𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬

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PACTO DE SANGUE
Hat Trick - Lexus Liu

Eu rodopiava pela minha enorme sala fazendo com que o meu vestido se levantasse. Eram poucos os momentos em que eu me podia sentir assim, livre. Livre como um pássaro.

Em toda a minha vida nunca tive a liberdade de escolher o que eu queria, de fazer o que eu queria ou de ser quem eu queria. Sempre me ditaram regras. Regras que eu nunca poderia quebrar. Mas toda a gente quebra as regras por alguém especial. Não é verdade, Rainha Scarlet?

*****

Caos. Esse era uma palavra que se ouvia muito nos últimos dias. Desde que o meu Conselho Real foi anunciado todo o povo demostrava desaprovação e medo. Eles não entendiam. Para eles aceitar uma diferença tão grande como esta era difícil. Mudança era algo que uma rainha nunca podia fazer. Tinha de ser sempre a mesma coisa, coroada no mesmo sítio, ter um conselho aceitável e usar sempre os mesmo vestido compridos. Mas eu não queria isso. Eu queria ser diferente e fazer a diferença.

- Estás a ouvir-me? - perguntou-me a Susan enquanto cozinhado algo que cheirava muito bem. Ela já estava há uma hora a falar-me do seu tempo de adolescente e de como todos os rapazes andavam atrás dela na altura. E eu acredito, a Susan era muito bonito na altura, e ainda hoje tem o seu charme.

- Sim, claro que estou.

- Pois, claro que estás. - não estava. Ainda estava com a cabeça no meu povo. Bem na desaprovação deles. Enquanto eu tentava avançar para o futuro eles insistiam em puxar-me para o passado.

- Scarlet! Onde estás? - ouvi o Hector a berrar pelo castelo. Pelo barulho das suas botas a descer as escadas principais do castelo devia vir do meu quarto.

- Susan, vou-me esconder atrás do cesto de cereais e depois assustá-lo está bem? - o Hector odiava que lhe pregassem sustos. Ainda me lembro que em criança eu sempre lhe fazia isto.

- Sim sim, ele vai morrer de susto! - exclamou a rir-se. Adorava a relação deles os dois. Havia alturas que eram como o cão e o gato, sempre e discutir, mas lá no fundo eram bons amigos.

Vi o Hector a abrir a porta com força e a entrar pela cozinha a dentro. Olhou à volta para ver se me via e quando não me viu sentou-se na cadeira em que antes estava sentada

- Aquela rapariga. - disse-me cansado. Provavelmente andou pelo castelo todo há minha procura. - Como é que ela desaparece sempre do nada?

- Já há dezasseis anos que me pergunto isso, e queres saber? Ainda não sei a resposta. - riu-se e deu um copo de água ao Hector. - Bebe antes que tenhas um enfarto homem. Pareces um cão a arfar. - ele riu-se e abanou a cabeça para o lado como se não estivesse a acreditar no que ela dissera.

Sai devagarinho detrás do saco com cereais e fui me aproximando lentamente do Hector. Quando ele levou o copo à boca foi aí que gritei e toquei nos seus ombros aos mesmo tempo. Ele cuspiu a água toda da boca acertando na Susan. Meu deus! Ele vai ser um homem morto.

- Scarlet! - gritou o Hector. - Estás maluca? - e quando é que não estou?

- Devias ter visto a tua cara! - exclamei a medida que me ria. E por falar em caras a cara da Susan não estava nada amigável. Estás tramado Hector!

- Senhor Hector! Você molhou-me toda! Veja no estado em que me deixou! - ela gritou e logo foi buscar um pano para se secar.

- Me desculpe Susan, mas foi por causa da... - ele ia-me culpar de ter cuspido a água para a Susan?

- A menina não fez nada! Ou vai dizer-me que ela controla a sua boca? - ele ficou sem palavras quando ela disse isso. - Pois bem me parecia. - a Susan adora-me demais para deitar as culpas para mim.