Faltava menos de dois meses para a cerimônia de casamento de minha mãe, e mesmo que aquele assunto estivesse por dentro de meu cotidiano há mais de seis meses, eu ainda não havia me acostumado – nem me conformado – com a ideia de que minha vida seria completamente mudada e transformada em tão pouco tempo.

Antes fosse apenas um casamento comum.

Em menos de vinte e quatro horas minha casa seria abrigada por quatro pessoas cujo três delas eu não tinha a mínima afinidade. Claro, eu já havia visto os filhos de Michael, ou melhor dizendo, Taylor e Chris em algumas das festas que ele organizou que mamãe e eu fomos convidadas, mas nunca alcancei um diálogo que passasse de dez palavras com algum deles. Acho que os dois, de fato, tinham o mesmo pensamento negativo em relação àquele casamento. Eu tinha absoluta certeza de que assim como eu, os filhos do Jauregui não suportavam a ideia de nossos pais se casarem de forma tão repentina. Mas sim, teríamos que aturar tudo aquilo, quer gostássemos ou não.

Estava claro de que não adiantaria questionar – algo que, bem, eu fazia praticamente todos os dias – pois mamãe não jogaria sua felicidade para os ares, assim como eu nunca faria isso com ela. Por mais que aquilo me incomodasse de forma absurda e exagerada, era a felicidade de minha mãe em jogo. E eu posso confirmar, com toda a certeza do mundo, que Sinu estava mais do que feliz durante aquela dias. Para ser sincera, eu nunca havia visto minha mãe tão alegre e viva antes de tudo aquilo.

Mamãe e eu passamos por muitas coisas durante minha infância. E quando digo muitas coisas, não estou exagerando.

Após o meu pai nos deixar quando eu acabara de fazer seis anos, mamãe não aguentou toda a pressão de ter de cuidar de uma criança. Papai nos sustentava, de fato. Ele tinha um bom emprego que nos oferecia ótimas condições de vida e sempre tínhamos tudo do bom e do melhor. Porém, depois de uma briga de casal inesperada, ele simplesmente foi embora, deixando-nos à sós sem nenhum recurso a não ser as roupas e comida que já tínhamos em casa. Talvez seja esse o motivo por eu tê-lo odiado tanto por todos esses anos.

Com isso, minha mãe teve de procurar um emprego de imediato, obviamente. Mas eu posso afirmar que isso não foi o fim de nossos problemas, de jeito nenhum. Afinal, havia dias em que não tínhamos o que comer em casa e já estávamos nos acostumando com o fato de minha irmã mais nova e eu sempre estarmos doentes pelo fato de que não tínhamos recursos para garantir uma boa clínica médica para nos consultar, muito menos para comprar os devidos medicamentos que precisávamos.

Porém, mesmo com todos os conflitos que tivemos, mamãe não deixou que o sofrimento afetasse tão profundamente em nossas vidas. O tempo foi passando e eu finalmente tornei-me independente, o que amenizou a situação e garantiu melhor chances para que ela se dedicasse melhor em seu trabalho.

Sinu passava os dias inteiros no trabalho enquanto eu cuidava da casa e de Sofia, sendo obrigada a manter esse ritmo sufocante até que, certo dia, mamãe conhecesse Michael Jauregui.

Mike foi de fato a melhor coisa que já pôde ter acontecido para nós. Pareço uma metida a interesseira falando dessa forma, mas não estaria mentindo em dizer que a realidade foi exatamente essa. Assim que começaram a gostar um do outro, Michael ajudou minha mãe a arranjar um bom emprego, e, sendo assim, nossa vida foi rapidamente transformada.

Mamãe conseguiu um emprego propriamente digno, nos sustentando e mantendo nossa casa desde os meus quinze anos, o que não demorou para que recuperássemos a nossa antiga vida que costumávamos ter antes de Alejandro nos deixar.

No entanto, eu podia sim dizer que Mike era um homem bom, e eu ficava feliz por ele fazer a felicidade de mamãe. Mas, bem, isso não impedia de eu não me conformar com aquela ideia maluca de seus filhos morarem em nossa casa sem nem mesmo nos conhecermos direito. Era loucura!

Forbidden Path (Camren)Where stories live. Discover now