08- Dreams disappeared Parte 2

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Já na escola o dia parecia comum. Vários alunos que admiravam sua representante, a recebiam com "bom dia" caloroso, ela respondia discreta e seguia seu caminho para o banheiro. Chegando lá encontrou duas meninas apoiadas na pia e uma cabine com a porta fechada. Deu uma volta e parou no espelho. O rosto jovial tinha as olheiras escondidas com camadas de corretivo, mas a maquiagem não podia esconder a veia debaixo de seus olhos que latejava de tempo em tempo. Ajeitou a tiara de sua cabeça e disse:

-Meninas, eu preciso tirar umas fotos para a inspeção sanitária, ordem do diretor, vocês poderiam me dar licença por favor?- As duas meninas, devotas a sua  representante nem contestaram, saíram do banheiro quase de imediato, felizes por terem tido algum contato com a garota. Aisha deu dois passos, parou de frente para porta da cabine fechada e ficou parada por alguns segundos.

-Aisha eu sei que é você, dá pra ver seu pé daqui. Você pode me escutar por favor, antes de começar a falar?-Disse Jessica de dentro do banheiro, enquanto guardava seus remédios dentro da mochila.

-Tudo bem, abre a porta por favor.- Responde Aisha, sendo seguida pelo som da trava da porta sendo destrancada. Jessica olhou para a menina na sua frente e logo começou a falar.

-Olha eu entendo que você esteja com raiva, mas entende o meu lado! Mais um pouco eu reprovava e eu não aguentava mais a pressão de ter mais um motivo para decepcionar meus pais, mas pra você tá tudo bem. Sua família ta do seu lado, todos os professores te apoiam, todo mundo sabe seu nome e eu sou só a menina que anda do seu lado, ninguém me vê como nada além...-Jessica diz nervosa com como sua amiga poderia reagir.

-E você tinha feito uma pintura tão incrível e não achei certo como você consegue ser tão boa em tudo e...- A menina é interrompida.

-Eu te entendo, Jessica.- Responde Aisha, mantendo sua feição séria.

-Ai sério, amiga? Meu Deus, eu tava com tanto medo de você estar com raiva de mim!- Aisha agora passou a caminhar em direção a porta de entrada do banheiro.

-Porque tipo, você sabe que tudo que eu disse é verdade e eu não tenho culpa se você não coloca sua assinatura nas pinturas né.-A porta de entrada agora foi trancada.

-E ninguém sabia que você pintava mesmo, então tudo continua normal. A gente ainda é amiga né?- Aisha voltou em direção a Jessica. A garota sorri seca olhando para o chão e logo começou a falar:

-Você tá certa, eu sou perfeita, todos sabem meu nome nessa escola e com certeza eu sou fonte de orgulho para os meus pais graças as notas que eu tiro sem esforço algum certo?-Aisha caminha devagar para mais perto de sua amiga, que parecia perder o alivio de pouco a pouco.

-Ninguém sabia quem você é e agora é bom ser reconhecida, não? Ter pessoas chamando por você nos corredores, te elogiando na internet, até alguns rapazes interessados. Isso tudo é incrível e fico feliz que tenha conquistado.-Mais um passo.

-Mas achar que você só teria isso roubando de alguém que você mesma colocou num pedestal, só te faz mais patética do que antes.- Jessica caiu sentada no vaso se encolhendo de medo e começou a dizer rindo de nervoso:

-Unnie, para, ta me assustando.

-O que é realmente uma pena, porque você me encorajou a fazer algo que eu nunca imaginei que faria. E você não precisa mais se preocupar, com certeza absoluta, todos vão lembrar de você. Eu vou fazer questão para que nunca se esqueçam.

Aisha ergueu o braço, agarrando o cabelo de Jessica e deu dois socos fortes em sua cabeça, fazendo a menina gritar por socorro. Os pedidos não importavam, ela mal podia ouvi-lá.  Ainda com a mão no cabelo de Jessica, Aisha puxa ela para que se levante, e em seguida, bate sua cabeça no vaso repetidamente até que a garota parasse de gritar. Toda energia que manteve o corpo de Aisha estático e atrapalhou o sono dela era depositada ali. Seu olhar não saía da imagem da cabeça de sua amiga batendo na cerâmica, fazendo gotas de sangue mancharem o chão. 

