53_ Uma semana depois...

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Uma semana depois...

Uma semana se passou desde o ocorrido com a dona Clara e a maior descoberta da minha vida.

Durante toda essa semana eu permaneci visitando a minha avó todos os dias no hospital, não havia um só dia em que eu deixava de ir lá.

Eu levei umas flores para ela, ela ainda não havia acordado, o que me preocupava, mas o doutor Josef me garantiu que era completamente normal.

Eu tentei deixar o quarto dela o mais colorido possível com flores pra ela. Queria muito que a mesma se sentisse bem quando acordasse.

Eu também conversei mais vezes com o doutor e chegamos a conclusão que depois que a dona Clara acordasse, eu agiria normalmente como se não soubesse de absolutamente nada.

Como ele já havia me dito, não seria nada bom pra ela se lembrar de tanto sofrimento, então o melhor era que ela permanecesse com a mente tranquila.

E por mais que eu quisesse poder abraça-la e chama-la e vó, eu não poderia e aguentaria isso.

Miguel e Maria também tem me dado a maior força nos últimos dias. Maria me ajuda já que eu tenho zelado pelo apartamento da dona Clara também, e Miguel está sempre comigo.

Não teve uma vez em que eu fui ao hospital sozinha, Miguel me acompanhou todas as vezes.

Eu estava no quarto de hospital nesse momento. A dona Clara estava dormindo sobre o leito enquanto eu olhava pela janela do hospital.

Estava olhando para a calçada quando vi uma mulher passando com uma menina pequena, provavelmente filha dela. A menina ria enquanto a mãe segurava sua mão e lhe contava algo com um sorriso.

Foi inevitável não sorrir vendo aquilo.

Durante essa semana eu também li as cartas de minha mãe, uma por uma, todos os dias.

Nelas eu pude conhecer um pouco dela.

Ela gostava de flores, gostava de andar por campos e áreas mais rurais, pelo que eu vi ela não era nada urbana. Ela gostava muito de música e sonhava em ser professora. A mesma amava a minha vó e amava o bolo de chocolate que ela fazia, bolo que eu já havia tido o privilégio de provar, e Miguel também.

Minha mãe tinha uns gostos muito parecidos com os meus, a única coisa que diferenciava era que ela gostava de sair. Eu já sou totalmente o contrário.

Eu esperava que em alguma das cartas ela mencionasse o meu pai, mas isso não aconteceu, em absolutamente nenhuma. Parecia que pra ela o meu pai nem existia.

Eu estava morrendo de curiosidade, mas não tinha a quem perguntar.

- Oh, boa tarde, Alice! - O doutor Josef entrou no quarto me fazendo olha-lo. Seria uma resposta do destino?

- Boa tarde. - Sorri.

- E então? Como está? - Ele perguntou enquanto fazia as mesmas coisas que fazia sempre que vinha ao quarto da dona Clara, monitoração habitual.

- Bem. - Respondi me aproximando da dona Clara. Eu permaneci olhando pra ele me perguntando se eu devia perguntar sobre meu pai, talvez ele possa me responder, só que eu tenho perguntado tanta coisa pra ele ultimamente, ele já não deve me aguentar mais, só fala comigo por educação.

O doutor notou que eu o estava encarando e sorriu.

- Quer perguntar alguma coisa, Alice? - Ri sem jeito olhando pra baixo.

- Se eu estiver sendo chata com essas minhas perguntas, pode me falar, ta?

- Que isso, eu não me incomodo. Na verdade eu entendo perfeitamente. - Ele sorriu me passando uma certa confiança, então resolvi tomar coragem.

- Bem... como o senhor conheceu minha mãe, eu imagino que possa me responder isso. - Ele me olhou atentamente. - Eu sei que já te fiz essa pergunta antes mas... o senhor realmente não sabe o que aconteceu com o meu pai ou porquê de não haver nada sobre ele nas coisas da minha mãe?

