Capítulo 04: Renata Martins

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RENATA MARTINS

A cada mesa que eu passava pano para limpar, eu dava umas dez bocejadas. Isso porque fiquei acordada até tarde, conversado com Pedro, Ricardo e Cecília. Meus pais já haviam fechado a lanchonete. E, mesmo assim, nós quatro sentamos em uma das mesas, falando de diversos assuntos e comendo alguns dos lanches que sobraram.

E, mesmo tendo dormido depois das duas, acordei antes das sete para arrumar a lanchonete. E trabalhar. Porque, mesmo sendo domingo, meus pais abriam pelo período da manhã.

A noite anterior foi muito boa. Exceto pelo pequeno constrangimento que Evelina causou em mim e em Pedro depois da nossa conversa. Bem que Cecília dizia que a mãe dela é um pouco fora do normal. Vivia bebendo suco estragado (que não é da lanchonete dos meus pais, quero deixar bem claro).

Eu e Pedro entramos na lanchonete de mãos dadas. Éramos acostumados a andar assim sem perceber. Uma ação involuntária nossa. Se eu soubesse que Evelina não gostaria de nossa atitude, teria pedido para Pedro passar por outro lugar.

Assim que passamos pela mesa onde os pais de Pedro e de Cecília estavam, Pedro parou para avisar aos pais que ficaria perto de mim e de Ricardo. E foi nesse momento que os olhos de Evelina pousaram em minha mão junto com a de Pedro. E, pela cara que ela fez, não gostou nada.

— O que vocês dois estavam fazendo lá fora, sozinhos? Estavam de segredinhos? Minha filha não vai gostar nadinha. Cecília não vai ficar feliz em saber que a amiga dele e Pedro estavam de conversinha escondidos dela.

Acho que ela falaria mais alguma coisa. Porém, Lorenzo interrompeu a esposa.

— Os dois também são amigos.

Antes que Evelina pudesse responder, os demais presentes começaram a aplaudir Cecília ao fim de mais uma música. E Pedro aproveitou e me puxou para perto de Ricardo, onde não falamos mais desse assunto. Não até nós quatro nos juntarmos em uma mesa e ficarmos conversando até a madrugada.

Eu não precisava ser uma magne para entender o que ela queria dizer nas entrelinhas. Cecília e Pedro se gostavam. E eu era a amiga traíra que atrapalhava o casalzinho apaixonado. Eu assumia (apenas para mim mesma, é óbvio) que Pedro fazia meu coração bater mais forte. Mas, eu não atrapalharia o que é que acontecesse ente ele e Cecília.

Tinha duas mesas ocupadas. Mas ambas já haviam sido atendidas. E eles tomavam seu café. Eu estava sozinha. Como aos domingos era mais tranquilo, não havia garçons ou outros funcionários. Meus pais ficavam na cozinha. Eu e Ricardo nos revezávamos para atender aos clientes e ficar do outro lado do balcão. Porém, meu irmão não estava presente. Deveria estar dormindo. Tendo sonhos românticos com Cecília.

Depois de limpar as mesas, me sentei em uma das banquetas em frente ao balcão. Observava alguns dos lanches que estavam expostos. Eu não comi nada desde que eu acordei. Só tomei um café para tentar me manter acordada. E não sei se estava funcionando.

— Parece que as coisas estão mais tranquilas hoje. — Pedro falou, sentando ao meu lado.

Não faço ideia de onde ele apareceu. E desisti de entender faz tempo. Pedro não é Pedro se não fizer uma entrada surpresa. Me acostumei com o jeito dele. E nem me assusto mais.

— Pois é. É domingo. — falei sorrindo.

Me estiquei por cima do balcão e consegui pegar dois broweet com recheio de queijo. Ofereci a Pedro, mas ele negou. Me estiquei novamente e peguei mais um e entreguei a ele. Esse com recheio de frango. E ele aceitou.

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