Aisha para seus movimentos percebendo que Jessica estava desacordada. Levantou deixando o corpo da menina no chão e foi molhar as mãos, fazendo a água se dissociar no sangue em seus braços. Caminhou ate a bolsa da menina, tirando os remédios que a mesma tomava e jogando pelo vaso cinco pílulas. Olhou novamente para menina que agora tinha uma cicatriz aberta na testa, sangrando. Respirou fundo e correu para fora do banheiro gritando por ajuda.

-Por favor a-alguém ajuda a Jessica! POR FAVOR ALGUÉM- Ela se jogou no corredor chamando atenção de todos que passavam por ali, logo transformando numa confusão. Algumas meninas abraçavam Aisha preocupadas, tentando lhe dar conforto e entender o que havia acontecido com ela.

-E-ela tava tomando aqueles remédios dela pra acelerar a circulação, só que ela tomou vários e-e do nada ficou agressiva vindo na minha direção querendo me bater, eu n-não soube o que fazer, só tentei desviar, m-mas acabei empurrando o corpo dela e ela bateu de cabeça na pia... meu Deus eu só quero que ela fique bem.- Aisha gritava, chorando deixando a todos ainda mais desesperados.




-Chamaremos para subir ao palco agora, a nossa representante do grêmio estudantil, e que presenciou de perto o ocorrido.- Diz triste o diretor de cima do palco para a multidão de estudantes que se mantinham abismados com as informações.

Aisha faz seu caminho para o palco tímida, parou de frente ao microfone e começou a falar:

-O que houve com a minha amiga Jessica, foi um desastre terrível. Eu sempre soube das pílulas que tomava, mas a quantidade sempre foi dosada, com o passar dos dias eu acabei percebendo que suas atitudes comigo haviam mudado. Ela quase sempre ignorava as minhas mensagens e  quando eu a perguntava o que estava acontecendo, ela ficava agressiva. E naquele dia, em específico- Aisha engole seco, quase como se segurasse as lágrimas.

- Eu vi de perto o que aqueles remédios podiam fazer, quando ela gritou comigo, pediu que eu parasse de falar. Eu não sabia o que fazer, até ela apoiar as suas mãos no meu pescoço e gritar comigo, dizendo que a minha petulância não deixava ela ser reconhecida e  por isso ela era sempre a minha sombra. Eu não tive reação, sempre deixei claro para ela a nossa intimidade e como ela podia contar comigo para tudo. Se eu soubesse que era isso que a angustiava tanto... Até que seus ataques ficaram mais fortes, eu tentei escapar e pedir ajuda, mas a força que ela usou era tanta que...-Aisha interrompe seu discurso enquanto todos os alunos e professores sentados pareciam afetados demais com o que a menina falava.

-Tanta que ela acabou caindo, com a cabeça em cima da pia e eu só tentei ajudá-la... Infelizmente, Jessica ainda está internada no hospital Huimang, caso alguém queira passar para visitá-la, faremos visitas com horários marcados entre os alunos. E por conta desse acontecimento, eu e o grêmio decidimos ampliar nossos cuidados com educação e saúde mental na escola. Juntamos uma vaquinha e doamos uma quantia considerável para a fundação que supervisiona e cuida de adolescentes depressivos . Eles, como agradecimento, mandarão dois psicólogos que servirão de prontidão para a escola. Vamos transformar esse lugar para que quando Jessica volte, essa escola esteja pronta para recebe-la assim como qualquer outro aluno enfrentando o mesmo problema. E lembrem-se: a transformação maior vem de dentro.

Todos levantaram e aplaudiram Aisha pela sua atitude. Admiravam como a menina enfrentou todos esses problemas e ainda assim defendeu sua amiga, fazendo o melhor não só por ela, mas pelo restante dos alunos que poderiam passar pelo mesmo. Quando Jessica voltou para escola, todos mantinham o seu nome na boca, mas não como elogio. Pareciam ignorar a intenção de todas as falas de Aisha e repudiavam Jessica por ter feito tanto mal a sua querida representante. A menina era perseguida, ofendida e abusada. Ela tentou dizer a sua versão sobre o que aconteceu naquele banheiro, mas  isso só piorou. A situação foi a mesma até o dia em que a menina saiu daquela escola.

Aisha, por sua vez, seguiu sua vida normalmente, como se nada daquilo que viveu tenha lhe guardado ressentimentos. Agora, porém, toda vez que passava pela porta da escola e via sua pintura, se lembrava do que sonhou como a reação dos seus pais vendo sua vitória.

TRUST NOBODY 》KIM NAMJOONNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