Capítulo I: Não grite

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Estava chovendo forte naquela noite, podia sentir os pingos gelidos de chuva como pequenas agulhas que quando tocavam ao meu rosto massacrado se quebravam.

Bem ali naquela rua escura, de pouco iluminação, havia um bar, entre dois pequenos prédios. Vou andando em direção ao bar em passos rápidos, ao entrar me parecia bem vazio, apenas o barista enxugando copos, dois bêbados solitários conversando, e uma garota...

Uma garota.

Me sentei no banco que estava ao lado dela, era uma garota jovem, deveria ter dezessete ou dezoito anos, de pele pálida e cabelos negros até a metade das costas, olhos castanhos e boca rosada.

Estava com os olhos inchados, estava chorando. - "Eu vou querer uma garrafa de whisky" - Disse para o barista apontando para o whisky que estava atrás dele.

Ele não podia me identificar pois estava com o capuz cobrindo meu rosto, o que faz com que ele não tenha medo de mim, mas ainda assim desconfie. - "Não acha que é muito jovem para tomar uma garrafa de whisky sozinho?" - Ele perguntou dando um sorriso amarelo. - "Pagarei o dobro, e a moça me acompanhará..." - Disse apontando para a garota.

E com uma cara feia, ele me serve o whisky e põe uma dose para a garota que me olha de lado - "E-eu não quero" - Ela diz apreensiva - "Você está num bar, então deve beber, eu empurro a dose mais para perto dela - "É falta de educação recusar... Um 'presente' " - Digo a ela, que segura a dose e da um gole bem pequeno.

"Qual o seu nome?" - Pergunto a ela e a mesma me olha desconfiada, ela desvia o olhar mas em seguida responde - "Helena."

"Hmm... Combina com você..." - Eu não estava mentindo, a pureza e a beleza que ela exalava combinava com esse nome.

"O que quer dizer?" - Ela me perguntou se curvando - "Significa que, seus pais fizeram uma boa escolha."

Dou uma golada no whisky e logo encho mais o copo - "Por que está chorando, Helena?!" - Perguntei tentando parecer interessado.

"Longa história..." - Ela abaixa a cabeça, dava para ver que estava triste.

"Venha!" - Eu disse me levantando e tirando o dinheiro da carteira, entreguei 300 dólares ao filha da puta do barista.

Em seguida fui em direção a porta do bar, a garota olhava para mim sem saber o que fazer.

Então saí do estabelecimento para ver se ela me seguia, e sim, ela me seguiu - "Hey! Espere!" - Ela correu em minha direção, eu já estava do outro lado da rua.

"Para onde vai?" - Ela me perguntou, então a peguei pelo pulso e segurei forte a puxando.

Então entrei num beco com ela, ele era longo e escuro. - "Para onde está me levando??" - Ela pergunta em desespero - "Shhh, se gritar será pior!" - Eu disse baixo, ainda a puxando.

Finalmente o beco havia acabado, a deixei encurralada e joguei-a na parede e pus a mão em sua boca - "Eu vou te soltar, mas se você gritar..."- Pego a faca que estava em minha cintura e desenho uma linha imaginaria em seu pescoço - "Estamos entendidos?" - Ela sacode a cabeça em um sim e posso sentir suas lágrimas descendo em minha mão.

Então retiro minha mão e falo - "Tá vendo aquela lata de lixo ali no canto?" - Ela acena com a cabeça - "Você vai subir, do outro lado tem um carro, você vai me esperar em frente a ele, se você fugir, saiba que eu não tenho só essa faca."

Ela acenou com a cabeça nervosa, ela nem estava com tanto medo ainda, não conseguia ver meu 'lindo' rosto por conta da escuridão.

Eu poderia simplesmente deixa-la correr e depois a matar, mas derepente deu na telha que eu tinha planos para ela.

Ela subiu no latão de lixo e pulou para outro lado do muro, logo após, garanti que não havia ninguém ali, e pulei o muro também.

Lá estava ela, com as mãos em frente ao rosto chorando de desespero, encostada em um Fiesta vermelho primeira geração.

Então abri o carro - "Entre."- Disse frio, então ela entrou e se sentou no banco do carona, ainda chorando muito - "Se acalme."

Eu disse ligando a ignição - "Você ainda nem vou o verdadeiro motivo para ter medo." - Disse soltando uma gargalhada, então a garota começou a chorar ainda mais, como uma pobre criança que teve seu doce roubado.

Então meu pé se contraí ao acelerador e vamos em alta velocidade para o meio da mata, alguns minutos depois, desviando de rochas, buracos e árvores, na clareira da floresta, ali estava, "minha" cabana, que na verdade eu apenas matei o dono dela e a possuí.

Ele era um caçador que fedia a urina de urso. Mas aquele lugar, era perfeito para um assassino se esconder.

Todas as janelas eram trancadas, cortinas fechadas e a porta trancada por várias correntes e cadeados.

"Desça" - Eu disse e ela obedeceu.
Ela estava no meu lado e enquanto eu estava destrancando a porta - "Entre" - Ordenei .

Então ela entrou e ficou a 10 passos de distância de mim enquanto eu fechava a porta. Então tranco tudo e a encaro, paradinha ali, tão fácil, eu simplesmente poderia torcer seu pescoço alí mesmo,mas ela poderia me ser útil.

Então vou até a cozinha, e pego uma cadeira -"Sente" - Ela se senta e eu me agacho em frente a ela.

"Tudo que eu te perguntar agora, me responda com honestidade, porque eu posso farejar a mentira. Okay?" - Ela acena com a cabeça, ainda não vendo meu rosto, pois o capuz o cobria.

"Está com medo?" - Eu sabia que sim, mas só queria testa-la. - "Sim." - Ela diz tentando parecer segura.

"Então teria medo de meu rosto?"

"Eu não sei..." - Ela abaixa a cabeça.

"Olhe." - Me levanto e seus olhos se voltam a mim, então puxo o capuz e ela faz uma cara de horror, estava de boca aberta, desacreditada.

"O que acha?" - "Desumano" - Ela diz ainda incrédula.
Sim, ela me será muito útil, apenas não sei exatamente.
Ela obedeceu cada comando que eu dei até agora, e está conseguindo se conter, diferente de muitas das minhas vítimas que faziam tudo chorando e se debatendo, alguns até tentavam lutar ou fugir, mas sempre eram pegos.

"O que você quer de mim?" - Ela diz ainda com os olhos pregados em minha face.

"Sua dor." - Digo frio.

Retiro a faca da cintura novamente, e encosto a lâmina fria em sua bochecha delineando seu rosto. Seus olhos mostravam pavor, mas ela tentava esconder isso.

Então rapidamente puxo a manga de seu casaco para baixo e faço um corte perto de seu ombro. O sangue desce quente e a ela não grita ou reage, apenas uma lágrima desceu de seu olho esquerdo.

Ela é forte.

O homem pesadelo, Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora