Capítulo 17: Cecília Britto

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CECÍLIA BRITTO

De novo, eu estava atrasada para o meu encontro com Kamilly Kessyly. E a culpada da minha demora era a minha mãe (de novo). Eu já nem sabia mais como agir com ela. Tinha que ser paciente. Antes que eu surtasse junto com ela. E seriamos duas loucas em casa.

Assim que entrei na lanchonete dos pais do meu amigo, encontrei Kamilly sentada, na mesma mesa que sentamos no sábado. Ela mexia no celular, bem distraída. Me aproximei dela e a cumprimentei. Kamilly se levantou e me deu um abraço. Quase desmaiei. A verdade era que eu nunca me acostumaria.

— Desculpe pelo atraso. De novo. — disse assim que nos soltamos e sentamos — Eu não queria te fazer esperar. Minha mãe insistia em vir comigo, para ter a certeza de que eu não estragaria tudo. De novo.

— Você não estragou tudo, Cecília. Você tentou conversar com sua amiga. O que não deu muito certo. Vocês duas estavam com ânimos alterados.

Ânimos alterados era pouco para explicar o meu estado e o de Renata. Nós duas estávamos completamente irritadas uma com a outra. Por motivos completamente diferentes. Mas, a minha mãe nunca entenderia o que aconteceu.

— Você não conhece minha mãe. Amo muito ela. Apesar de ela ser bem… exagerada.

— Não se preocupe. Minha mãe era assim mesmo. Na verdade, ela é assim até hoje. É coisa de mãe e as oportunidades da vida.

Nós duas rimos. Ah! Eu. Vou. Surtar.  Eu estava rindo com a Kamilly Kessyly. Se alguém me contasse que isso aconteceria um dia comigo, eu não acreditaria. Na verdade, não estava crendo. Às vezes, ainda acreditava que era um sonho.

— Podemos pedir algo? — ela sugeriu. Assenti — Vou querer o mesmo daquele dia. Depois da… do incidente, acabei não experimentando o lanche daqui. E fiquei com muita vontade.

Fiz um sinal para Gabrielle, que estava no balcão. Estávamos apenas nós duas de clientes. E não vi nem Renata, nem Ricardo ou outro garçom. Gabrielle foi até a cozinha, chamando alguém. Ricardo saiu de lá de dentro logo depois. Ele caminhou até nós, com um sorriso no rosto e o avental do estabelecimento.

Ele aproximou de nós. Eu achava ele tão lindo quando usava o uniforme da lanchonete. Mas, não era apenas o avental que o deixava bonito. Mas, também aquele sorriso. Estava seriamente desconfiada de que várias meninas apareciam no lugar apenas por ele. Isso quando ele resolvia trabalhar.

— Olá, meninas.

Ele dizia com um sorriso, um olhar e tom de voz galanteadora. Sim. Era por causa dele que várias garotas apareciam na lanchonete. E, havia como não ficar admirada com um menino como ele? Eu tinha que usar todas as minhas forças para me controlar e não ficar babando por ele.

— Já sabem o que vão pedir?

— Não quer arriscar? — perguntei, com um sorriso.

Havia me esquecido da nossa briga que aconteceu logo antes de eu ir até a casa de Pedro, no dia anterior. O que sempre acontecia quando ele falava comigo daquela forma. Apesar de que, possivelmente, ele agia assim com todas. E eu era só mais uma.

— Hummmm… — ele colocou a mão no queixo, tentando se lembrar (ou fingindo) — Sanduiche Nature. E, para beber, suco natural de… — ele apertou os olhos, colocando as mãos na cabeça — Laranja. Para as duas, claro.

— Como você sabe? — Kamilly perguntou, curiosa, olhando de mim para Ricardo.

— É o suco preferido de Cecília. — ele esclareceu — E ela te adora. Um dia, ela leu uma matéria sobre você, que dizia que seu suco preferido era de laranja. Então, ela ficou louca.

Sonhos Possíveis [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora