Zanza: Vou né.

Mirella: Quer ajuda? - falo de boca cheia.

Minha avó se senta colocando seu prato cheio na mesa e depois de dá um gole em seu suco me responde.

Zanza: Quero.

Pelo menos não vou ficar em casa.

Zanza: Mas não sua. - minha esperança acaba.

Alegria de pobre dura pouco.

Mirella: Desfazendo da sua própria neta? - faço drama.

Zanza: Tu nunca se ofereceu pra me ajudar, isso é desculpa pra sair, e aposto que já imagina que está de castigo por ontem. - ela me olha e eu desvio o olhar. - Irresponsável.

Mirella: Que calúnia. - ela revira os olhos. - Não revira os olhos para mim que eu que te ensinei a fazer isso.

Zanza: E eu te ensinei a andar, vai ficar parada agora?

Touché.

Mirella: É tanta patada que a senhora me dá, as vezes eu acho que nem sou sua neta.

Zanza: Sou até boazinha com você. - ela dá de ombros comendo.

Mirella: Enfim, vai deixar eu te ajudar ou não? - ela fica calada. - Por favor, preciso distrair minha mente se não vou ficar com a cara enfiada no celular ou então comendo, sabe que quando fico ansiosa eu como que nem uma porca.

Zanza: Você já faz isso naturalmente. - bufo batendo o pé fazendo birra. - Tá bom menina, eu hein. - sorrio alargamente. - Vou botar você para limpar o chão.

Mirella: Eu aguento.

Terminamos de comer e eu a ajudo a lavar os pratos, logo depois nós fomos em direção ao bar e fazemos todos os procedimentos para abri-lo.

A minha avó rapidamente já me entregou um esfregão e um balde me fazendo ter que limpar todo o chão.

[...]

Zanza: Mirella, o entregador chegou, leva essas quentinhas pra ele.

Levanto do chão que eu estava limpando minhas mãos no avental, sigo até o balcão desviando de algumas pessoas por quê o estabelecimento estava cheio.

Mirella: Cadê? - ela coloca uma sacola com algumas quentinhas dentro.

Zanza: Deixe cair que eu te bato. - ameaça e eu apenas solto uma risadinha nervosa.

Da última vez eu meio que tropecei numa mesa e tudo foi parar no chão, foi muito escondidinho desperdiçado naquele dia.

Pego a sacola segurando firme e sigo para a saída onde o Michel esperava sentado em sua moto. Ele segurava seu capacete em uma das mãos e digitava no celular com a outra.

Mirella: Tudo bom Michel? - chamo sua atenção.

Ele me olha guardando o celular e sorrindo com seu típico sorriso de lado.

Michel: Suave Mirella? Tudo inteiro hoje? - ele me zoa e eu bato no mesmo rindo em seguida.

Mirella: Foi um acidente. - digo me defendendo.

Michel: Se tu diz. - ameaço bater nele. - Calma, tô brincando. - rir. Entrego a sacola pro mesmo que passa a alça pelo seu corpo. - Que cara de acabada é essa? Foi pro baile ontem? - assinto. - E sua avó...

Mirella: Hum...tô de castigo. - ele faz uma careta.

Michel: Pulou janela de novo?

Mirella: Tipo isso.

Michel: Foda. Bom, vou indo antes que isso esfrie. - ele coloca o capacete e liga a moto. - Daqui a pouco eu volto.

Mirella: Vai lá. - falo e ele acelera a moto seguindo para fora do morro.

Zanza: Volta a trabalhar menina! - minha avó passa com duas garrafas de cerveja e me entrega.

Mirella: A escravidão voltou. - digo indo até a mesa onde alguns homens bebiam jogando dominó e coloco as garrafas na mesa.

Rafael: Mirella? - ouço sua voz atrás de mim.

Me viro rapidamente encontrando o mesmo parado apoiado em uma das mesas.

Rafael foi meu primeiro em tudo, primeiro amigo daqui do CDA, primeira paixão, primeira transa, primeiro "amor" e primeira decepção amorosa. Eu lutava para ficar com ele, hoje em dia vejo como eu fui tola, confundia vontade de transar com amor...agora somos apenas amigos, ele me ajudou muito depois que meu ex morreu, sempre vinha aqui em casa ver como eu estava mas apenas isso. Ele agora tem uma dama, e eu...bom, quero correr desse negócio de namoro.

Acabo de servir e sigo até o mesmo que me analisa.

Rafael: Você está bem? - assinto.

Mirella: Minha cabeça dói, mas já estou acostumada. - digo.

Rafael: Fazia tempo que tu não enchia a cara. - abaixo a cabeça encarando meus pés. - Tu lembrou dele, né?

Suspiro e ele se aproxima me abraçando.

Ontem fez dois anos da morte do meu ex namorado.

Mirella: Veio almoçar? - pergunto me afastando.

Rafael: Também. Vim dá um recado da Maju também. - abro um sorriso lembrando da minha melhor amiga.

Mirella: Aquela praga, nunca mais veio aqui. - ele rir.

Rafael: Ela tá nos chamando pro chá de revelação da cria dela. Perguntou se você poderia cuidar dos doces...

Mirella: Sim! Ai meu Deus! Vou saber ser meu afilhado é menino ou menina. - digo animada.

Rafael: Fechou, eu te busco no sábado gatinha. Agora prepara meu rango que eu tô numa larica braba. - ele segura meu ombro e me puxa em direção a minha avó. - A bênção dona Zanza.

Zanza: Deus te dê vergonha na cara menino. - solto uma risadinha e vou preparar a comida do Rafael.

Meu RecomeçarWhere stories live. Discover now