Capítulo 19: Parte II: Renata Martins

71 31 66
                                    

RENATA MARTINS

Me expliquem o que está acontecendo. Eu não estou entendendo nada.

Cecília deu um sorriso a Fernanda. Conhecendo minha amiga, sabia que havia um significado. E, na hora, interpretei como “Você se deu mal, Fernanda. Sabemos de todos os seus podres. Acabou sua fama de boazinha”. E, eu não sabia que ela havia feito tantas coisas terríveis quando Cecília começou a explicar.

— Não sei se todos sabem, mas a professora Carmem Avelar foi indicada para ser a professora da escola pelo Douglas Barker. E, antes dela começar a dar aula, Carmem teve alguns encontros com Fernanda e Douglas. Só não sabemos sobre o que conversavam. Mas, alguns dias antes do teste do teatro na escola, Douglas foi até lá, a pedido da filha.

Cecília começou a explicar. Eu não sabia que Carmem e Fernanda se conheciam antes dela entrar na escola. Aliás, quando a nova professora entrou, a serpente fez questão de se apresentar. Óbvio, ela não queria que ninguém soubesse de sua relação fora da escola.

— Douglas subornou a professora para colocar Fernanda no papel principal. Na verdade, ele deveria estar comprando ela desde o início do ano. E ele fez questão de deixar claro que Renata não poderia entrar. Para nenhum dos papéis. — Cecília olhou para mim — Tudo havia sido combinado. Por isso você não foi escalada. E, provavelmente, por isso ela sempre te criticava.

Será que era por isso mesmo? Quero dizer, Lilian sempre dizia que eu estava me saindo bem. Me escalava para papéis importantes nas peças, mesmo que pequenas.

Nunca desista de seu sonho, Renata. Você tem talento”. Ela me disse, no último dia que ela deu aula para a minha sala.

Porém, quando Carmem entrou, dizendo que foi muito bem recomendada. Que era experiente no assunto. Reconhecida no ramo. Me deixei levar pela expectativa. Que ela pudesse me ajudar. Mas, sempre que possível, ela me dizia que eu precisava melhorar muito. Que eu não estava preparada. Falando palavras duras, dizendo que era para o meu bem.

Carmem era tão diferente de Lilian. E eu me deixei acreditar que a antiga professora estava tentando ser gentil. Porém, será mesmo que ela estava me diminuindo por causa de Fernanda? Por um pedido do pai dela? Suas palavras atrás do palco, no dia do teatro na lanchonete, tão parecidas com as de Carmem faziam mais sentido.

— No dia do teste na escola, Renata ouviu Fernanda dizer coisas terríveis sobre nós. — Cecília continuou a explicar — Quero dizer nós, exceto você, Pedro. Porque você “é o único que salva, por ser filho de um empresário que conhece pessoas famosos que poderia ser útil em uma amizade”.

Cecília tentou imitar a voz irritante de Fernanda. E, mesmo que tentasse muito, nunca na vida ela conseguiria. Minha amiga possuía uma voz maravilhosa. Não se comparava a voz de gralha engasgada de Fernanda.

— No dia do teatro, aqui na lanchonete, Fernanda ouviu Paulo e Henry falando de Renata e no quanto nossa amiga é talentosa. Após o show, essa invejosa foi até a nossa amiga, ameaçando com fotos nossa e desmerecendo todo o talento que Renata tem.

Como Cecília sabia de tudo isso? Como ela soube que Fernanda ouviu Paulo e Henry falando de mim? Meus olhos foram atraídos por um dos cantos da lanchonete. Claro! As câmeras! Meu pai instalou câmeras em vários pontos estratégicos. Algumas, tão bem escondidas, que nem eram perceptíveis e passavam despercebidas.

— Então, foi isso? — Pedro perguntou, surpreso, olhando para Cecília, depois para mim e por último para Fernanda.

— Não! É mentira. Você não pode acreditar neles, Pedro. Você sabe que essas meninas me odeiam. Tem inveja de mim.

Sonhos Possíveis [Concluído]Where stories live. Discover now