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PALAVRAS DE SANGUE
Human – Christina Perri


Eu andava pelo cemitério, apenas com a lua cheia a fazer-me companhia. Já estava habituada a esta triste solidão. Eu vivi com ela toda a minha vida.
Tinha um pequeno saco preto nas minhas mãos, e com cuidado tirei de lá uma delicada rosa branca como a neve. Ao olhar para a rosa, lembrei-me logo dela. Da mulher que transbordava sempre luz e alegria a todos há sua volta. Ela era única. Era aquele tipo de pessoa que iluminava uma sala escura com apenas um sorriso.

- Para ti Aurora. – disse ao pegar na rosa branca  que ficou logo negra ao meu simples toque. Pousei-a em cima da sua campa e sentei-me a olhar para a alma sem vida que um dia foi uma mulher divertida.
Ela não merecia isto. A Aurora não merecia morrer.

*****

Amizade. É um sentimento frágil como uma bomba. Basta um minuto para uma amizade se desmoronar. Uma má escolha e podes destruir tudo que andaste a construir por anos. Muita pressão, não?
Em toda a minha vida eu só tive três amigos. Três amigos que viraram a minha equipa e depois a minha família.
Lembro-me da minha mãe me dizer que os verdadeiros amigos não era quem conhecias há mais tempo mas sim as pessoas que estavam lá para ti fizesse chuva ou sol. Essas pessoas eram o Adler, a Rose e o Dylan.

Era um dia de primavera e estávamos os quatros deitados num campo cheio de girassóis que havia no Reino da Terra.
Tínhamos passado o dia inteiro a treinar e agora os nossos pais estavam numa reunião e nós tínhamos aproveitado para descansar, longe do nosso futuro de reis.

- Eu adoro girassóis! – exclamou a Rose e levantou-se de repente começando a correr.

- Onde é que vais? – perguntou o Adler também se levantando. Ele começou a correr atrás dela e eu e o Dylan fomos também atrás deles.

- Que estamos a fazer? – perguntei a rir-me. Eles eram as únicas pessoas em que eu confiava plenamente. Sem nenhuma dúvida.

- Eles estão malucos! – gritou o Dylan ao meu lado.

Enquanto corríamos pelo enorme campo de girassóis soube que iria ser uma memória que eu sempre me iria lembrar. Isso era o poder da amizade. Tornava uma memória normal em uma especial só por eles estarem presentes nela.
Vi a Rose parar a olhar para algo. Quando chegamos até ela vimos que tinha uma grande descida como se tivéssemos numa colina.

- Estão preparados? – a Rose tinha sempre várias ideias malucas. Eu gostava muito dela porque era a única pessoa tão louca como eu.

- Sim! – gritei e comecei a rebolar pela descida de relva e flores. Todos descemos e nesse momento algo aconteceu. Como se eu sentisse a conexão que todos tínhamos.

Quando chegamos ao fim e nos levantamos a rir-nos soube que eu não precisava de ter centenas de amigos. Só precisava de três amigos que ficassem ao meu lado quando centenas de pessoas estivessem contra mim. Eu precisava deles e eles de mim.

Nós os quatro mais o Tyler estávamos a ir direção há pequena floresta onde costumávamos treinar. Aquela floresta era mais um mato que era do tamanho da minha sala de estar. Eu achava péssimo o nosso lugar de treino mas que posso eu fazer? O treinador é que manda.
Estávamos todos em silêncio. Tinha sido assim já há uns dias. Desde que a cara estranha nos tinha separado com a cruel verdade nós já nem conseguíamos olhar uns para os outros. 

- Meu deus... – ouvi a Rose a exclamar com um mão junto há boca. Reparei que ela estava a tremer.

Tirei os olhos dela e olhei para a entrada do mato vendo o nosso treinador. Morto.

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬Where stories live. Discover now