CAPÍTULO 4

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Oito horas da noite, Carolaine e Félix estão na sala de estar esperando Clarice para irem ao restaurante, e depois de mais alguns minutos de espera, Clarice aparece decendo as escadas. E, uau ela estava deslumbrante, usava um vestido midi vermelho justo, e um scarpin preto. E o cabelo escovado.

- Uau filha! Você está linda - disse Carolaine.
- Obrigada mamãe - Clarice agradece.
- Tudo ok? Podemos ir agora? - perguntou Félix.
- Claro que sim papai - responde Clarice.
- Vamos no meu carro - disse Félix.
- Tudo bem - falou Carolaine.

Eles chegam no restaurante, entram e se sentam na mesa reservada. Clarice vê que os pais de Miguel estão bem na mesa ao lado e comenta com seu pai:

- Você viu que a Samanta e o Nicolai também estão aqui?
- Não tinha percebido, até você falar - responde Félix.
- Você deveria ir falar com eles filha, eles gostam tanto de você - disse Carolaine.
- Não sei se eles ainda gostam tanto de mim depois que eu terminei com o filho querido deles - disse Clarice.
- Bobagem. Uma coisa não tem nada a ver com a outra - falou Carolaine.
- Olhando por esse lado, você tem razão - disse Clarice.
- É claro que eu tenho razão, ande Clarice, vá logo falar com eles - disse Carolaine.
- Tá bem. Eu vou - Clarice se levanta e vai até a mesa dos Nielsdatter.
- Oi Samanta. Como vai? - disse Clarice
- Olá Clarice! Que bom ver você! - diz Samanta - estou muito bem, e vejo que você também estar, o que tem feito?
- Nada grandioso, só estudando - disse Clarice.
- Soube que entrou pra faculdade - falou Samanta.
- Ficamos muito felizes por você - falou Nicolai.
- Muito obrigada.
- Fiquei tão chateada quando soube que você terminou com o Miguel - disse Samanta.
- Vocês formavam um casal perfeito - disse Nicolai.
- Acho que foi melhor assim - disse Clarice.
- Agora ele estar namorando com aquela estudante sem graça, um absurdo - disse Samanta.
- Fiquei sabendo disso, eu vi os dois juntos - falou Clarice.
- Ele nem escuta mais os meus conselhos, faz tudo por conta própria - disse Samanta.
- É, ele mudou muito depois que eu fui embora - disse Clarice - nem nos falamos mais, é como se nós não nos conhecêssemos.
- Ele ficou tão deprimido depois que você se foi, e do nada ele mudou - disse Samanta - talvez ele achou que isso fosse resolver as coisas.
- Não o julgo por suas atitudes repentinas, são coisas da vida - diz Clarice - agora vou retornar pra minha mesa, só vim apenas comprimenta-los.
- Foi um prazer revê-la - diz Nicolai.
- Igualmente senhor Nicolai.

Clarice volta pra sua mesa e se junta novamente aos seus pais:

- Como foi a conversa com os Nielsdatter? - pergunta Félix.
- Nada importante - responde Clarice.
- Eles foram gentis com você? - perguntou Carolaine.
- Sim, acho que até demais, até pensei que eles iam me convidar pra sentar e jantar com eles - diz Clarice.
- Eu avisei - fala Carolaine.
- Vamos logo escolher alguma coisa desse cardápio, não quero passar o resto da noite aqui - disse Félix.

Depois do jantar a família Meneza parabenizou o senhor Caetano, o dono do restaurante, pelo seu belo trabalho. E se desculparam por não poder ficar por mais tempo, pois Félix ainda tinha muitas coisas do trabalho pra organizar.
Eles já estavam no carro quando Anabela ia entrando no restaurante, é claro que ela também tinha sido convidada, ela estava sozinha, tinha deixado Arthur com Íris. Sorte que as duas não se viram, ou devo dizer, que pena?

São sete horas da manhã do dia dezoito de setembro, a chuva caía forte lá fora, quando Anabela levanta e vai até o quarto de Arthur para vê-lo. Ele ainda dorme, então ela vai na cozinha preparar seu café antes de ir pro trabalho. Enquanto isso ela pega o telefone e liga pra babá que contratou pra cuidar de Arthur:

- Alô, é a Dóris? - pergunta Ana.
- Sou eu sim, quem é?
- É a Anabela, queria saber se você já está vindo pra cá? - pergunta Ana.
- Chego aí em dez minutos - respondeu Dóris.
- Ótimo, te espero aqui.

Depois de dez minutos Dóris chega e bate na porta:

- Dóris? - Ana pergunta.
- Eu mesma.
- Nossa, você é bem pontual - diz Ana ao abrir a porta - pode entrar.
- Eu tento ser - diz Dóris.
- Bom, como eu já te expliquei, você só vai ficar aqui cuidando do Arthur enquanto eu não estiver, ou seja, quando eu estiver trabalhando no escritório, e em caso de urgência pode me ligar, não importa o horário. Geralmente eu chego às três horas da tarde, mas isso pode variar de acordo com dia, então eu te aviso - disse Anabela.
- Certo - concordou Dóris.
- Agora eu preciso ir, se não vou me atrasar, cuide bem do meu filho Dóris, porque se acontecer alguma coisa com ele eu vou te processar - disse Ana pegando a chave do seu carro.
- Farei o meu melhor dona Ana - falou Dóris.
- Assim espero - disse Ana e em seguida saiu.

Enquanto isso, em casa, Clarice ainda não tinha levantado, quando de repente uma onda de pensamentos tomam conta dela.

"O que eu tô fazendo da minha vida? Eu estraguei tudo! Menti pra todo mundo, pro Miguel... Meus pais. Que bela médica eu vou ser, que abandona o próprio filho. Não era esse o futuro brilhante que eu planejei. E eu achando que ia conseguir conviver com isso, como eu me enganei, a Suzi tinha razão, é difícil demais, ninguém vai me perdoar, eu sou um monstro, não sei se vou conseguir, eu falhei, falhei de todas as formas possíveis que uma pessoa pode falhar, mais o que eu posso fazer? Não dá pra voltar atrás, mesmo que eu tentasse reencontrar ele, seria impossível, nem sei onde ele pode estar agora, seria como uma agulha no palheiro, só o que me resta é conviver com a culpa e essa dor, uma dor interminável, algo que eu jamais pensei que fosse sentir".

Clarice estava chorando quando Paola bate na porta do seu quarto:

- Clarice? Você tá aí?
- Oi, estou sim - diz Clarice secando as lágrimas.
- Desculpe, não queria acordar a senhora - diz Paola.
- Eu já estava acordada, não se preocupe - disse Clarice.
- Seu café estar na mesa, não demore muito - disse Paola.
- Não vou a faculdade hoje - diz Clarice.
- A senhora está bem? Quer que eu chame um médico? - perguntou Paola.
- Não, não precisa. Eu vou ficar bem - falou Clarice.
- Caso precise de alguma coisa, eu estou aqui no quarto ao lado.
- Ok.

Convivendo com o amorWhere stories live. Discover now