▪Único

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Quando você passou por mim, dentro de suas roupas modernas, deslizando os dedos pequenos pelos cabelos brilhosos, enquanto sorria, prendendo um pirulito nos lábios carnudos, eu soube que iria me apaixonar. Foi como se eu nunca tivesse tido uma escolha sobre isso.

Podia ser cedo demais, mas eu simplesmente gostava do jeito como todas aquelas cores combinavam com você. O laranja dos fios soltos que caiam sobre seus olhos, te obrigando a sempre puxá-los para trás; O cereja de sua boca carnuda; O bronze da pele, que me trazia a sensação reconfortante de uma tarde ensolarada; A mescla de lilás e rosa em suas roupas.

Eu não soube identificar qual o seu gênero e na realidade isso não me importou em nada. Qualquer que fosse eu poderia me apaixonar, só bastava ser você, sem mais ou menos.

Você era simplesmente uma pessoa encantadora, que me puxou para dentro de clichês e pieguices. Borboletas no estômago, mãos suadas, taquicardia e aquele desejo incontrolável de sorrir por nada. Embora eu não gostasse de dizer que minha euforia não tinha motivo. Era por você, pelo modo como surgia em minha mente, me fazendo sonhar com sua voz e o tipo de conversa boba que poderíamos ter. Eu te faria sorrir, sabia disso, todos os meus amigos diziam que eu era engraçado, até diziam que isso me fazia um bom partido. Um homem inteligente, com senso de humor e boa aparência, era algo popular, mas apesar de elogiarem meu cérebro eu nunca consegui entender essas coisas de "tipo ideal".

Até ver você e pensar que era exatamente o que eu buscava, não por suas coisas que tanto admirei, nem por seu rosto bonito e corpo. Foi essa sensação no peito que eu sempre considerei como o essencial. O modo como te ver deixava minhas pernas trêmulas e me fazia querer ser alguém melhor.

Parecia estranho... Querer ser alguém melhor? Mas era isso, sua aura me dava essa sensação poderosa de que podia mudar o mundo inteiro ou carregá-lo em meus ombros. Então, o egoísmo me pegava, eu nunca poderia ser um bom homem, porque se eu tivesse o mundo em minhas mãos, o colocaria a sua disposição.

E em meio aos meus devaneios de amor à primeira vista, notei que seu acompanhante se inclinava para sua orelha, então, seus olhos vieram para mim. Eles se abriram um pouco, você tirou o pirulito da boca e voltou para o seu amigo, sorrindo. Desviei o olhar, percebendo que devia ter te encarado o tempo todo, naquela fila do café. Dei atenção a minha xícara e ao caderno que rabiscava, sem esperar o que aconteceria em alguns minutos. Quando seu pedido foi entregue e você veio até minha mesa, junto com o seu amigo:

Posso sentar aqui? — sua voz era doce, combinava com seu sorriso.

Olhei ao redor, procurando o motivo, cadeiras cheias, mas não havia, exceto que você queria ficar perto de mim.

Claro.

Isso vai ser divertido. — o outro falou baixo, enquanto puxava a cadeira para sentar-se, mas eu pude ouvir e pensei que talvez fosse sua intenção desde o começo.

Estuda aqui? — me olhou com mais uma de suas cores, os castanhos iluminados.

Sim, literatura. — respondi de forma completa. — E vocês?

Somos os dois de música. Park Jimin. — apontou para si. — E Min Yoongi. — apontou para o amigo e seus olhos me deram a vez.

Kim Namjoon.

Então, Namjoonie. — falou carinhosamente, mas era claramente forçado. — Meu amigo e eu fizemos uma pequena aposta na fila. — levou o café quente aos lábios e deu um gole, deixando-os ainda mais avermelhados. — Você estava me olhando ou perdido em pensamentos?

VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora