━━ 11! kiss in the beach

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Aparentemente me matar ainda não estava nos planos de Spooky. Quem iria assassinar uma garota e desovar o corpo dela em um terreno desocupado não ficaria preocupado em oferecer jantar pra ela.

Estava confusa com o convite dele para sair e fiquei louca da vida ao chegar na praia. Era noite, estava frio e nós estávamos na praia. Não sabia como ele havia adivinhado mas acertou em cheio ao nos trazer até ali.

Sentir a brisa beijar meu rosto, afundar os dedos dos pés na areia além da maresia que trazia o salgado do mar ao meu nariz. Aquilo despertou algo em mim e estava saltitante ao caminhar junto à Spooky. A lua estava alta no céu, magnífica.

Nos sentamos no capô do carro - no caso só eu, que pendurei as pernas e sorrria olhando as ondas que brilhavam com a luz da lua. Spooky estava encostado do meu lado, calado. Estava fazendo um pouquinho de frio e fecho minha jaqueta tentando afastar aquela sensação. Não sou uma pessoa chegada à baixas temperaturas.

- Você está com frio? - sua pergunta sai despretensiosa, seu olhar não envolvia malícia. Parecia que ele estava preocupado que eu estivesse com frio mesmo. Suspiro engolindo meu orgulho e assentindo. Ele me puxa para chegar mais perto dele para que pudesse me abraçar de lado.

Ele era tão quentinho e aconchegante - talvez devido ao seu porte grande e másculo - que nem reclamei por estar abraçada ao irmão do meu amigo o qual implicava comigo por tudo.

- Está bom assim? - murmuro em concordância me aconchegando mais em seu abraço, ele ri baixinho. Seu perfume amadeirado característico seu já havia sido levado pela brisa. Restara apenas um fraco odor que por sorte não irritou meu nariz. - Sabe, bebecita, após sair da prisão este foi o primeiro lugar que vim. Precisava ver algo grande.

Lembro vagamente do período que ele havia sido solto. Causou um reboliço na vida dos meus amigos e foi antes de eu ir embora pro Brasil. Antes da festa acontecer.

- Sei como é. - respondo, não por precisar falar algo para não deixar o momento constrangedor. Era como se meu coração implorasse que eu falasse com sinceridade. - O oceano é gigantesco. Em certos lugares do mundo ele tem nomes diferentes, como Atlântico, Pacífico... mas ele é só um. Tem diversas facetas, mas sua composição não muda, exceto por aquelas áreas extremamente poluídas. - damos risada. - Mas o que quero dizer é que o mar está ali pra você, lindo, atraente, alguma coisa nele te chama pra ir lá, afundar o pé sem medo. Você olha na linha do horizonte e não tem nada lá, só resta você imaginar se tem algo escondido por aquelas bandas. Não julgo você ter vindo pra cá. É um lugar de esperança. Isso aqui - faço sinal para a paisagem à frente, sorrio ao barulho das ondas -, é uma coisa que você não pode controlar. É intenso, tem vida própria. Não importa se alguém construiu diversas barreiras ao redor, ele vai lá e destrói. É lindo mas emana perigo. Porém dá uma sensação de paz, de liberdade, de que independente do que aconteça você vai ter algo pra te acolher. As ondas são o abraço que ele quer te dar.

Olho para o homem ao meu lado e percebo que sua atenção estava toda em mim. Seu olhar estava diferente e sorrio fraco.

- Falei igual uma hippster idiota? - brinco querendo fazê-lo sorrir e parar olhar daquela forma pra mim, contudo ele nem pareceu ter notado o que havia dito. - O que houve? Falei algo errado?

Lentamente Spooky balança a cabeça, um sorriso pequeno ameaçando nascer em seus lábios.

- Você pode falar o que for, mas nunca vai parecer idiota. Foi bastante poético, na verdade. - fico sem fala diante da sua resposta. - Sendo sincero, você pareceu uma hippster sim, emanava paixão do seu olhar e na forma como você falava. Foi lindo.

- Digamos que minha avó tinha uma veia hippster. - pigarreio após um momento de abalo com aquele outro lado do Spooky. Ele sorri para mim e mordo o lábio desviando o olhar.

- O mar me lembra muito você. - ele sussurra em meu ouvido espalhando uma onda de arrepios pelo meu corpo. - Sobre não ser controlada, intensa, perigosa... você é uma força da natureza. Tem que ser forte para permanecer do seu lado, lutar com as armas certas.

- Isso me lembra algo que minha avó recitava também uma coisa sobre a água doce esconder seus perigos. - a minha falecida avó também falava que eu era uma força da natureza. Não consigo evitar um sorriso.

- Ouvi falar de alguns. Um deles é impossível de esquecer, e não parece errado. Ela tem um sorriso doce, te encanta desde o primeiro momento, você se apaixona. Ao entregar à ela sua alma como símbolo do seu amor, ela parte.

Abro a boca confusa. Só isso? Levanto o rosto e encaro Spooky que estava atento à minha expressão.

- Então é isso? Ela apenas parte? E o resto?

Ele se abaixa, o rosto na altura do meu. Podia sentir sua respiração na minha pele.

- Ela parte e leva o amor do homem consigo. Pra ela era mais uma noite de amor com um bastardo simplório, mas pra ele aquela mulher era tudo. E ele entregou seu coração nas mãos dela, que foi embora sem nem olhar pra trás. Talvez nem se recorde do rosto daquele homem que caiu em seus encantos.

- Isso é horrível. - gargalho com aquela história fazendo ele rir também. Sua boca estava próximo da minha.

- É a verdade. Uma história de amor não correspondido e criticado. Sei que até hoje que o homem nunca deixou de sentir algo pela tal mulher. - paro de rir sob a intensidade do seu olhar que desviava dos meus olhos para meu rosto. Meu corpo estava entrando em chamas.

- Esse homem não tem medo de se afogar diante da magnitude do poder dessa mulher? - pergunto rouca. - Sentir as mesmas coisas com o passar do tempo é complicado.

- Tanto tempo passou... ele só quer sentir os lábios dela sobre os seus como se fosse a primeira vez. - responde com a voz mais grossa e avanço em seus lábios, surpresa com a maciez.

Suas mãos vão para minha cintura dando um aperto forte lá antes de subirem para meu rosto. Gemo quando a boca habilidosa de Spooky inicia uma trilha de beijos pelo meu pescoço. Estava quase delirando com suas carícias.

Ele era tão bom.

𝗠𝗔𝗟𝗔 𝗦𝗔𝗡𝗧𝗔 ⎰⎰ 𝗼𝘀𝗰𝗮𝗿 𝗱𝗶𝗮𝘇Where stories live. Discover now