01/11/2014 - 00:01

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-        Não Hugo... Vá embora... Fuja. Acássia pode ler minha mente e ela nunca confiou em mim.

-      Cordélia, meu amor, como posso ir embora? Já fiquei longe de você por todo esse tempo, fingindo amar Acássia, naquele casamento forjado por conveniência. Não me peça isso. Não me peça para abandonar minha amada e minha filha. Onde ela está? Hannah está com as criadas? Quero conhecê-la.

-       Hugo, eu precisei mandá-la para longe.

-        Você fez o que?!

-        Escute, Hugo. Ela corria perigo. Hannah, é a Genuína.

-        Não pode ser... Eu não acredito. Não... Ela é muito pequena para manifestar qualquer potência. Você só quer se livrar, de mim e dela! Você é pior que Acássia!

-     Não Hugo, eu juro! Aconteceu quando ela completou um mês. Eu estava com ela deitada debaixo da árvore no quintal, quando um passarinho caiu do ninho. Hannah o segurou com os dedinhos pequenos e o ressuscitou. Na frente dos criados. Sorte que eu estava perto o bastante para apagar a memória deles.

-        Necromantia. - ouvi ele suspirar. - Maldição, Cordélia, tem certeza disso?

-      Infelizmente, sim. E você sabe o que Acássia quer trazer do mundo dos mortos. Não posso permitir. Muito menos que use nossa filha para isso.

Mordi o lábio. Eu, no passado, tinha o poder de ressucitar animais e pessoas mortas?

-         Onde está o corpo dele?

-        Esse é o problema Hugo. Ela sabe onde fica. No subterrâneo abaixo da casa do Sacerdote Lafrève. Nossa única vantagem, era a chave que ficava dentro do espelho. A única capaz de abrir o túmulo do fantasma profano.

-        Então não há com o que se preocupar, Cordélia.

-        Você não entendeu, Hugo. O espelho quebrou e a chave sumiu. Acho que elas vieram aqui. Talvez tenham preparado uma armadilha. Estou com medo, Hugo. Não sei o que irão fazer...

-        Precisamos desaparecer Cordélia. Antes que seja tarde. E eu não vou a lugar nenhum sem você, entendeu? Você vem comigo!

    Esperei até que o som dos passos de meus pais desaparecesse depois que fecharam a porta e me arrastei para sair de debaixo da cama. Permaneci deitada no chão. Encarei o teto. Meu peito subia e descia num ritmo frenético. Toda a minha vida, era uma mentira. Tudo foi escondido de mim. Por que minha mãe nunca me contou? Por que nunca me explicou?

As peças que eu sempre estranhei durante a minha vida, começaram a se encaixar. Foi por isso que cresci morando em uma cidade diferente a cada seis meses. Era essa a razão de minha mãe ser sempre paranoica. De estar sempre atrás de mim, observando cada passo meu. Talvez ela tivesse medo, que algum poder se manifestasse.

Mas não faz sentido. Eu estou em 1815!

Será que minha mãe fugia até hoje? E o que isso significa? Ela tem mais de 100 anos? E o meu pai? O que fizeram com ele?

Cresci o detestando, porque pensei que havia nos abandonado e agora, ali estava a verdade. Arremessada em mim, sem piedade. Distorcida, confusa.

Esfreguei os olhos. As lágrimas escorriam pelos cantos e molhavam a lateral do meu rosto.

A sensação de traição, a culpa e as dúvidas me consumiam.

Eu tenho que sair daqui.

Levantei determinada a ir embora e desvendar o passado. Ficar parada ali não adiantaria nada. E a crise de pânico voltou quando pensei em Lucian. E se ele estivesse possuído quando eu voltasse?

Pensar nele, me fez correr. Abri a porta do quarto e escorreguei pelos amplos corredores.

Tateei as mãos pela perna em busca da adaga que deveria estar presa na minha coxa mas não a encontrei. E o pânico se instalou.

Não. Eu não teria cravado a adaga nele como ele me pediu. Não! Eu com certeza lembraria disso!

Aumentei a velocidade da corrida sentindo que poderia ter um infarto a qualquer momento.

Descobri que a casa antiga era enorme e não havia ninguém ali. Quando cheguei a cozinha, fui obrigada a frear. Observei a sala, a distância do corredor até os quartos nos fundos e por fim, olhei pela janela.

Cobri a boca ao ver que a casa vizinha, era uma mansão gótica.

A casa onde eu moro em 2014, é a mesma onde minha mãe morou em 1815! Isso é maluquice!

Olhei pela janela de novo para confirmar, e contei dez pessoas vestindo mantos negros, andando na direção onde eu me encontrava.

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Oi amoressss! 

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E TOMEM CUIDADO, ESTÁ CHEGANDO A PARTE II - DESESPERANÇA

Beijossssss

 

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now