- Acho que vou desmaiar. – exclamou o Adler baixinho.

Eles nunca viram a morte há frente dos seus olhos ao contrário de mim e o do Dylan. Nós já passamos por todo esse sofrimento mas eles não. Eles nunca viram um corpo sem alma. Sem vida.

- Não posso acreditar. – disse-me o Dylan ao meu lado. Eu também não me acreditava que estava a ver o nosso treinador morto com uma faca no coração.

Olhei para o Dylan e antes de correr até o seu corpo no chão vi que em cima estava escrito algo com sangue.

- “Morri porque vi algo que não devia”. – li alto as palavras que escorriam sangue que devia ser do treinador.

Ouvi o Caleb, o treinador, a tossir e eu e o Dylan corremos até lá. Agachei-me há beira do seu corpo e ele agarrou-me a mão sujando-a com sangue. Não era a primeira vez que tinha as minhas mãos com sangue de outra pessoa.

- Pai por favor! Pai! – gritei quando caí de joelhos há beira do corpo do meu pai. Mataram-no. Ela matou-o porque ele estava a tentar ajudar a minha mãe. – Pai!

Ele tentou abrir os olhos cheios de lágrimas e agarrou na minha mão com cuidado. Eu estava a chorar e as minhas lágrimas estavam a cair pelo seu corpo quase sem vida.

- Não chores, querida. Está tudo bem. Vai tudo ficar bem. – estas foram as últimas palavras dele. ”Vai tudo ficar bem”. Como se isso fosse possível. Quando ouvi o seu último suspiro soube que as coisas nunca mais iam ficar bem.

Quando a última lágrima me caiu, eu levantei-me com as minhas mãos ensanguentadas com o sangue do meu pai e aí a realidade bateu-me. Os meus pais estavam mortos e nada os traria de volta.

- Caleb por favor! Caleb! – gritei já com a minha voz a falhar. Eu não o conhecia tão bem como eles os três mas mesmo assim era uma pessoa. Uma pessoa que tinha família e amigos. Uma pessoa que ia fazer falta.

- Aproxima-te. – disse muito baixinho o Caleb. Eu aproximei o meu ouvido dele com cuidado e senti a sua respiração a falhar. Já tinha ouvido este tipo de respiração antes. Ele ia partir. – Foi o... – e antes de me dizer quem era, ele partiu.

- Quem? Foi quem? Caleb! – disse baixo também mas ele já não me iria responder. A sua alma tinha partido e o seu corpo ficado.

Quem era o seu assassino? E o que tinha o Caleb descoberto para terem de o matar por isso? Que segredo ele encontrou que o obrigou a despedir-se da sua vida?
É a verdade o que dizem, um segredo mal guardado é como uma faca no coração. E foi isso que aconteceu ao Caleb.

- Ele está morto? – o Tyler perguntou-me e por um momento tinha-me esquecido que ele estava aqui. Eu acendei que sim com a cabeça sem tirar os olhos do Caleb. Larguei a sua mão com cuidado pousando-a no seu corpo.
Ouvi um barulho de algo a cair e um grito da Rose. Olhei para trás de mim e o Adler estava inconsciente no chão.

- Adler! – gritei.

       *****

Morte e vida. Nenhuma magia é capaz de controlar isso. É algo incontrolável, poderoso e principalmente impiedoso.
Dizem que a vida e a morte estão apaixonadas desde sempre. A Vida escreve uma história e usa as pessoas como cartas. Quando elas chegam ao seu destino, a Morte mantém as cartas para sempre. Mas será isso verdade?
Cheguei a uma altura em que a vida para mim já não é sobre viver mas sim sobreviver. Agora compreendo que andamos neste jogo que é a vida já sabendo que vamos perder. Já sabendo que no final vamos morrer. Mas será que é isso que importa? Será que a jornada é mais importante que o final? Ou será tudo apenas mais uma mentira?

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora