Capitulo 75

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Keth narrando

Medo e desespero, as duas palavras que me definiam nesse exato momento, eu sentia um aperto no peito, como se algo fosse acontecer.

- Amiga fica calma, você tá grávida - Melissa alisa meus cabelos percebendo minhas mãos trêmulas

- Eu to com medo - digo tentando controlar minha respiração

- Todas nós estamos - Sara diz

Me sento no chão e abraço minhas pernas, fecho meus olhos e tento pensar em outra coisa a não ser os barulhos dos tiros lá fora. Os minutos se passavam mais pareciam horas, cada vez os tiros aumentava e o meu medo também.

- Nunca acaba - Duda diz roendo as unhas

Minha mãe senta do meu lado, encosto minha cabeça em seu ombro e tento ficar mais calma por conta do meu bebê.

[...]

Já fazia umas duas horas que estávamos ali e nada dos tiros pararem, ate que do nada o barulho parou e um silêncio horrível tomou conta da favela, escutamos a porta da sala ser arrombada e eu do um pulo de medo.

- Meninas - escuto a voz de desespero do Enzo

- Estamos aqui! - Sara diz levantando do chão

Sara abre a porta e agarra o menino dando um abraço apertado, e só tinha ele ali.

- Cadê o Gustavo? - Lari diz tensa

Enzo olha pra Lari, mais muda seu olhar pra mim, me olhando mais tenso ainda.

- Keth... - ele diz e abaixa a cabeça

- O que aconteceu? - digo já com lágrimas nos olhos

- Pegaram ele - diz Enzo

Saio daquele cofre correndo, saio de casa e vou correndo pelos becos procurando o Matheus, minha vista estava embaçada e eu não sentia minhas pernas, até que vejo uma rodinha com vários policiais com várias armas gigantes apontadas pro Matheus que estava de joelho no chão de cabeça baixa.

- NÃOOOOOOO.... - grito olhando aquela cena com uma dor no peito gigante

Os policiais se assustam e olham pra mim, Matheus reconhece minha voz e me olha com uma certa vergonha. Vou correndo até ele mais sou barrada por vários policiais.

- Não encosta em mim - empurro um e ao mesmo tempo ele aponta uma arma pra minha cabeça

- Abaixo isso agora! - diz um cara com a voz grossa atrás de mim - Libera ela - encaro o cara

Ignoro aquilo e vou até Matheus empurrando todo mundo, me ajoelho e seguro seu rosto.

- Não faz isso comigo - digo soluçando

- Desculpa marrentinha - ele me olha abatido

- Não me deixa Matheus - encaro seus olhos e o abraço com toda minha força, sinto suas mãos nas minhas costas me prendendo contra seu corpo

Eu chorava tanto que eu já havia molhado sua camiseta, eu sentia tristeza, meu coração estava em pedaços, eu não sentia nenhuma parte do meu corpo só meu coração doendo. Sinto seu nariz no meu pescoço e seus braços me apertam mais ainda, ali eu me permito chorar mais ainda.

- Se cuida tá - ouço sua voz no meu pescoço

- Não me deixa sozinha, por favor luta contra isso - me afasto dele e encaro seus olhos

- Chegou minha hora baixinha - ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha

- Não me larga assim amor - digo e sinto meu rosto molhado

- Eu te amo muito, cuida da nossa cria - ele passa sua mão direita na minha barriga

- Matheus não.... - eu ia dizendo mais sinto sua mão na minha nuca me puxando pra ele

Sinto seus lábios gelados nos meus, abro minha boca e sinto sua língua invadir com uma certa rapidez, enrolo minhas mãos no seu cabelo e puxo ele pra mim, em questão de poucos minutos ele encerra o beijo me dando um selinho demorado e um abraço quente.

- Chega, pega ela - sinto uma voz grossa e logo alguém puxa meu braço com muita brutalidade

Dois polícias pegam o Matheus e jogam ele com muita força contra o carro, algemam ele e o mesmo me olha, um dos polícias que só observava, abriu a porta, Matheus me olha e diz "Eu te amo" mais sem nenhum som da sua boca, ele encara minha barriga e vejo uma lágrima descendo sobre seu rosto. Os dois caras que seguravam ele joga o mesmo dentro do carro e saem com o carro cantando pneu. Sinto uma mão em meu ombro me viro com a pior cara de choro e vejo minha mãe.

- Vem minha filha - ele me abraça apertado e ali eu choro mais ainda - Vamos pra casa - ela diz baixo

Caminhamos até minha casa e encontro todos os meninos de cabeça baixa sentados no sofá, olho pra eles e subo correndo pro meu quarto, deito na cama e me permito chorar muito.

Nunca imaginei que isso fosse acontecer, ver ele sendo preso na minha frente, me partiu o coração, eu chorava tanto que meu olhos já estavam vermelhos e minha barriga doía de tanto soluçar, eu tentava me acalmar por conta do bebê, mais eu não conseguia, só de lembrar daquela carinha sem vergonha dele eu chorava.

- Filha eu sei que você quer ficar sozinha, mais o assunto é sério - minha mãe abre a porta do meu quarto e senta na cama

Não respondo ela, apenas me sento e limpo meu rosto.

- Como o Matheus foi preso, Rocinha pertence aos policiais agora, então os meninos não podem ficar aqui - diz com toda sua calma

- Aonde eles vão? - pergunto com a voz baixa

- Todos nós vamos pro morro do Jacarezinho, os meninos já falaram com o dono de lá - ela levanta e para na minha frente

- Tá bom - digo e me levanto também

Amália me abraça e logo sai do meu quarto, vou até meu banheiro e tomo um banho quente e tento esquecer aquela cena, mais estava difícil. Saio do banho e coloco uma roupa qualquer, pego uma bolsa pequena e coloco minhas roupas e alguns acessórios, pego meu celular e saio do quarto.

- Bora - Pedro levanta do sofá assim que me vê descendo as escadas

Então bora...

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