Capítulo 4 - Sem retorno

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Olá gurias!

Começo hoje com uma ótima noticia. Para quem está acompanhando a história de Jamila (A guerreira indomável), a continuação da história, que é a parte do Juan vai para a amazon amanhã! Não vejo a hora!

Já antecipo, a história está linda. Fiquei sem fôlego.

Carol

Agosto de 2003

Sentia-me exausta, ainda mais com o calor tórrido europeu. Quase sem forças para levantar-me da cama, pois tinha passado a noite e a madrugada estudando para recuperar o tempo perdido e a horrível nota em espanhol, que não era a minha língua nativa.

A direção da escola tinha aberto uma exceção para que eu não reprovasse o ano por essa matéria, por eu ser estrangeira, mas o recado havia sido claro, essa seria a única vez, eu precisava mostrar significante melhora no próximo ano letivo que teria início em setembro, ou não teria a mesma chance.

— Mamãe! – abri um dos olhos, preocupada para saber se algo estava errado, mas vi minha princesinha com sorriso no rosto e olhos brilhantes, indício de que nada havia acontecido.

— A mamãe precisa de só mais um minutinho de sono, meu amor – pedi ao voltar a fechar o olho que estava aberto, sentindo a exaustão no corpo.

— Mamãe! – senti sua mãozinha me puxando pelo camisetão que usava para dormir. — Você ganhou um presente. A vovó disse que eu não posso abrir, porque é da mamãe.

Sem alternativa, ainda zonza, pus-me sentada na cama e a Ciça parou de me puxar, pois primeiro jogou-se em cima de mim para o abraço costumeiro e depois o beijo, que tinham virado ritual sagrado depois de uma das cartinhas que Pedro, havia enviado a ela.

"Pedro" – suspirei.

Ele nunca tivera o interesse de voltar a falar conosco, embora fosse polido e mandasse presentes para a Ciça.

Mamãe pouco falava dele, mas havia me contado que era um dos mais promissores da área, sempre educado. Também me disse que era um homem comprometido, que sua namorada era uma mulher linda, de sua mesma idade, que eu chutava ser uns trinta, talvez.

Pedro era um homem, um super herói de sonhos e eu? Só uma menina, mãe de outra menina, que não tinha conseguido ainda terminar o ensino médio e com poucas perspectivas.

Suspirei fundo com esse pensamento frustrante. Não era verdade que eu tinha poucas perspectivas, porque vinha sendo forte, mas era como me sentia, muitas vezes.

Lembrava-me de seus expressivos olhos escuros e cabelos negros, parecia tão alto perto de mim, mas isso porque eu era uma garota sem graça e de baixa estatura, que tinha perdido boa parte da autoestima por causa da gravidez. Só agora voltava a ter o corpo em forma, enquanto ele, tinha os ombros largos e pele tão clara quanto seus cabelos. Pedro era um homem, diferente de Guto, que era um moleque, mas que diferença isso fazia?

Guto era meu amigo e pai da minha filha, Pedro, só o homem que se viu obrigado a salvar uma bebezinha que precisava chegar ao hospital.

— Mamãe, o presente... – voltou a me puxar firme pela camiseta, forçando me a levantar.

— Tudo bem, meu amor, vamos ver o presente – respondi com a voz sonolenta. E apesar de todos os sacrifícios, o que seria da minha vida sem ela?

Cheguei arrastada por Ciça na sala, ainda cambaleando um pouco de sono e vi minha mãe de relance na cozinha, preparando a massa de um de seus famosos salgados assados, para a pequena reunião que teríamos hoje mais tarde.

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