Lightning - Novas Espécies (Livro 2)

Prólogo

-Eu lamento muito, pessoal – Disse a paramédica Montenegro aos Espécies que saiam dos prédios.

Tinham encontrado onde estavam 3 Novas Espécies, usados como experimentos de procriação. Infelizmente, todos além da salvação. Insanos demais em drogas para que pudessem ser salvos.

-Ao menos deixe-os saber o que é a liberdade, Brass – O líder da equipe olhou para Lightning. Aquele Oficial tinha sido resgatado das rinhas a cerca de 11 meses, mas era tão sensato que sem demora foi parar na equipe de ações exteriores. Era excelente em convivência, tanto com humanos quanto com outros de sua espécie. Também tinha uma mira excepcional, mas Brass tinha dúvidas se ele teria coragem de apertar o gatilho contra os de sua própria espécie se soltassem os 3 da gaiola para que pudessem correr e sentir a grama e a neve aos seus pés pelo menos uma vez na vida.

-Você vai atirar?

-Não os deixaria na floresta para serem abatidos por algum “caçador”.

-... Está bem.

Abriram as gaiolas.

Os 3 Espécies, 2 felinos e 1 canino, correram em disparada pela neve. Depois parando, para olhar em volta. Olharam para o céu e para as árvores. Por um minuto pareceram tão pacíficos quanto a floresta ao seu redor, mas logo os encararam, e foram correndo em sua direção com os dentes a mostra. Foram abatidos com tiros na cabeça, manchando aquele cobertor branco com o vermelho de seu sangue. Mas um dos felinos continuou quieto, encarando o céu. Brass se aproximou alguns passos.

-Você entende o que eu digo? – Não houve resposta. Nem mesmo um olhar. Tempo o bastante para que Lightning baixasse seu fuzil.

-O que são essas coisas brilhantes? – Ele falou. Lightning suspirou aliviado, e lágrimas o cegaram quando soube que não precisava matar o último deles. Brass também não conseguiu falar, com algo preso em sua garganta.

-São estrelas – Flame conseguiu dizer.

-O que colocaram no teto para ficar assim? – A paramédica deu um sorriso triste. Ele com certeza não sabia o que era estar livre.

-Não tem um teto. Você está do lado de fora de tudo. Não vai ter mais nenhuma gaiola, nem agulhas – O felino encarou Flame, e depois os humanos, rosnando – Eles não vão te fazer mal.

-São humanos! É o que humanos fazem!  

-Não esses. Não vão te machucar. Eu prometo. Nenhum de nós vai. Vamos te levar para onde tem comida e camas bem grandes e macias. É só entrar em uma dessas coisas – Apontou para o helicóptero.

O felino sentou-se no chão, voltando a olhar em volta. Não parecia disposto a colaborar. Lightning largou a arma e se aproximou do recém resgatado. Brass o advertiu para ter cuidado, mas ele não pareceu escutar. Se sentou perto do felino, e começou a conversar.

Montenegro muitas vezes tinha o encarado durante a viagem, e se perguntou como ele não se incomodou, pois com certeza tinha notado. Ele era diferente dos outros Nova Espécie. Se parecia um pouco mais com um animal do que os outros, mas isso o deixou mais bonito, na sua opinião, com aqueles cabelos em tons tão diferentes e a heterocromia... O deixava mais charmoso. Ele também não tentava esconder suas presas quando sorria, como todos os outros, o que o deixava com um sorriso mais legítimo, e também muito fácil de se ver. Era bem sorridente, o que também o diferenciava muito dos outros. Inclusive sorriu algumas vezes quando a pegou no flagra, em algumas das várias vezes que o encarava. Era tão alto e forte quanto os outros. Talvez uns 1,92m de altura, e pelo menos 100kg. Era possível se ver como seus músculos eram firmes por baixo da camisa de manga longa que o protegia um pouco do frio, mas também viu marcas em seus braços, que demorou a entender que eram cicatrizes. Com certeza estavam bem piores por baixo do tecido, estando tão bem marcadas assim... Seu rosto também era marcado por 4 delas, como se tivesse sido atacado por um urso, e o arranhão tivesse ficado ali. Marcava desde a sobrancelha até a bochecha. Pelo seu passado nas rinhas, entendia o porque. Isso tirava um pouco de sua beleza, mas ainda assim, era lindo.