01. o perfeito em tudo e o emplastro

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Estacionando a sua Yamaha YZF-R6 preta no devido lugar, retirou o seu capacete da mesma cor da cabeça, balançando os fios não-virgens como se isso fosse ajudar na ação de arrumação. Ajeitou-os devidamente, saindo da mota já desligada. Os alunos que tiravam um tempo (ou simplesmente faltavam) no horário das aulas para fumarem ou para se drogarem, estavam ali, à espera do tão conhecido: o melhor condutor de Busan que chegava à escola no horário que bem entendia.

Ignorando todos aqueles olhares atentos que eram dirigidos há sua pessoa, adentrou a escola com o capacete na mão. Era o seu preferido, não iria deixá-lo na mota para que os espertos tivessem a audácia de roubar — mesmo tendo dinheiro para dar e vender, ele não gostava de ficar fazendo compras todas as vezes que o roubavam, não tinha paciência. Também não gostava quando mandava alguém ir comprar o que queria, preferia fazer isso ele mesmo. Afinal, ele tem duas pernas e mãos para isso.

Continuando a ignorar os olhares de luxúria, cheios de interesse e falsidade — todos ali eram um bando de chulos e igocêntricos —, prosseguiu caminho até ao pátio, onde encontrou o seu amigo Lucas animado enquanto conversava com um tal de Jungwoo.

— Ora muita boa tarde, meus caros! — Fingiu animação e sentou-se de frente para o Lucas, vendo Jungwoo sair aos poucos do aperto do mais velho.

— Que mania que tu tens de afugentar os que me amam.

— Os que te chulam, queres tu dizer.

— Não. Ambos nos gostamos, o amor é recíproco. É diferente.

— Claro, claro. — Querendo acabar com aquele assunto que não retribuía para a sua felicidade, decidiu acabá-lo quando teve oportunidade. Ele não dava a mínima para os relacionamentos do seu amigo, apenas alertava-o de como realmente as pessoas daquela escola eram. — Novidades? — Perguntou roubando uma batata do pacote do Lucas.

— Vai haver uma competição daqui sete dias em Seul. Temos de assinar o papel hoje para começarem as apostas.

— É o Kun, certo?

— Sim. É o Kun. — Sorriu de lado — E sempre será.

— Sabes das coisas a fundo?

— Não tenho a morada e nem sei de detalhes. Fiquei a saber que vai estar lá muita gente mesmo. Parece que esta aposta vai render para o vencedor... — Arqueou a sobrancelha, sorrindo de lado, olhando para o seu amigo.

— Claro que vai render — Acompanhou-o nas expressões.

Desde que havia entrado para o mundo da velocidade, Jaemin nunca perdera uma corrida na vida. Treinara e treinava muito para conseguir superar todos os competidores, até mesmo as apostas e a si mesmo. Jaemin era orgulhoso, elogiava-se e superiorizava-se melhor do que os outros somente para alimentar o seu ego e sua auto-estima. A ganância, a fortuna que brilhava na sua conta bancária, tudo ofuscava. Além de se achar o melhor de todos — e não estava mentindo —, Jaemin era um adolescente que amava implicar com aqueles que não gostavam de si, adorava ser ignorante, as expressões das cobaias só aumentavam o seu desejo cada vez mais e mais.

Não se fartaria de importunar as pessoas, principalmente os seus amigos chegados.

— Preciso de beber — Queixou-se.

— Mas bebeste à dois dias!

— É muito tempo! Preciso de férias.

— Até parece que trabalhas para te cansares facilmente.

— Conduzir um carro com garras e dentes cansa, ok?

— Eu sei disso, meu amigo. Até parece que não faço o mesmo que tu. — Resmungou fuzilando-o com os olhos por ter as suas batatas furtadas.

Ridin'Where stories live. Discover now