Vigésimo Terceiro

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São tantos poemas e cartas que lhe escrevi que nem consigo recordar. Tantos versos, palavras que meus dedos traduzem da minha mente perturbada que eu não cobro nada de você, nem que os leia. As coisas que penso, que deduzo e questiono deviam ser íntimas, mas eu gosto do exposto, gosto do visceral, gosto de mostrar que meu sangue é vermelho e que tudo que eu sinto é imenso. Hoje lembrei de nós. Hoje me perguntei o que aconteceu. Hoje chorei de saudade e de nostalgia. Hoje lembrei que é passado e que o rio nunca é o mesmo. Hoje entendi que somos uma via de mão dupla, mas que só minha moto ainda anda. Hoje realizei que você não sente a falta que eu sinto e que não quer me ter por perto tanto quanto eu quero. E tudo bem. Meu sangue já não é novidade, ele já jorrava muito antes de você.

Uma dose de memória para embriagar a solidãoWhere stories live. Discover now