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        MELODIA DAS TREVAS
    The Heart Wants What it Wants
– Selena Gomez


A música sempre foi a melhor escapatória da realidade. As notas mostram-nos o nosso refúgio e a melodia leva-nos calmamente até lá. São como uma equipa, se uma falha a outra também irá falhar. Uma depende da outra.
Peguei na caixa de música com detalhes a lilás e dei há pequena manivela que tinha do lado direito. Uma música de embalar sombria e familiar começou a preencher a sala vazia. Ouvi a misteriosa melodia, e a cada nota uma boa memória invadia a minha mente. Memórias de quando eu era pequena e tinha uma vida simples e feliz. Uma vida sem segredos.

- Ainda funciona...depois de tantos anos... – esta caixa sempre esteve comigo desde o meu nascimento. Era parte de mim e do meu tortuoso passado.
A música sempre irá contar mais sobre mim, do que alguma vez palavras poderão.

*****

O melhor café do Reino da Água era sem dúvida o “Aquaholic”. Nisso não havia discussão.
Estávamos os quatro, em silêncio, a beber um batido azul de amora há espera do nosso novo treinador que os reis escolheram para nós.

- Este batido está mesmo bom, não está? – perguntou-se Rose enquanto bebia o seu batido por uma palhinha amarela.

Nós ainda não estávamos bem. O ambiente ainda estava tenso mas ao menos agora já nos olhávamos nos olhos.

- Sim, esta mesmo. – concordou o Dylan.

- Tu só dizes coisas insignificantes dessa boca para fora, Rose? – de todos nós o Adler era o que estava mais sentido. Eu compreendo-o. Ele abriu-se com a Rose e ela não reagiu muito bem, ele tem razão nesse aspecto, mas isso já passou. Vamos mesmo deitar fora anos de amizade por causa de algo que dissemos sem pensar?

- Consegues ser mesmo parvalhão quando queres! – gritou o Dylan e vi algumas pessoas a olharem para nós. Claro que ele não iria perder a oportunidade de dizer aquilo.

- O que é que tu disseste, parvalhão? – era estranho ver o Adler chateado como agora. Era algo raro que acontecia uma vez por ano. Ele era o mais calmo do grupo e hoje parecia o Dylan 2.0.

- Já chega! – gritei e dei um murro na mesa quase virando os batidos. Eles calaram-se e olharam para mim. – Não acham que já foram longe demais? – olhei para todos e nesse momento eu senti-me como se fosse a mãe deles a dar-lhes um sermão. – Primeiro não falávamos uns com os outros e agora estamos sempre a discutir!

Antes de eles dizerem alguma coisa alguém arrastou um cadeira fazendo um barulho irritante, e sentou-se na nossa mesa.
Essa pessoa era um homem na casa dos trinta com cabelos castanhos até os ombros e olhos azuis. Reparei que também tinha um barba e um brinco na orelha direita.

- Desculpa, quem és tu? – perguntou o Dylan quando viu-o o homem a pegar no seu batido e a bebê-lo pela palhinha.

- Eu posso fazer-vos a mesma pergunta por eu não estou a reconhecer nenhum de vós. – pousou o batido quando o bebeu todo e pegou noutro.

Que raio! Quem é este senhor e porque está a falar connosco?

- O que quer dizer com isso? – perguntou-lhe a Rose timidamente. Ela era sempre demasiado tímida com pessoas que não conhecia mas quando ganhava confiança era diferente.

– Vocês é que são os líderes do amanhã? – perguntou o estranho homem. Acho que já era a hora de falar!

- Sim tem algum problema com isso? – já que a simpatia não estava a funcionar com este homem era altura de eu falar e saber quem é este estranho.

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora