04. Dívida

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Olhando para o teto esbranquiçado — alguns objetos e paredes eram da mesma cor — a dor de cabeça começou a fazer-se presente. Já sabia de que iria ter dores após aquela barulheira toda quando ganhou a corrida que participara à algumas horas atrás antes de ser apanhado pela polícia pela terceira vez consecutiva. Traçara uma frase para o resto da sua vida: Na vida de Na Jaemin, a sorte não existe na questão de bancar um fugitivo; levaria para a vida toda! Esperaria encontrar alguém no Japão que cuidasse dele e não desaparecesse do seu ponto de vista em situações como aquelas.

Agora, sentado naquela cadeira super desconfortável de metal, voltou a olhar para o policial há sua frente que estava sentado na sua cadeira mexendo no computador. Desde que chegara ali, somente disseram-lhe para sentar e ficar calado. Pena que não fazia o que os outros queriam.

— Estou com dor de cabeça. — Queixou-se.

— E eu com isso? — Respondeu rudemente, sem sequer olhá-lo.

— Dá-me remédio! — Falou mais alto recebendo olhares como advertência.

— Na Jaemin... Dezessete anos... Busan... — Sussurrava as suas informações pessoais enquanto escrevia no computador, ignorando-o. — Órfão.

O coração de Jaemin parou no mesmo instante. Fazia tempo que não se lembrava do seu grau de parentesco, e não pretendia relembrar-se desse assunto delicado, mas pelo o que parece, este policial não sabe quando tinha que manter a boca fechada.

— Porque precisam de escrever os meus dados pessoais a todas as vezes que venho aqui? — Perguntou alterando o tom da voz, aproximando-se da mesa, sério.

Recebeu um olhar despreocupado do agente, junto um arquear das sobrancelhas.

— E o que tens haver com isso?

— São os meus dados pessoais!

— E daí? A polícia tem acesso a tudo e é o nosso trabalho registrar o assunto mil vezes, não importa se já citamos isso nas outras vezes. — Pausou — Por isso, faz o favor de ficar aí sentadinho quietinho sem dizer uma única palavra. — Voltou a sua atenção para o computador.

Jaemin emburrou, encostando as costas na cadeira. Estava farto de estar sentado olhando para as facetas dos policiais desconhecidos — não queria conhecer nenhum, realcemos — andando de um lado para o outro, era exaustivo. Só queria ir embora dali sem nenhum sermão queimando suas orelhas e sem multas nenhumas para a sua adolescência. Atingiria a maioridade daqui alguns meses, então teria de ter bastante cuidado para não ser apanhado em plenos dezoito — podendo ir para a prisão.

— Como estás quase a atingir a maioridade, aconselho parares de te meteres com esse tipo de gente do mundo ilegal e começares uma vida clean, entendido? — Assentindo fingindo prometer que iria ter uma vida super clean.

Claro que não iria abandonar "aquela" vida; era o seu futuro! Nunca iria desistir. Crescera para correr na estrada destruindo tudo e todos, acompanhado pela preciosa face, talento, ambição, (ir)responsabilidade, e entre muitas outras qualidades e defeitos. Ninguém era perfeito, como era óbvio, mas uma "vida clean" não estava no seu planejamento e nunca estará.

— É a terceira multa. Próxima vez irás direito para a prisão, jovem. — Alertou. — Mas, felizmente, como as restrições existem, (amém), é obrigatório estares sobre os cuidados dos teus familiares. Aconselho-te ires para a casa do teu pai ou terás sérios problemas. Tens de partir, pelo menos, daqui vinte e quatro horas. Se soubermos que ainda não estás fora do país, seremos obrigados a tomar decisões das quais não me orgulho nem um pouco. — Tentando terminar rapidamente o "sermão", entregou ao indivíduo uma folha de restrição de menores com as três multas por corridas e rachas feitas ilegalmente.

Ridin'Where stories live. Discover now