O sorriso do doutor desapareceu de seu rosto e o mesmo ficou sério de repente.

Ele ficou um tempo me encarando sem dizer nada e depois apenas abaixou a cabeça ajeitando seu óculos em seu rosto.

- Como eu já disse antes, eu sou só o médico da família, não sei de muita coisa. E com relação ao seu pai... eu realmente não sei te responder. - Ele falou de forma fria, nem parecia o mesmo homem sorridente que havia entrado por aquela porta me dando boa tarde.

- Ah... tudo bem. - Assenti.

Ele não disse mais nada, apenas ajeitou seu jaleco branco e saiu do quarto como se nada tivesse acontecido.

Eu achei aquilo totalmente estranho, mas não tive muito tempo de pensar naquilo. Já eram 17h da tarde e eu prometi ao Miguel que não demoraria.

Eu sai do quarto da dona Clara depois ficar mais um tempinho com ela e encontrei Miguel sentado em uma daquelas cadeiras jogando algo em seu celular.

Eu parei em sua frente com um sorriso e ele olhou pra mim.

- Desculpa se demorei muito. - Falei assim que Miguel ficou de pé a minha frente.

- Não liga pra isso. - Miguel sorriu e me deu um beijo na testa. - Vamos pra casa? Eu faço o jantar pra você e a gente assiste um filme.

- Você está me acostumando muito mal. - Sorri pra ele enquanto o mesmo segurava o meu rosto.

- Só to cuidando da minha princesa. - Ele aproximou seu rosto me dando um beijo.

- Obrigada por estar comigo nesse momento. - Falei baixo.

- Vou estar contigo em todos os momentos. Pode acreditar. - Miguel me abraçou e logo saímos do hospital.

[...]

Eram mais ou menos dez da noite agora. Eu e Miguel havíamos jantado e agora estávamos terminando de assistir Crush à altura. 

Eu tenho dormido todos os dias no apartamento do Miguel agora, e nem é por opção, ele realmente não me deixa sozinha nem um segundo mais.

Disse que se eu resolvesse dormir no meu apartamento ele invadiria pra ficar ao meu lado.

- É a primeira vez que vi esse filme. - Miguel falou assim que o filme terminou.

- Eu gosto, mas sinceramente achei meio estranho o casal da história. - Ri esticando os meus braços. - Tipo, ele merecia super ficar com ela! Dá pra ver que ele realmente gosta dela de verdade, mas ele ter que subir num caixote pra beijar ela cortou todo o clima. - Miguel gargalhou.

- E se eu fosse mais baixo que você? - Ele segurou meu rosto apertando com uma mão me fazendo fazer um bico. - Ficaria comigo não?

- Acho difícil, eu sou quase uma anã. - Miguel riu de novo e me deu mais um beijo.

O mesmo direcionou sua mão à minha cintura e me deitou no sofá com seu corpo por cima do meu, tudo isso sem separar seus lábios dos meus.

Enquanto uma de suas mãos segurava a minha cintura, a outra se dirigiu a minha coxa dando uma leve apertada.

Minhas mãos rodearam o seu pescoço e por um momento eu esqueci de todos os problemas e perguntas que me cercavam.

Eu e Miguel apenas nos separamos quando o meu celular começou a tocar e no visor dele estava escrito o nome do doutor Josef.

Migiel olhou pra mim com um olhar preocupado e saiu de cima de mim para que eu pudesse pegar o celular e atender.

Alice- Alô?

Josef- Alice? Me perdoe o horário. Mas é uma emergência.

Alice- O que aconteceu??

Meu coração já estava acelarado quando ele disse:

Josef- O estado da Clara se agravou. Uma de suas vias aéreas inflamou ainda mais e nós precisamos leva-la para a UTI. Só queria avisa-la pois... as chances dela sobreviver a isso são mínimas.

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Continua...

O Garoto Das MensagensOnde histórias criam vida. Descubra agora