Catarina é uma adolescente de 17 anos que odeia adolescentes de 17 anos, e no 2° ano do ensino médio a única coisa que ela realmente quer é se formar e acabar com esse inferno.
01 de maio de 2020 - 16 de novembro de 2020.
Revisada em 15 de maio de 2...
O sinal toca, indicando o final do último horário.
"Tenho que ir no meu armário pegar minha roupa de educação física", falo enquanto nos direcionamos para a saída da sala.
"Tu tem treino hoje depois da aula? Achei que iríamos sair juntas", ela faz um biquinho que quase me faz convencer a matar aula.
"Tenho, a gente pode sair depois do treino, às 15:30"
"Tá bom", Alice revira os olhos e nos despedimos.
Assim que me aproximo do meu armário vejo um garoto tentando abrir com uma força excessiva e depois dando um soco.
"Ei! Pode me explicar por quê está batendo no meu armário?", eu coloco a mão na cintura e ele olha pra mim.
Puta que pariu, que garoto lindo.
Seus cabelos são cacheados e seus olhos são castanho claro, quase um tom de mel.
"Seu armário? Esse é o meu!", ele fala franzindo o cenho.
"Meu armário é o F12, e o teu é...", pego o papel da mão dele que tem a senha anotada, "G12, é esse embaixo do meu", eu aponto e ele olha.
"Ah", ele diz e se abaixa, ficando de joelhos na minha frente e abre o armário olhando a senha que está na sua mão e começa a enfiar um monte de livros lá dentro.
"Novo por aqui?", eu tento puxar assunto.
"É o que parece, né?", ele nem olha pra mim.
Eu acabei de ajudá-lo, se pudesse dar pelo menos um sorrisinho pra mim, eu agradeceria.
Ele parece ouvir meu pensamento e se levanta estendendo a mão pra mim, "Caio, prazer"
"Catarina, mas pode me chamar de Cat", aperto a mão dele e dou um sorriso sem mostrar os dentes que ele retribui.
De imediato, sinto uma sensação eletrizante dentro de mim, então solto sua mão quase como um impulso.
"Bom, obrigado pela ajuda. A gente se vê por aí, Cat", ele fala e sai.
'Meu Deus, o que acabou de acontecer aqui?', pergunto para mim mesma.
Vou para a quadra de esportes depois de pegar minhas coisas e encontro Alice na arquibancada pra assistir meu treino.
Me escoro na grade que separa a quadra da torcida e sussurro pra ela.
"Você não sabe com quem acabei de esbarrar!"
"Quem?", pergunta animada e chega mais perto.
Não pode ouvir uma fofoca que já fica até animada, incrível.
"Caio! Você descobriu por que ele foi transferido?", pergunto curiosa.
Obviamente quero saber o que ele fez pra encontrar comigo aqui.
Se acalma, Catarina, você não conhece ele nem à meia hora.
"Mal comportamento, aparentemente quebrou o nariz de 2 alunos!"
"Caralho, ele parecia tão tranquilo conversando comigo!", imagens dele socando o armário passam pela minha mente, "Bem, nem tanto...", me corrijo.
"Espera, você conversou com ele? Achei que tivesse só visto de longe, ou sei lá!", ela fala empolgada.
"E aí, Martins, vai alongar só a língua ou vai se aquecer logo?", a treinadora nos interrompe.
"Depois te conto", me distancio e começo a me aquecer.
•••
Termino o treino e encontro com Alice que está sentada no banco do vestiário.
"O que você quer fazer depois daqui?", pergunto pra Alice enquanto pego minhas coisas pra tomar uma ducha antes de sair com ela.
"Sei lá, cinema?", sugere, "Ainda não assisti Aves de Rapina, é bom?", ela apoia os cotovelos nos joelhos.
"Não sei, não assisti também. Mas se a gente for no shopping temos que passar na minha casa primeiro pra eu trocar de roupa", falo indo em direção as duchas.
Eu já falei que odeio vestiários unissex? Porque eu odeio! Não tem coisa mais desconfortável no mundo.
Tomo meu banho o mais rápido possível e encontro com Alice, sentada no mesmo lugar de antes mexendo no meu celular.
"Fazendo?", pergunto enquanto guardo as coisas no meu armário.
"Meu celular acabou a bateria e tava mexendo no meu insta pelo seu", ela bloqueia a tela e me entrega.
"Vamos?", ela assente e nós vamos para minha casa.
Visto uma roupa leve e faço um delineado, literalmente a única coisa que sei fazer direito na minha vida.
•••
Chegando no shopping, nossa sessão é só 17:00 então vamos ficar rodando no shopping por 40 minutos.
"Deixa eu tirar uma foto sua? Tu tá tão linda!", Alice fala pra mim com um biquinho.
"Ih filha, não adianta me elogiarlhnão tenho dinheiro, o cinema acabou de me assaltar", ela ri e empurra meu ombro.
"Por favor, faz tempo que tu não posta foto no seu feed", ela estica as palavras e junta as mãos como se tivesse implorando.
"Tá bom", reviro os olhos.
Nós fomos pro lado de fora porque de acordo com a vasta experiência de fotógrafa dela, a luz natural ajuda por que bla bla bla.
Eu até gostei da foto, então postei ali mesmo.
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"Tu me obriga a tirar a foto e nem pra dizer que tô bonitinha?", empurro sua cabeça.
"Não vou mentir, né", ela me provoca, "Pera, aquele ali é o...?"
