarto era escuro não tinha luz, a única luz que existia era a luz da lua que atravessava os pequenos espaçamentos entre as tábuas.

Então tirei o casaco e com ele terminei de limpar o sangue em minhas mãos e no meu braço.

Eu só queria saber o que aconteceu a esse homem no passado, por que a cara dele era tão... Deformada?!

Aquela cicatriz em formato de sorriso, era tudo tão... Sinistro.

De repente uma lembrança surge em minha memória.

Diziam que um monstro estava a solta matando e torturando pessoas das piores formas possíveis, será ele o monstro?!

A cidade não é muito grande, nem pequena, a maior parte da população se concentra no centro, mas ainda sim lendas se espalham fácil.

Alguns diziam que era apenas alguns dos " vagabundos " da cidade que assaltavam e resolviam tirar a vida de suas vítimas, outros diziam que era um demônio ou um monstro.

Me preocupo se alguém virá atrás de mim, e se ele machucar quem eu amo??!
O que esse homem quer?! Se é que ele é um homem...

Então me deitei a cama, não muito confortável e entre meus pensamentos acabei dormindo.

Acordei com batidas na porta, o "homem" anunciava sua chegada e os primeiros raios de sol atravessam entre os espaçamentos das tábuas. Então em um estrondo ele abre a porta.

"Preguiçosa. São oito da manhã." - Ele diz sem demonstrar emoções, estava com uma bandeja na mão - "Seu café" - Ele põe a bandeja no chão e empurra para perto de mim com o pé, me tratando como um verdadeiro animal.

"Você tem vinte minutos" - Ele dá as costas e tranca a porta novamente.

Na bandeja não havia muita coisa, era só para tapar o vazio de meu estômago.

Uma maçã, água, e dois ovos fritos um pouco queimados.

Como tudo em menos de cinco minutos, estava realmente faminta.
Arrumo a bandeja e boto em frente a porta.

Me sento a cama novamente e espero.
Alguns minutos depois ele aparece abrindo a porta com todas as forças.

"Veja só, comeu tudinho." - Ele dá uma risada sinistra e pega a bandeja, dando as costas e trancando a porta novamente.

Nossa, que divertido, vou passar o resto de meus dias como um cão, trancada num quarto por um psicopata.

O homem pesadelo, Jeff the KillerWhere stories live. Discover now