XXI

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Mark Lee

A neve caía forte àquela noite, o frio que entrava pela janela chegava a doer na minha pele. Mas eu não fechei a janela.

Depois daquele sonho, qualquer tentativa de voltar a dormir foi frustrada. Milhões de pensamentos e dúvidas e sentimentos rondavam minha mente.

Afinal, quem era aquele garoto de cabelos negros molhados beijando tão apaixonadamente o elfo de cabelos cor de fogo? Por que eu sonhei com algo assim? Era real? Por que isso estava me incomodando?

O vento congelante não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas.

Eu não tinha ideia de como não morri por conta do tempo, mas quando deixei meu devaneio percebi que o dia já começava a nascer. Raios tímidos do sol se misturava a neve que já cobria todo o chão.

É… era oficialmente inverno em seu mais alto clímax.

~•~

— Mark, tira os cotovelos da mesa! Onde está com a cabeça? Distraído, como sempre — minha tia balançou a cabeça em negação.

Era a quinta vez que ela corrigia algo que eu fazia. E eu não podia fazer nada além de permanecer em silêncio.

Eu teria voltado hoje para casa, mas meus pais mandaram um recado, avisando que precisaram fazer uma viagem de última hora, então me disseram para ficar ali mais alguns dias.

"Divirta-se", meu pai escreveu no final da pequena carta.

Claro! O que poderia ser mais divertido do que passar o dia com minha tia perfeccionista e meu tio que estava sempre lendo um livro ou jornal, alheio ao que acontecia ao redor.

"Claro, querida" deveria ser a única frase que eu já ouvi sair da boca dele.

— Mark, eu chamei seu professor particular. A aula começa logo após o almoço.

— Acho que estou meio indisposto — era uma meia verdade. Não estava com a mínima vontade de passar a tarde estudando números e melhores estratégias de vendas.

— Sem desculpas, rapaz — ela me encarou com expressão dura. — Não acordou com febre, já está melhor, então não tem motivo para perder tempo.

— Mas…

— Sem mas, Mark — ela me interrompeu. — Apenas obedeça. O que está acontecendo com você ultimamente? Costumava ser tão obediente…

Me lançou um olhar de reprovação, o que fez com que eu me sentisse péssimo. Estava decepcionando minha família de novo. Não conseguia ser bom o suficiente, não importava o quanto tentasse.

Por que não conseguia fazer nada direito? Eu era um inútil.

Era culpa daquele elfo, que mexia com minha cabeça e me tirava toda a atenção.

Eu não sabia se queria chorar ou gritar de raiva.

Para alguns, talvez isso parecesse dramático ao extremo. Mas ninguém teve que passar toda uma vida tendo que ouvir outros dizerem o que fazer, quando e como fazer. Sem poder questionar. Sem vontade própria.

My Little Elf - ChenSungDär berättelser lever. Upptäck nu