Aquela briga era um sinal do fracasso por causa dos defuntos. Ndira sempre dizia que o casamento sem as regras nunca é o esperado e isso começava com intrigas fúteis.
Mesmo tendo pedido paz, depois de alguns minutos Nicholas subiu para o quarto. Quando percebi fingi estar a dormir.
- Mweti!... chamou carinhosamente. Mweti... Repetiu.
Me deixa ver seus olhos... quase que eu caí, mas resisti.Foi então que Nico aproximou, subiu na cama e de trás me envolveu em um abraço.
"Eu sei que não estás a dormir, sei também que estás magoada, na verdade és ainda uma criança, eu não sei se isso é certo ou errado. Eu estou preocupado, amor, entendes?"
Minhas lágrimas rolaram espontaneamente, sem barreiras ouvindo aquilo, minha aflição denunciou pois eu respirei fundo. Nico continuou a falar
"Eu não sei se é verdade ou não o que dizem, e na verdade nem tu sabes. O amor nos fez chegar aqui e nós ignoramos a razão. Não sei você mas eu sinto sim, um amor puro que em dados momentos me põe em apuros, por favor, deixe-me ver seus olhos". Mais uma vez ele pediu.
Eu ia me virar, mas naquele exacto momento senti mija caíndo sem eu poder segurar, quando olhei fiquei em pânico e me virei dizendo:
- Ai meu Deus, estou menstruando.
Então as coisas começaram a fazer sentido. Não eram defuntos, eram cólicas e aquela briga era TPM. lol
Nwatsukunyane contara como isso era. E também me ensinou a tratar da menstruação, e com sorte eu tinha levado minhas capulanas.
Enquanto isso as buscas na casa grande continuaram.
Ndira culpava aos papás pela nossa fuga e Esmeralda se afogava em suas lágrimas.
Telaisa Narrando:
Papá ficou com dor de ver a mãe. Meus planos com Mweti tinham fugido e meu irmão sozinha me tinha deixado.
O que aqueles dois macacos achavam que uma criança faria no meio de adultos chatos e perturbados? Deveriam ter me levado junto.
Eu era esperança, Mweti sempre dizia isso. Mas eu era só uma para quatro pais.
Minha mãe não comia desde o dia que se foram e nem saía do quarto, Ndira vivia dando lição de moral para casa toda.
Papá foi ter com a mamã no quarto...
- Mulher, eles estão bem. São duas pessoas espertas e eles vão voltar.
- São Luana e Nicholas. Uma criança e um recém jovem, que só queriam trilhar passos próprios e nós proibimos.
- Não fazia sentido, Mulher. São irmãos.
- Não, eles não são. Mas nós não estávamos prontos para a conversa. Para Nico tudo queremos escolher, amor, curso... Ele saturou e fugiu dos nossos cuidados. E sabe o que mais me maltrata?
- Não.
- Meu filho queria meu apoio, procurou de todas formas e não teve. Sempre fui uma mulher boa, que não contestava nada do que dizias e por isso fiquei sem o filho.
Papá não sabia o que dizer e deixou a mamã se afogando no choro dele. Não era do feitio dele assumir erros.
Localização: Inhambane, casa dos Aguiar
Depois de tratar da minha menstruação, em seu peito deitei minha cabeça e com calma nós conversamos.
- Nico!
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Coisas de tradição: Um amor amaldiçoado
Short StoryDesde tempos remotos, África é um continente que tem uma tradição que me é estranha. As vezes penso que não sou Africana. Acontecem coisas nesse continente que não sabemos explicar, e Moçambique não foge a regra, Lourenço Marques, muito menos. Claro...
Primeira menstruação.
Começar do início