quando eu era flor.

eu vim para explorar a rachadura.

nasci do início do século.
logo na entrada,
no começo de tudo isso.
entre a rachadura de dois
espaços temporais distintos.
saí dessa terra descobrindo
o pouco que eu poderia saber
e tentando entender
como esse nada seria o suficiente
para que eu vivesse por tanto tempo.
vivi me esgueirando por todos os lados
como um carvalho velho
que sente precisar ocupar todos os espaços
ao seu redor.
talvez nascer
no começo de tudo
tenha me dado a sensação
de ser a primeira e de precisar
dar um jeito de me ser.
mesmo com galhos envergados
excedendo-me da rachadura do tempo,
guardo a esperança
de voltar à terra antes
dela se abrir de novo
para um tempo diferente
do qual cheguei para fazer parte
e não saberei se fiz bem.

L.