21 | Can't make sense of nothing

Start from the beginning
                                    

- Sua cama? - ele parece confuso.

- É, minha cama. Dá licença, estou com fome.

Pego as comidas, a garrafa e a taça do chão e coloco na cama, obrigando-o a ir mais pra trás. Ele está encostado na parede agora, onde ficaria a cabeceira da cama se ela tivesse uma e eu no lado oposto, no final da cama, encostada na parede lateral.

- O que você está fazendo no meu quarto? Vai pro seu.

- Não gosto do meu.

Só agora percebo a música tocando no quarto, diferente da que está tocando na festa.

- Então vai pra outro quarto. É um hotel, quarto é a última coisa que vai faltar. - Abro o pacote do lanche ouvindo minha barriga roncar.

- Tem lanche aqui? - Adrien cai da cama e fica em pé em questão de segundos. Não sou a única com fome de comida.

- Se você comprar tem. Eu comprei os meus e custaram caro, então se não tiver nada a oferecer em troca pode ir esquecendo.

Mordo um dos lanches e é tudo o que eu precisava. Uma boa dose de gordura no corpo.

- Tenho vinho. - Ele pega duas garrafas que estavam no tapete, encostadas na cama.

Dei um dos lanches para ele de má vontade.

- Então... não sabia que você dançava.

- Era para continuar não sabendo.

- Por que você está tão mal-humorada? - ele vira o rosto pra mim e morde o lanche.

- Eu estou como todos os dias, Adrien. Nós não somos amigos e de repente você está amigável, não sei o que esperar de você.

- Você me chamou de Adrien. - Ele aponta.

- Eu sempre te chamei de Adrien.

Ele nega com a cabeça.

- Você me chama de Agreste.

- Eu sempre te chamei de Adrien, só não na sua frente.

Ele escolhe ficar quieto já que não sabe o que dizer. Essa situação toda está estranha. Ele na quase minha cama, conversando comigo quase sem ofensas e comendo o lanche quase dele.

- E por que não na minha frente?

- Você me chamava de Dupain.

- Porque você me chama de Agreste. Eu já te chamei de Marinette e de M... pelo seu apelido uma vez.

- Sim, foi constrangedor para você.

Ele encosta a cabeça na parede e dá risada.

- A gente é muito fresco - comento baixinho. - Estamos comendo lanche de rua com vinho.

- Você é fresca, quer dizer.

- Você também está tomando vinho.

- Mas não fui eu que trouxe, estava aqui quando eu cheguei. E como esse quarto é seu...

Eu dei um lanche de graça para ele sem querer. Reviro os olhos. Estou prestes a responder quando a música que estava tocando no quarto muda para outra muito mais alto do que deveria, tornando impossível ele de escutar qualquer frase afiada que eu diga em resposta.

Ele procura o controle remoto na cama para abaixar o volume mas não consegue encontrar, então levanta procurando pelo quarto. A música acaba e nada do controle, em um acordo silencioso deixamos assim mesmo.

Uma playlist das antigas aparece na tela e Beautiful Girls começa a tocar. Adrien parece ter um mini surto.

- O que foi?

- Vai dizer que não conhece essa música? - ele está incrédulo.

- Óbvio que eu conheço.

Ele responde algo que eu não escuto, caindo na cama logo em seguida com uma escova de cabelo como microfone.

- You're way too beauuutiful girl - ele canta desafinado e coloca a escova perto da minha boca.

- Não vou cantar. - Digo rindo.

- That's why it'll never work - ele continua e estende mais uma vez a escova esperando o resto da música.

- You'll have me suicidal, suicidal, when you say it's over. - Cedo a vontade dele que só precisava de um pouco de corda para se levantar e cantar junto do Sean Kingston, pegando a torta de limão e colocando na estante embaixo da televisão perto dele.

Não por isso, pego o meu doce de chocolate e a taça, também colocando lá e fazendo o back vocal para ele.

- Você está bêbada? - Adrien pergunta assim que a próxima música acaba.

- Não, por quê?

- Você está conversando normal comigo.

- Sim, porque você está bêbado e um pouquinho menos chato, mesmo tendo me forçado a dividir a minha comida.

Ele sorri.

- Não estou bêbado.

Aligned | Adrien AgresteWhere stories live. Discover now