Capítulo cinco

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O sétimo mês foi o verdadeiro inferno.

A barriga de Harry estava grande demais, ele não conseguia mais subir as escadas. Sendo assim, ele passava grande parte dos dias com simples caminhadas para a cama, ou para o banheiro – Ohh sim, o banheiro!

Harry nunca fez tanto xixi em toda sua vida. Muito xixi. Ele não conseguia entender como tanta água conseguia surgir em seu corpo – e quando ele achava que estava perto de descobrir, era hora de fazer xixi outra vez.

Louis ria todas as vezes que o assistia se arrastar, murmurando, para o banheiro. Harry o odiava, e sempre dizia que se os papéis fossem o contrário, Louis iria ter um pouco mais de compaixão – e mais uma vez, como sempre, seu marido estúpido gargalhava.

— Não seja tão dramático, Haz – Louis disse em uma noite, quando Harry levantou na madrugada – Apenas faça.

— Dramático? – Harry gritou da porta do banheiro, seus olhos sonolentos quase fechados – Dramático é a sua bunda, Louis William!

E bateu a porta com força. Louis não riu dessa vez.

Na manhã seguinte, Louis o ajudou a descer as escadas até a cozinha. Quando perguntou o que queria para o café da manhã, Harry não respondeu – deixando-o falando sozinho.

— Ahh, vamos lá bebê – disse Louis, suspirando audivelmente – Fui estúpido, sinto muito. Você não estava sendo dramático.

— Não estava! – Harry resmungou.

— Não estava, eu sei – disse Louis, abrindo os braços – Vem aqui.

Harry relutou por um instante, mas eventualmente se aconchegou nos braços de Louis – seu marido era dono do melhor abraço do mundo, isso Harry jamais iria negar.

— Está bem amor, você só precisa aguentar um pouco mais – disse Louis, beijando seus cachos macios – Só um pouco mais.

— Eu sei, só estou— cansado – Harry suspirou, sentindo-se horrível – Não consigo dormir, minhas pernas estão inchadas e meus pés estão doloridos. Coça, e eu sinto tanto calor Lou, eu só estou— cansado.

— Eu sei bebê, sinto muito. Sinto muito – Louis sussurrou, enchendo-o com doces beijos – Você é tão forte, tão bonito. Eu amo você, amo a sua força. Obrigado por estar sendo a melhor casa para o nosso bebê.

— Eu amo estar grávido, e amo o nosso bebê – Harry choramingou – Eu só— não sei, preciso de uma soneca.

— Tudo bem, vem. Vou ajudar você.

Louis o embalou por um hora inteira, esquecendo-se do café da manhã inacabado na cozinha. Ele aninhou Harry em seus braços e o embalou sem nunca o soltar, escutando-o choramingar de exaustão, até enfim dormir – e mesmo depois disso, Louis não o deixou.

Harry odiava o sétimo mês de gestação. Ele adorava a atenção de Louis, às vezes em que o assistia conversando com o bebê deles – mas odiava todo o resto.

Em uma daquelas noites, enquanto Harry não conseguia dormir, Louis murmurou sonolento e ergueu a camiseta que Harry usava – expondo sua barriga grande e inchada, enchendo-a de pequenos beijos doces.

— Vamos lá, sementinha. Você precisa deixar o papai dormir – sussurrou, sua voz rouca e cheia de sono – Por favor, deixe o papai descansar.

Harry choramingou, suas costas estavam doendo e seus pés inchados latejavam. Ele não aguentava mais o sétimo mês, todo o calor e o suor grudado na pele – Louis o ajudou a se livrar da camiseta, tentando deixá-lo mais refrescado.

— Vamos lá, amor. Uma hora – continuou falando, suas mãos na barriga de Harry – Uma horinha só, deixe o papai dormir. Por favor.

Inesperadamente, Harry sentiu um chute em sua barriga. Ele choramingou, às vezes seu bebê chutava de repente e ele se assustava – apesar de amar, Harry não acha que se acostumaria com a sensação algum dia.

— Não é hora de estar todo animado, sementinha. São quatro da manhã – disse Louis, massageando onde seu bebê tinha chutado – É hora de dormir.

— Conte uma canção – disse Harry – Ele se acalma quando você canta.

Louis concordou, encostando a testa no estômago de Harry. Seus lábios secos roçaram carinhosamente a pele quente e suada do seu marido, beijando depois.

Até que enfim meu amor chegou, meus dias solitários acabaram – Louis cantarolou, baixinho baixinho, sussurrando na escuridão do quarto – E a vida é como uma canção.

At Last, Harry pensou. A mesma música que Louis cantou quando o pediu em casamento, anos atrás. A mesma canção que eles dançaram no casamento, a primeira dança como casados.

Harry amava quando Louis cantava At Last – ele amava a canção, amava seu marido e o seu bebê.

Ohh, sim sim, até que enfim o céu está azul – Louis continuou, deixando beijos doces ao redor do umbigo de Harry – Meu coração ficou coberto de tranquilidade na noite em que eu olhei pra você.

Harry fechou os olhos, suspirando agradecido quando o bebê parou de se mexer – enfim, tornando-se mais calmo com a voz de Louis.

Amém, Louis Tomlinson – Harry pensou.

Eu encontrei um sonho, que eu posso dizer, um sonho que posso chamar de meu – Louis sussurrou, seus lábios tocando o umbigo de Harry – Eu achei um prazer apertar minha bochecha, um prazer que eu nunca havia conhecido.

De olhos fechados, Harry sentiu a movimentação de Louis na cama. Ele o sentiu subir, até que estava deitado ao seu lado outra vez – Harry virou, e os braços de Louis o seguraram em um abraço de lado, bem apertado, seguro.

Os lábios dele, secos embora macios, roçaram em sua orelha. Harry suspirou, feliz. Ele respirou bem fundo, sentindo o coração de Louis bater contra suas costas – e se agarrou naquele ritmo, sentindo-se relaxar, até que a sonolência começou a varrer seus sentidos, enquanto Louis amorosamente sussurrava:

Ohh, sim sim, você sorriu, você sorriu e assim o encanto foi lançado.

E continuou, seus lábios tocando a orelha de Harry, sua voz sendo apenas um sussurro morno:

E aqui estamos no céu – disse Louis – Porque você é meu enfim.

Harry se aconchegou mais nele, sentindo vagamente o seu calor acolhedor e familiar, suas mãos grandes e calejadas acariciando a barriga para manter o bebê deles tranquilo.

Obrigado, Harry pensou, sonolento. Eu amo você.

"E aqui estamos no céu, porque você é meu enfim" – Harry tentou sussurrar, mas já estava dormindo.

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