Capítulo 05: Cecília Britto

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CECÍLIA BRITTO

Não fazia muito tempo que cheguei da escola. Mal me despedi dos meus amigos quando corri para minha casa. Isso porque a letra de uma música não saia da minha cabeça. E eu precisava colocá-la no papel. E cantar com a ajuda de um violão para não esquecer.

Assim que abri a porta da minha casa, corri para o meu quarto. Troquei de roupa rapidamente e peguei meu violão. Sentei no tapete no chão da sala, com as costas escoradas no sofá. Um caderno, junto com uma caneta, me esperava em cima da mesinha de centro.

Dedilhei as cordas do violão. E a melodia da minha nova música preencheu toda a minha moradia.

Onde você for, estarei com você.
Onde eu estiver, você estará comigo.
Quero te ver, o ano inteiro.
Penso em você, o ano inteiro.
Quero te ver.
Penso em você.”

E, pronto! O resto da música sumiu da minha cabeça. Mesmo que eu tente muito me lembrar do resto da canção, ela simplesmente não aparece. Ótimo! Mais uma música incompleta para a minha coleção.

Por que sempre acontece comigo? A canção poderia estar pronta na minha cabeça. E, quando eu começava a cantar ou colocar no papel, dava um branco. Eu já tentei gravar com o celular. Escrever em um papel qualquer. Mas, nunca deu certo. É só começar a escrever ou gravar e puf! Ela sumia. E nunca mais aparecia.

Peguei a caneta que estava em minhas mãos e joguei em cima da mesinha de centro. Ela quicou, caiu no chão e rolou para debaixo da estante. Ótimo, duas vezes para mim. Parabéns, Cecília! Mais uma caneta perdida.

A campanhinha tocou, me tirando do meu momento de frustração. Quem seria? Não estava esperando ninguém.

A não ser que minha mãe chamou por Pedro novamente. Mas, ela não estava em casa. Havia saído para atender uma de suas clientes em domicílio. Apesar de que nada impede dela ter ligado para meu amigo, chamando ele com uma desculpa qualquer só para nós dois ficarmos sozinhos. Minha mãe era realmente terrível.

Coloquei meu violão em cima do sofá. Me levantei em seguida para atender a porta. Assim que eu abri, vejo que se trata de Ricardo. Dei um sorriso ao meu amigo.

— Ricardo! É você. Entre. — falei dando espaço para ele entrar. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria lhe recepcionado dessa forma.

— Pensou que era quem? Pedro?

Havia uma pontada de ironia em sua voz. E, mesmo que Pedro fosse a primeira pessoa que veio em minha cabeça, eu não lhe diria. Apenas balancei a cabeça, negando. Não correria o risco de ele ver a mentira em minha voz. Eu não entendia qual era a implicância de Ricardo com Pedro. Bom… deveria ser ciúmes de irmão.

— Estou atrapalhando? — ele me perguntou, entrando.

— Não. A música sumiu.

Não precisei explicar muito. Quando fui embora da escola praticamente correndo, lhe dei uma pequena explicação. E ele conhecia o branco que dava em minha cabeça na maioria das vezes.

Sentei no sofá, colocando meu violão em meu colo. Ele sentou ao meu lado.

— Pensou em algo para ajudar a sua irmã? — perguntei.

Sonhos Possíveis [Concluído]Where stories live. Discover now