Melissa- Correto, queremos denunciar um homem, "ex" marido da minha irmã que agride ela, ele mantêm ela praticamente presa.

Renatinho- Certo, essa é tua irmã? -Me olha sério fazendo meu corpo estremecer,assenti com a cabeça. -Quero saber coé dessa caminhada ai, e quem é esse maluco?!

Melissa me cutuca, dando sinal pra mim contar. Respiro fundo deixando o medo ir embora e começo a falar tudo.

Renatinho- Esse maluco, tá de brincadeira rapá, regra da favela é não agredir mulher. -Pega o rádio falando alguma coisa, e em seguida me olha. -Coé, tu consegue acionar esse cuzão pra nois desenrolar isso ai? -Me olha.

Kimberly- No mínimo não, se ele souber que eu fiz isso, vai querer me matar. -Abaxei a cabeça respirando fundo.

Renatinho- Já é, vou pegar esse malandro nem que seja na marra. -Pausa. -Ás 20:00 quero vocês aqui, pra nós desenrolar isso!

▪ ▪ ▪

20:00

Olhei no relógio e já marcava oito horas, meu coração acelerou, minha mão começou a suar, e minha boca ficou seca.

Eu estava sentindo uma sensação horrível, e um grande aperto no coração.

Desde das 18:00, o horário que Riquelme sai do trabalho, ele não parou de me ligar e de mandar mensagens me ameaçando.

Fiquei aqui na casa da minha irmã, por que se eu voltasse para aquele lugar, talvez agora estaria morta.

Melissa- Vem mana, já estamos chegando. -Segura na minha mão me tirando da minha transe.

Faltava apenas uma rua pra chegar na boca, e a cada passo que eu dava meu coração acelerava e eu me arrepiava.

Melissa- Mermã, eu sei que é difícil pra tu, mais essa é tua chance de ser uma mulher livre, pode ficar calma que vai da tudo certo, você vai ver. -Me abraça fazendo a gente parar em frente a boca.

Kimberly- Tô com medo irmã, só de olha pra ele eu já vou gelar. -Abracei ela forte.

Melissa- Mana, põe uma coisa na tua cabeça, de qualquer maneira ele vai sair daqui morto, ele tá totalmente fudido, a regra da comunidade é não bater nas esposas pô, Riquelme vai pra vala de qualquer jeito.

Kimberly- Não desejo a morte pra ninguém, mas a do Riquelme já passou da hora. -Respirei fundo. -Vamos entrar então. -A chamei.

Ela sorriu, e pegou na minha mão, demos alguns passos nos aproximando dos garotos que estavam lá na porta, e eles ficaram nós olhando.

Melissa- Viemos pro desenrolo. -Fala olhando pros garotos.

Um garoto assente, e abri a porta pra nós, ele entra em seguida, fazendo o mesmo caminho de hoje mais cedo, entramos naquela mesma sala e o tal do Renatinho estava lá sentando falando no rádio.

O silêncio reinava no local, até abrirem a porta e entrarem com Riquelme, ele estava com cordas nas mãos e sua boca estava sangrando, ele me encarou com um olhar horrível, que me fez arrepiar na hora.

Abaxei a cabeça, tentando desviar o olhar,e respirei fundo.

Riquelme- Foi você que fez isso, vagabunda? -Me olha rosnando e em seguida olha pro Renatinho.- Coé, não sei nem por que tô aqui, sou trabalhador pô, devo nada pra ninguém não. -Mente na cara dura me fazendo o encarar.

Renatinho- Cala a boca ai cuzão, não pedi pra tu falar, só vai abrir o bico quando eu mandar, morô. -Me olha. -A mina chego ai toda apavorado falando que tu agride ela, coé dessa caminhanda? Tu tá ligado nas regras da favela, caralho, tu já tá aqui a maior tempão, te conheço e não é de hoje, qual é dessas atitudes ai amigão, explica pra nois. -Diz sério encarando ele.

Riquelme- Iiih, vai acreditar no papo dessa mandada ai!? -Me encara.

Renatinho- Tá chamando a mina de mentirosa agora? -Pausa. -E essas marcas no corpo da mina, toda roxa ai? Foi quem? Ela se bateu sozinha, seu comédia. Passa o papo reto pra nós, que é melhor pra tu.

Riquelme- Sei de nada, pô, nem conheço essa ai. -Mente.

Melissa- Tá louco, Riquelme, na hora de bater na minha irmã tu conhece ela né, mentiroso do caralho. -Pausa. -Ai Renatinho, nois não precisamos mentir não, se fosse mentira você acha mesmo que estaríamos aqui passando por isso? O único mentiroso aqui é esse escroto ai. Só quero que minha irmã fica em paz, e bem longe desse traste. -Se altera.

Renatinho- A mina mandou o papo pô, tu tá errado e você sabe. -Me olha. -A outra ali já me deu papo hoje mais cedo, tu não quer se explicar mesmo? Vai descer pra vala,comédia.

Riquelme- Faz isso comigo não, Renatinho, sou trabalhador pô. Tu vai acreditar em papo de vagabunda?!

Kimberly- Porra Riquelme, nem argumento tu tem cara, assumi logo o que tu fez, é melhor pra ti. -Pausa. -Só quero acabar com isso logo!

Riquelme- Cala a boca, sua puta desgraçada, quando eu sair daqui, vou te quebrar todinha. -Cerra os dentes me encarando e eu encaro ele.

Renatinho- Ae maluco, tu teve tua oportunidade pra se explicar tá ligado, não tem argumento no bagulho, e na moral tá tudo na cara, regra da favela e não bater em mulher, e tu errou e vai pagar. -Ele olha pra um garoto que estava encostado na porta. -Ae Piolho pode levar esse cuzão, joga no microondas.

Riquelme na mesma hora, arregalou os olhos, e me encarou começando a me xingar.

Riquelme- Suas vagabundas, a culpa é de vocês, eu ainda vou voltar pra acabar com vocês, desgraçadas.

O garoto, vai na direção dele e pega no braço dele, o arrastando pra fora, e ele gritava feito um louco.

Passei a mão no rosto respirando fundo, e pensando um pouco, senti um abraço e era Melissa, abracei ela bem forte, esquecendo que Renato estava ali.

Daqui pra frente vai ser tudo diferente, vou recomeçar minha vida do 0, sem ninguém pra me atrapalhar, só vou focar em mim, daqui pra frente!

Recomeçar sempre é necessário!

■ ■ ■

• Primeiro capítulo pra vocês, meus amores. Eu estava super ansiosa pra postar pra vocês, eu espero de todo coração que vocês tenham gostado, eu me esforcei demais pra ficar maneiro.

• Votem e comentem bastante pra me ajudar, bjs. Até o próximo capítulo! 💖💙

RENASCER - MORROWhere stories live. Discover now