não há em mim
sequer um rastro
de quem eu costumava ser
quando descobri que ser
era algo relevante.o que eu fui
se perdeu no tempo,
nas águas do rio,
transbordando até
a estrada que,
até onde sei,
eu devia percorrer
a pé.não sei bem
se bem fiz
ou se fui a causa
de minha ruína.
não sei bem
no que me tornei
quando emergi ao sol,
e beijei a face da superfície.não sei bem quem sou agora
e muito menos quem era
quando abandonei o percorrer
da estrada de areia
e me deitei à correnteza.
não sei se fui
não sei quem sou
não sei quem serei
não sei quem é preciso
que eu seja, afinal.e por nada saber,
jamais saí do rio
desde que entrei.
deixo-o me guiar
para onde acredita
que devo ir.
a natureza sabe
o que é bom para mim
desde o momento em que
nasci de seu ventre,
há mil anos.
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quando eu era flor.
Poetryé sobre as flores que nascem entre os vazios do meu âmago. sobre a que me tornei. 2020 | @lenallier Por Lena Allier.