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A próxima paragem era a Dimensão da Madeira. Mais precisamente o nosso destino era só a aldeia mais pacata de todas as dimensões, a Aldeia da Madeira.
Aqui a energia era incrível. Toda a gente se conhecia e se cumprimentava na rua, todas as crianças brincavam à corda ou na montanha-russa de madeira e haviam pessoas a cantar e a dançar nos parques. Era lindo de se ver.

- O que estamos a fazer na aldeia que vence todos os anos o título de "Sítio Menos Visitado em Todo o Universo"? - perguntou-me o Hector.

- Quando uma pessoa quer se esconder para onde achas que ela viria?- perguntei-lhe já dando uma pista da pessoa de quem eu estava à procura.

- Sei lá... para debaixo duma ponte. - tentou. Ele era péssimo neste jogo.

- Ou talvez na aldeia menos visitada. - disse o óbvio e o Hector ficou a ponderar murmurando um "É talvez".

- Então desta vez o infeliz quem é? Pera, não me digas que é o meu cão? - disse ironicamente. Ele ainda estava um bocado amuado por causa daquilo do primo dele.

- Não digas disparas, nem sequer tens um cão. - disse-lhe enquanto andava pelas lojas à procura do único estabelecimento médico deste sítio. Era lá que estava o meu escolhido. Até que encontrei uma placa que dizia "Sem magia, apenas sorte". Tinha de ser o Curandeiro. - Ali! É ali que o escolhido vai estar. - olhei para trás mas o Hector já não estava ali. - Hector? Onde estás?

- Chamaste-me? - olhei para trás e só posso dizer uma coisa. Os meus olhos nãos estavam preparados para ver aquilo. - Então gostas? - não! O Hector estava vestido com uma camisola que dizia "Árvore hoje. Lenha amanhã" e com uns óculos em forma de lenha a condizer com os chinelos em forma de árvore. Aquilo era demais para os meus pobres olhos.

- Sim estás lindo. Agora vamos para ali! - disse e apontei para o estabelecimento.

- Um médico? Não me digas que é um ajeijadinho? Bem sempre é melhor que o meu primo Scarlet! - exclamou chateado mas eu já ia a correr em direção ao estabelecimento.

Abro a porta do estabelecimento e vejo que aquilo era mais pequeno do que eu pensei. Era tipo um hospital caseiro, que tinha vários clientes. Estava a admirar a decoração quando ouvi uma mulher a falar com uma mulher que devia ser sua amiga.

- Sim ele é incrível. A minha filha mancava de um pé e desde que a trouxe ela já não manca mais, até corre!

- Isso é bestial. Já me disseram que ele também consegui por a Tina, a velhota do café, a ver outra vez.

Este curandeiro era melhor do que eu pensava. Eu tinha ouvido falar que ele curava doenças mas agora que cura pessoas cegas, acho que isso já é demasiado incrível.

- Ei, não me digas que o teu escolhido é o Curandeiro. - comentou o Hector. Ele também não gostava de nenhum dos meus escolhidos.

- Pois, lamento desiludir-te mas é ele mesmo o meu escolhido.

A senhora que estava num balcão levantou-se e vi toda a gente na esperança de ela chamar o nome deles.

- Menina Anna, pode entrar.

- Posso levar o meu avô comigo? - disse alto levantando-me da cadeira e, que me tinha sentado.

- Sim pode. - respondeu-me de volta. Hoje de manhã tinha ligado para aqui para marcar uma consulta pois eu era a adolescente que ouvia mal de um ouvido e me chamava de Anna.

- Anna? Avô? - perguntou o Hector. Aí ele é tão tono.

- A memória dele já não é o que era antes. Idosos! - exclamei a rir-me nervosamente. Puxei o Hector pelo braço fazendo levantar-se da cadeira.

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora