Capítulo 13

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Enquanto me espremia aquela roupa, ainda sentia a sensação horrível que tomou meu corpo ao lembrar daquele pesadelo.

Foi tão forte e tão aterrorizante, que acabei urinando na cama, como se fosse um garotinho de dez anos com medo do escuro. Meus gritos foram tão altos que Derek se assustou, me abraçando para tentar me acalmar. Eu só conseguia abraçá-lo, com medo de que o que tinha acontecido no sonho fosse se tornar realidade. Ainda podia escutar o som do disparo e o sangue se chocando contra meu rosto, tinha sido tudo tão real.

Como minha barriga já estava relativamente grande, eu não tinha como usar um terno, o que pude fazer foi pegar uma das camisas sociais de Derek, e menor, e usá-la sobre uma calça social e sapatênis. Minha barriga ficava sobressalente, não inchada, parecia que eu tinha engordado uns cinco quilos. 

— Amor? - Derek surgiu pela porta. — Já está pronto?

— Já sim, vamos.

Derek estava lindo, usando roupas sociais escuras e um sapato social. O cabelo estava penteado para trás e ele usava seus óculos de grau, o deixando ainda mais charmoso. Ele veio até mim e me deu um rápido beijo, seu cheiro estava maravilhoso.

— Não precisa se preocupar com os lençóis. - Ele me falou. — E muito menos se envergonhar, o que você pesadelo que você teve deve ter sido muita ruim. Tem certeza que não quer conversar sobre isso?

Mordi os lábios com força, olhando para baixo.

— Não precisa. - Dei um sorriso fraco.

Derek me abraçou, cobrindo seu corpo enorme no meu, e depois beijou minha testa. Levou uma de suas mãos até minha barriga, parecendo querer sentir alguma coisa.

— Vamos. - Ele me disse. — Tyler não vai conosco, disse que vai ter que cobrir o horário de um colega.

— Mas hoje é domingo, nós temos folga hoje. Só se ele realmente tiver sido chamado de última hora.

— Deve ter sido isso. - Derek comentou enquanto nos dirigimos para fora da casa. — Ele nem foi vestido com uniforme.

— Você não vai ficar chateado? - Perguntei.

— Tyler foi em todas as outras convenções, então não vou ficar tão chateado. - Derek falou. — Ainda mais agora que ele está trabalhando, deve estar bastante atarefado com o serviço e a namorada.

Tivemos que parar um pouco para levar Napoleão de volta para dentro, já que ele sempre aproveitava uma brecha para correr pela gramado ou fazer xixi nos postes próximos. 

— Ela não nos visita faz tempo. - Comentei, agradecendo meu marido quando ele abriu a porta para mim.

— Pelo que Tyler me contou, ela esta com os nervos a flor da pele por conta de seu TCC.

Ellie tinha nos contado que era universitária, estando no último ano de arquitetura, então eu entendo seu desespero com o trabalho final do curso.

Nós chegamos a conferência quinze minutos depois, e tivemos que dar uma rápida corrida até a entrada da enorme livraria para não nos molhar com o chuvisco que começou a cair. Derek e eu estávamos de mãos dadas, então eu tive que acompanhá-lo, parecendo quando alguém queira conversar com ele sobre o novo livro e a possível adaptação deles pela Netflix.

— Ainda não sei ao certo. - Respondeu a uma colunista. — Eu acredito que só darei uma resposta quando terminar os livros, principal agora que meu esposo precisa de mim. Vamos ter um bebê! - Ele completou sorrindo. Alguns fotógrafos tiraram fotos nossas em seguida.

— Oh, é mesmo? Meus parabéns. - A mulher sorriu.

Derek autografou um livro para ela e nós dois seguimos para sua mesa, passando pela fila gigantesca de pessoas que o esperavam. Assim que elas o viram, saíram da fila e vieram direto nele. Quase morri do coração vendo tanto gente correndo em nossa direção, mas felizmente homens que estavam fazendo a segurança foram rápidos em separá-los.

— Você tá parecendo aqueles cantores de Kpop. - Falei assustado. — Cheio de fãs psicóticos.

— Acredite, eu também estou surpreso. - Derek riu, ele estava radiante. — Fico feliz que tenha tanta gente que goste de meu trabalho, é o que eu amo fazer.

— Você é incrível em qualquer coisa que faça. - Disse ele apertando sua mão. Escutei o som do tiro novamente, e as imagens de Derek morto no chão me atingiram em cheio — Me desculpe.

Derek me encarou confuso.

— Pelo o quê?

Engoli em seco.

— Nada, foi algo que disse sem pensar.

Derek beijou minha cabeça e seguiu para sua mesa, acenando com um sorriso para seus fãs literários. Conversou com um homem negro, elegante, e tirou fotos com ele e depois apontou para mim. Acredito que aquele era o chefe da editora, pois ele tinha um botom fixado no terno com a logo da editora.

Derek sentou a mesa e pacientemente começou a atender as pessoas, cada uma com um exemplar de seu livro nos braços. O homem com quem ele tinha conversado veio em minha direção, sorrindo.

— Senhor Hale-Stilinski. - Ele me Comprimentou. — Sou Larry Mars, editor chefe da Paradise Library.

— Já nos vimos antes. - Falei. — Vim outras vezes nos lançamentos de Derek, porém você sempre saia mais cedo.

— Trabalho. - Ele explicou sorrindo. — Venha, Derek mandou colocar uma segunda poltrona para você a seu lado.

Meu corpo resetou.

— Melhor não. Só vou atrapalhar. - Disse, eu estava morrendo de vergonha na realidade.

— Bobagem! - Ele me guiou até onde Derek estava, que abriu ainda mais seu sorriso. — Ah, e parabéns pela gravidez!

Murmurei um agradecimento e Larry me deixou ao lado do meu marido, que levantou e me beijou profundamente, arrancando gritos e aplausos das pessoas. Derek fez questão de dizer que eu estava grávido, o que fez seus fãs ficarem ainda mais agitados.

Não sei quanto tempo demorou a sessão de autógrafos, quando saia uma pessoa, pareciam chegar ainda mais. A pilha de livros que estava a vida do lado vivia sendo reposta, por conta de esvaziar rapidamente. Eu fiquei do lado de Derek o tempo todo, rindo que o um fã pedia para tirar foto com ele.

Provavelmente aquilo tudo durou duas horas, e quando foi anunciado que a sessão de autógrafos tinha encerrado, a fila ainda se estendia até a saída da livraria. Foi dito que não precisariam se preocupar, pois Derek ainda ia fazer outras conferências.

Meu marido então pegou um dos exemplares e sentou na mesa, pedindo para que seus leitores se acomodassem no chão mesmo para o acompanhar na leitura do prólogo do quarto livro de A Guerra do Amor.

Fiquei em silêncio onde estava, vendo Derek ler perfeitamente cada palavra. Ele tinha o olhar focado, mexendo nos óculos algumas vezes. Sua voz grossa não cometeu um único erro, seu jeito de escrever, porém principalmente o de falar, conseguia prender qualquer um.

—…a verdade é que Ross não imaginava que tudo aquilo iria acontecer. Serviu na linha de frente por seu país, perdeu companheiros. - Derek falou perfeitamente. — Abandonou Logan, alguém que realmente o amava, por acreditar que tudo não passava de uma paixão passageira, mas jamais imaginou a pessoa com quem ele conviveu todos esses anos, que dizia que realmente o amava, poderia ser tão cruel como estava sendo.

Quando terminou, me juntei a todos em palmas estridentes. Derek apenas assentiu envergonhado. Percebi que aquele livro que ele tinha em mãos era diferente, inclusive na ilustração da capa. Derek me chamou com a mão e eu fui até ele, hesitante com tantos olhos em cima de nós.

— Esse livro eu dedico a pessoa que eu mais amo em minha vida. - Ele começou, olhando em meus olhos. Senti meu estômago revirando de todas formas possíveis, mas não de maneira boa. — Somos casados há quase dez anos e eu sinceramente não me vejo com outra pessoa, espero que esse livro mostre a você o quanto meu amor é verdadeiro. E que nosso bebê posso compartilhar de nosso amor.

Comecei a chorar quando Derek me beijou, escutando os aplausos das outras pessoas. No início achei que era de felicidade, do quanto tinha sorte de ter alguém como Derek a meu lado, mas só então percebi que aquele choro era de algo mais profundo, algo que eu constantemente tentava fugir.

Culpa.

Desejo Proibido (Sterek/Mpreg)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora