não sei bem.

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não há em mim
sequer um rastro
de quem eu costumava ser
quando descobri que ser
era algo relevante.

o que eu fui
se perdeu no tempo,
nas águas do rio,
transbordando até
a estrada que,
até onde sei,
eu devia percorrer
a pé.

não sei bem
se bem fiz
ou se fui a causa
de minha ruína.
não sei bem
no que me tornei
quando emergi ao sol,
e beijei a face da superfície.

não sei bem quem sou agora
e muito menos quem era
quando abandonei o percorrer
da estrada de areia
e me deitei à correnteza.
não sei se fui
não sei quem sou
não sei quem serei
não sei quem é preciso
que eu seja, afinal.

e por nada saber,
jamais saí do rio
desde que entrei.
deixo-o me guiar
para onde acredita
que devo ir.
a natureza sabe
o que é bom para mim
desde o momento em que
nasci de seu ventre,
há mil anos.

quando eu era flor.Where stories live. Discover now