My Little Elf - ChenSung

XXVI

TaeYong

Sentei-me na beirada da cama de ChenLe, suspirando brevemente pela insensatez do elfo do sol que saiu em fúria.

— Vocês se assemelham a crianças apesar de terem mais de um século de idade — murmurei para ChenLe, embora soubesse que ele não ouvia. — No entanto, idade e maturidade são coisas diferentes, não é mesmo?

Puxei de um bolso oculto pelas dobras da minha vestimenta, um pequeno frasco com um líquido transparente. O frasco não chegava a ter nem o comprimento do meu dedo anelar.

— Vocês sofrem tão facilmente, palavras é o bastante para os magoar — prossegui, abrindo o recipiente com cuidado. — Em comparação, eu tenho mal meus 18 anos e me atrevo a dizer que já vi o pior deste mundo.

Em gestos delicados, separei os lábios do elfo desacordado, deslizando com lentidão o líquido para dentro da sua boca, verificando rapidamente se ele engoliu. Em nenhum momento ele teve qualquer reação, então eu simplesmente soltei seus lábios e me afastei.

— A diferença talvez esteja no lugar em que crescemos — um sorriso pequeno se formou em meu rosto. — Essa vila é realmente bastante protegida, não é? Sendo capaz de evitar a vista dos humanos, mesmo eles estando bem ao lado. Entretanto onde eu cresci não tínhamos tanta proteção. Apenas os teimosos, persistentes ou mesmo os corajosos sobreviviam.

Lancei um olhar para ChenLe, sua condição ainda precária e fechei os olhos por um instante, tendo flashbacks dos tempos sombrios de minha infância. Os abri após segundos, tentando afastar o gosto ruim que vinha daquelas lembranças, me levantando e indo prostrar-me a janela, observando lá fora aquela vila cheia de vida, apesar da hora.

Fadas voavam de lá para cá, soltando de suas asas brilhos que enchiam o ar como se as estrelas tivessem descido até a terra para dançar. Trolls deixavam seus esconderijos, em meio às árvores, juntando-se em grupos e alguns até mesmo brincando de perseguir as fadas, que rindo passavam sobrevoando suas cabeças. No momento em que eu observava, um pequeno Tardo se esgueirou por trás de um elfo do sol, usando de truques desconhecidos por mim, fez o mesmo tropeçar e cair de cara no chão, convenientemente coberto de lama. Os que estavam por perto soltaram altas gargalhadas, que ganharam mais força quando o mesmo elfo correu atrás do goblin travesso com uma bola de fogo na mãos. As ninfas, sempre tímidas e um pouco atrevidas, flertavam com elfos e outros seres que passavam perto delas, ocultando-se logo após nas árvores quando algum tentava se aproximar. Não muito longe, o som de música se erguia com alegria, a origem desconhecida, levando muitos a dançar, os braços abertos e livres de preocupação.

— Eu nunca fui teimoso nem corajoso — confessei mais para mim mesmo. — Então persistir é tudo que eu poderia fazer.

Afastei-me de novo daquela cena tocante e voltei a me sentar ao lado de ChenLe.

— Então sugiro que tente persistir, ChenLe. Você ainda não viu o pior do mundo, talvez nem o melhor. E não se pode partir sem ver uma dessas duas coisas — dei uns tapinhas na sua mão, aproveitando para checar seu pulso. — E também — continuei — HaeChan solto por aí é um problema para o objetivo pelo qual estou aqui. E ele não parece do tipo que ouve qualquer um. Vou estar encrencado se algo acontecer por causa da impulsividade dele.

Suspirei pesadamente. Talvez fazer isso tenha se tornado um hábito sem que eu percebesse.

— Muito tempo já se passou — murmurei após muitos minutos. — Se algo sair errado, terei que agir mais cedo do que o esperado.